
Parece muito difícil entender, mas até Madame Almerinda sabe que o crescimento do PIB, com incremento do comércio e serviços, da indústria e até da agricultura, passa pelo emprego formal.
Quem criava muito emprego antes de 2016: a indústria naval pesada, fornecendo navios e plataformas para a indústria do Petróleo; a construção civil, construindo as casas do “Minha Casa, Minha Vida”, em seus diversos patamares; a indústria de proteína animal, que passa por um momento ótimo nas exportações para a China e resto do mundo.
Não era uma maravilha.
No primeiro mandato do governo Dilma, o PIB cresceu em média 2,1% ao ano, metade da taxa de expansão verificada no governo Lula. Crescimento inferior ao da economia mundial e da América Latina, que cresceram respectivamente 3,4% e 2,9% ao ano no mesmo período.
O crescimento foi puxado, sobretudo, pelo aumento do consumo das famílias, que cresceu 3,1% ao ano, o que se deveu a uma série de fatores, quais sejam: aumento do emprego e da renda, ampliação do crédito e a manutenção de programas sociais, como o bolsa família.
A partir do início do segundo mandato de Dilma a economia brasileira rapidamente deteriorou-se, embora sua situação não fosse tão ruim no período anterior.
O Brasil vivia um baixo crescimento e a inflação não estava fora do controle, mantinha-se dentro das metas de inflação para o período. O nível de emprego era elevado e a renda crescia, apesar de crescer a taxas cada vez mais decrescentes.
Nunca esquecendo que sob Lula o Brasil cresceu, até 7,5% ao ano. A política de Lula ao incrementar o emprego, majorar os salários, implementar vários programas sociais focalizados, estimular a acumulação, diminuir a relação dívida/PIB e manter o câmbio valorizado e as taxas elevadas de juros buscava contemplar, ao mesmo tempo, múltiplos interesses, que iam da classe trabalhadora a setores da burguesia financeira, passando por setores da burguesia vinculados ao mercado interno e pelo agronegócio.
Lula não fez reforma agrária e adotou uma tímida política ambiental. Lula tentou articular amplo arco de alianças para dar sustentação política a seu governo. A manutenção do crescimento econômico era importante para acomodar os dispares interesses dessa aliança tácita e intrinsecamente instável.
Como nos tempos de Lula e Dilma, a melhor política econômica tem sido a mesma receita do feijão com arroz.
No entanto, o economista do atual Governo, Paulo Guedes, parece não conhecer as receitas mais simples. Só pensa em diminuir o tamanho do Estado, cortar despesas, melhorar a velocidade da arrecadação (IVA e CPMF), mas não está preocupado com investimentos.
Com os investidores fugindo do País e se escudando no dólar e no ouro, depois da crise mundial focada na China, essa é uma história que não vai acabar bem.
Guedes está pensando em Confit de canard, com entrada de Foie Gras. E nunca praticou o tradicional baião-de-dois ou o torresminho à pururuca com tutu de feijão.
Com informações de um artigo escrito pelo economista Francisco Luiz Corsi, editados por O Expresso.
