Raquel Dodge prevaricou em favor de Bolsonaro e mesmo assim não ficou no cargo.

Dodge ‘engavetou’ duas investigações contra Bolsonaro enquanto seu nome ainda tinha força na disputa. (Foto: Evaristo Sá/AFP/Getty Images)

A Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, segurou por mais de 120 dias investigações sobre supostas funcionárias-fantasma da família de Jair Bolsonaro (PSL), enquanto tentava garantir um segundo mandato como chefe do Ministério Público Federal.

A indicação do titular da PGR é feita pelo próprio presidente. Os papéis só foram desengavetados e enviados de volta à primeira instância na terça-feira passada (6), depois do nome de Dodge ter perdido força na disputa. As informações são do jornal Folha de São Paulo.

Use de sua imaginação, caro leitor, e me responda: o novo Procurador, indicado fora da lista tríplice da PGR e escolhido a dedo pelo Presidente, depois de uma entrevista prévia, vai se tornar o novo Engavetador Geral da República?

Há algo de podre no reino da Dinamarca: explodem conflitos na Justiça e na Polícia Federal

O ocaso de Dodge e a implosão da Lava Jato

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, sofreu ontem a maior baixa na sua gestão na Procuradoria-Geral da República (PGR) com a entrega coletiva de cargos entre os procuradores que investigam os casos da Operação Lava Jato.

Até o braço-direito de Dodge na área criminal, Raquel Branquinho, deixou o posto. A equipe da PGR responsável por cuidar dos casos da Operação Lava Jato decidiu hoje pedir o desligamento do cargo, sob a alegação de “incompatibilidade” com entendimento de Raquel Dodge. O mandato de Dodge, alvo de crescente insatisfação interna dentro do Ministério Público Federal, se encerra no dia 17 deste mês.

Posição dura de Gilmar Mendes

O Supremo Tribunal Federal possui precedentes em que se afirma que a competência da 13ª Vara Federal de Curitiba limita-se a fraudes e desvios de recursos no âmbito da Petrobras. Com esse entendimento, o ministro Gilmar Mendes, do STF, declarou a incompetência da Vara Federal de Curitiba para julgar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega. A decisão é da terça-feira (3/9).

Protegendo a tigrada do Senador

O objetivo do Presidente da República ao demitir para cima o Superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, mandando para um posto na Holanda, ficou claro: proteger a tigrada de Flávio Bolsonaro e passar uma borracha na longa “capivara” de mal feitos dos familiares. Moro quis resistir e teve uma discussão forte com o Presidente antes de uma coletiva da imprensa. Neste quarta-feira se contava como certo a troca de comando na PF e mais uma humilhação pública de Sérgio Moro. 

Segurando-se no pincel

Na lista com os nomes dos procuradores que pediram desligamento da Operação Lava Jato há a ausência de um: Deltan Dallagnol. O chefe da força-tarefa se apegou ao cargo para não cair “mais” ao fundo do poço.

Segundo o blog do Esmael, a crise na Lava Jato é reflexo da #VazaJato, as denúncias de conluio entre procuradores e o ex-juiz Sérgio Moro, embora para o consumo público os demissionários utilizem Raquel Dodge como cortina de fumaça.

Risco de Morte para jornalistas do The Intercept

A ONU está preocupada com os ataques que o Intercept Brasil vem sofrendo e escreveu ao governo brasileiro sobre a urgência de garantir nossa proteção, punir os responsáveis pelas ameaças e prevenir uma possível tragédia. A informação é de Leandro Demori e Glenn Greenwald em editorial no site do The Intercept.

Na tarde de ontem o jornalista Jamil Chade, correspondente na Europa, divulgou uma carta enviada ao Itamaraty pelo relator das Nações Unidas para a proteção do direito à liberdade de opinião, David Kaye. O governo Bolsonaro não deu a menor bola.

“Recebemos essa notícia na redação com muita preocupação, dizem os jornalistas, mas ao mesmo tempo agradecidos por saber que as autoridades internacionais estão de olho no que acontece por aqui.”

 

Gente bem mandada, obediente e silente, é uma beleza!

Gosto de gente assim, cumpridora de suas tarefas, rápida, discreta, que justifica o salário que recebe. Nem bem o registro da candidatura de Lula da Silva esquentava no Tribunal Superior Eleitoral, a senhora que tem nome de carro velho chegou junto, como um zagueirão líbero chega na canela do atacante.

Talvez a pressa em impugnar a candidatura do ex-presidente seja contraproducente. Talvez assim, mais cedo, Haddad e Manuela ponham de fato seu bloco na rua.

