Caetité: Governo descobre novos poços d’água contaminada com urânio

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O governo da Bahia encontrou novos poços com alto teor de urânio na região de Caetité, no Sudoeste do Estado, onde está em operação a única mina do material radioativo em toda a América Latina.

Os novos testes de água foram realizados pelo Ceped (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento), a pedido do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema). No fim de dezembro, foram coletadas amostras em 19 poços da região. Os resultados ficaram prontos nesta semana. O jornal “O Estado de S. Paulo” teve acesso aos resultados dos laudos técnicos de cada poço.

Os dados revelam que pelo menos três poços estão com nível de urânio acima do limite determinado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O órgão estabelece uma tolerância de, no máximo, 15 microgramas de urânio por litro de água. Em um dos poços contaminados, localizado no Povoado Imbu, o volume encontrado chegou a 32 microgramas, mais que o dobro da quantidade autorizada pelo organismo internacional.

Além dos três poços que estouraram o limite previsto em lei, outros três chegaram ao índice de 14 microgramas por litro, isto é, estão praticamente em cima da quantidade permitida. Os volumes são preocupantes mesmo se considerado o critério mais brando utilizado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que impõe uma tolerância de até 20 microgramas. Estadão/UOL

Água com radioatividade em Caetité.

O consumo de água em três pontos de Caitité foi suspenso por ter sido detectada a presença de radioatividade alfa e beta acima do permitido pela portaria 518/04 de potabilidade de água, do Ministério da Saúde. Dos três, apenas um ponto é utilizado para abastecimento humano com radioatividade alfa acima do limite permitido.

O Instituto de Gestão das Águas e Clima (INGÁ) e a Secretaria de Saúde do Estado notificaram a prefeitura, por um poço do povoado Barreiro, da zona rural de Caetité, que abastece cerca de 15 famílias desde 2007, com o índice de radioatividade alfa 0,30, quando o padrão é 0,1bg/litro na água.Com informações do portal IBahia.

De acordo com denúncias encaminhadas ao Greenpeace, em novembro do ano passado, 30 mil litros de concentrado de urânio podem ter contaminado solo e água dos arredores da mina. Moradores de Caetité (BA) – onde está situada a mina de urânio das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que abastece as usinas Angra I e II – procuraram o Greenpeace para denunciar o vazamento de 30 mil litros de concentrado de urânio. De acordo com informações levantadas pela própria comunidade, o vazamento teria atingido 200 metros de profundidade e pode ter contaminado rios e lençóis freáticos. A operação da mina, ainda segundo os moradores, está suspensa.

Procurada pelo Greenpeace, a assessoria de comunicação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), órgão governamental responsável pela fiscalização das atividades nucleares no país, disse que o vazamento aconteceu no dia 28 de outubro. A assessoria, no entanto, não informou detalhes sobre os impactos e as medidas que serão tomadas. A INB não quis se pronunciar.

“Como nos vazamentos anteriores, esse acidente expõe a fragilidade da segurança nuclear e a falta de transparência dessa indústria. O acidente aconteceu há 13 dias e até agora ainda não há uma posição oficial da INB e da CNEN”, diz André Amaral, coordenador da campanha de energia nuclear do Greenpeace. “A população ainda não sabe a extensão da contaminação do solo, da água e quais os riscos para os moradores da redondeza.”