Só não entendi se a sra. Dodge é Procuradora Geral da República ou advogada da coligação Temer-Alckmin-Serra-FHC-Aécio pela tomada do poder, que não foi possível nas urnas em 2014, mas se viabilizou pelo golpe jurídico-parlamentar.

Pior é saber que ainda tem gente inocente, eleitor de Bolsonaro, que acredita que essa patota tucana vai deixar o cara subir ao poder. Pelo visto, Bolsonaro vai para Angra, cuidar dos cachorros e se revezar na venda de açaí na lojinha da Wal.

Que não se iluda, Raquelzinha. Como diz um nordestino anônimo, o voto de Lula está guardado. E eles chegam a mais de 50 milhões, conforme as últimas pesquisas:

“Eu juro aqui de pé junto

Que voto num caçuá

Num balaio, num landuá

Votaria num defunto

Pra não sair do assunto,

Votaria num gambá Tubarão, tamanduá

Num hiato ou num ditongo

Eu voto num pernilongo

Se Luiz Inácio mandar”

Presidente do STF acolhe restrições da PGR ao decreto de indulto de Temer

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, suspendeu nesta quinta-feira (28) os trechos do decreto editado na semana passada pelo presidente Michel Temer que abrandavam as regras para concessão do indulto de Natal.

A magistrada concedeu liminar (decisão provisória) acolhendo os questionamentos da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que, nesta quarta (27), protocolou uma ação na Suprema Corte para suspender os efeitos do decreto natalino que reduziu o tempo de cumprimento das penas a condenados por crimes cometidos sem violência ou grave ameaça.

O jogo começa e já termina?

Foto de Kleyton Amorim

Josias de Souza, na Folha de São Paulo:

Finalmente, o jogo começou para Raquel Dodge. Existe uma grande curiosidade nas arquibancadas para saber como ela se comportará em campo. A conjuntura provoca apreensão: corrupção endêmica, Legislativo apodrecido, Executivo carcomido, Legislativo apodrecido e Judiciário politizado. Com a Lava Jato sob ataque, a nova procuradora-geral da República precisa adotar nos primeiros minutos de sua gestão um estilo que destoa de sua aparência de frágil senhora.

Pelas últimas declarações do general Mourão, penso que Raquel, antes de ser a engavetadora-geral da República, vai levar ao STF apenas a  ordem do dia. E ces’t fini. Como diz Francisco Buarque de Holanda, em sua música “Mulheres de Atenas”:

Elas não têm gosto ou vontade. Nem defeito, nem qualidade. Têm medo apenas. Não têm sonhos, só têm presságios.

Uma procuradora-geral da República bem pouco republicana

Ciro Gomes, virtual candidato à Presidência da República em 2018, falando sobre o encontro de Temer com Raquel Dodge, futura procuradora-geral da República, no Palácio do Jaburu, fora da agenda oficial do presidente:

“Perderam a noção, perderam a compostura. Essas coisas deslustram a confiança da sociedade nas instituições. A Procuradora não agiu com ingenuidade, mas com despudor e com falta de acatamento do cargo.”

O que Ciro não lembrou é que Raquel Dodge é casada com um primo do Aécio Neves. E todos nós soubemos como Aécio trata os primos, inclusive aquela da mala, o Fred.

Reina absoluta respeitabilidade no cabaré da República

Você, meu caro e douto leitor, seria capaz de ligar esses três fatos? Vamos lá.

Primeiro fato: na calada da noite, fora da agenda, Temer recebe a próxima procuradora-geral da República, Raquel Dodge, no Palácio Jaburu, lá mesmo onde recebeu o bandidão Joesley Batista. Isso depois de entrar com pedido de suspeição sobre a atuação do atual procurador, Rodrigo Janot.

Segundo fato: o  ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Sergio Etchegoyen, voltou a negar hoje (10) que tenha promovido “ação de qualquer natureza contra o ministro [do Supremo Tribunal Federal] Edson Fachin”.

Terceiro fato: o ministro Edson Fachin separa os inquéritos de Temer e Rodrigo Rocha Loures, o homem da corridinha com a mala, manda o estafeta para a Justiça Federal do DF e declara que suspende a tramitação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer.

Se você concluir que afinal a sangria foi estancada, estará entendendo quase tudo. Então, reveja o diálogo entre o senador Romero Jucá, o tricoteiro de quatro agulhas, e o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, nos dias que antecederam o impeachment de Dilma e previa essa desejada tranquilidade no respeitável cabaré da República.