Relatório da CGU sobre Gestão Jusmari descreve circo dos horrores

Estarrecedor! Assim classificou um técnico esclarecido, que leu, com atenção, todas as 87 páginas do Relatório da Controladoria Geral da União durante o programa de fiscalização realizado na Prefeitura de Barreiras, no período de 17 a 21 de outubro de 2011.

Os recursos federais auditados correspondiam a R$ 31.525.031,81. Mesmo sem um estudo mais acurado do relatório da CGU, é fácil encontrar referências a licitações fraudulentas, a maioria dirigida e com cláusulas restritivas de competitividade entre os licitantes, além de declarações, por parte dos gestores, de inexigibilidade de concurso público, como é o caso de gastos mensais de R$34 mil em locação de veículos.

No capítulo das obras, uma só empresa ganha todas as concorrências, com preços bem acima daquele indicado pelo Governo Federal e até mesmo do orçamento da Prefeitura, sem a presença de outros concorrentes.

De uma só vez a prefeita Jusmari Oliveira mandou abrir licitação para a compra de R$6 milhões de combustíveis, sem a designação do período em que deveria ser utilizado, nem de trajetos e objetivos dos veículos.

Jusmari: impropriedades na gestão pública até o afastamento.
Jusmari: impropriedades na gestão pública até o afastamento.

Numa licitação de materiais hospitalares, com valor acima de R$7 milhões, a Prefeita legisla, exigindo do fornecedor que tenha vendido a órgãos públicos a mesma quantidade dos materiais. Diz a CGU:

Há uma cláusula restritiva no edital (Habilitação técnica), fazendo menção a apresentação de certidão comprovando entrega de material na mesma quantidade, o que inexiste na lei 8666/93, só sendo válida tal exigência para obras e serviços, o que não é o caso.

Mais adiante a CGU constata:

“13 dos 14 lotes foram adjudicados às empresas Comercial Útil-CNPJ 11433585/0001-50 e Formed-CNPJ 03434444/0001-23.A sócia majoritária da empresa Comercial Útil é irmã do sócio majoritário da Formed. A sócia minoritária da Comercial Útil é filha da sócia minoritária da Formed. Em nenhum dos lotes houve apresentação simultânea de propostas dessas empresas.”

E por aí desfilam as impropriedades do Governo Jusmari. Não é necessária uma boa dose de imaginação para entender o que aconteceu do final de 2011 ao final do mandato, com as exigências financeiras da campanha e deterioração na gestão da ex-Prefeita, que acabou culminando com o seu afastamento da Prefeitura.

Aqueles leitores que quiserem tomar conhecimento do relatório na sua íntegra, poderão solicitar o envio através do email carlosalberto.sampaio@gmail.com. E boa leitura!

Relatório da CGU sobre auditoria em Barreiras é contundente.

O relatório da Controladoria Geral da União, depois de auditoria realizada a partir de 3 de outubro de 2011, no Município de Barreiras, pode ser classificado, no mínimo, como um rosário de impropriedades e desmandos de toda ordem. O documento contém 87 páginas (veja no site da CGU), em que se analisa a aplicação de  R$ 31.525.031,81 de recursos federais repassados para a Municipalidade. Fatos constatados, como a aquisição de material para a realização de cursos de biscuit (bibelôs e objetos de decoração) sem nunca ter sido efetivada a realização dos tais cursos, é apenas um exemplo corriqueiro. Veja os principais pontos analisados pela CGU:

Medicamentos

Os auditores da CGU firmam suas dúvidas na administração e distribuição dos medicamentos recebidos do Estado e da União:

“Em suas alegações o gestor confirma o não recebimento do Estado, dos medicamentos que lhes são solicitados. Desta forma, em contradição ao que foi declarado, tem-se em- evidência as razões que justificam a existência do saldo financeiro apontado, restando somente os prejuízos causados ao processo de programação da assistência farmacêutica municipal, assim como o de seus dependentes/usuários. Sem que nenhum documento ou declaração a mais tenham sido apresentados, mantém-se o ponto do presente Relatório.”

Reforma de unidades de saúde

Contratação e pagamento de obra por preço superior à mediana do SINAPI (Superfaturamento por sobrepreço).

Funcionários da Saúde

Ausência de controle da carga horária dos profissionais das UBS.

Aquisição de materiais

Licitações realizadas sem restrição de competitividade às empresas interessadas; materiais e serviços adquiridos a preços de mercado; recursos utilizados exclusivamente na atenção básica em saúde.

Impropriedades e irregularidades em processos licitatórios, com aquisição acima do valor estimado, restrição à competitividade e direcionamento nas licitações

Comissão de licitação (pregoeira e equipe de apoio) constituída por apenas um servidor do quadro permanente, que não era a pregoeira.

Aluguel de veículos para a Saúde

Foram contratados sem a devida licitação pública, considerada inexigível pela Prefeitura e ainda com aditivo contratual de 25%, sem justificativa, nem roteiros de atendimento.

Aquisição de combustíveis

Favorecido: ML Combustíveis-CNPJ: 08945509/0001-19

Valor estimado: R$ 6.000.000,00 (não informado para que período)

Não é possível entender, pela solicitação feita, a que período, veículos especificamente, trajetos e valores por contas é destinado o gasto.

Aquisição de materiais para o Social

Foi adquirido pela Secretaria do Trabalho e Promoção Social do Município de Barreiras/BA uma quantidade de materiais a serem utilizados em oficina de confecção de biscuit, no valor total de R$5.258,80 ( cinco mil duzentos e cinquenta e oito reais e oitenta centavos) fracionado nas notas nº . 000221, 000222, 000223 e 000224/2010, emitidas em 23/12/2010, pela empresa RENAN Armarinho e Papelaria Ltda. Entretanto, nenhum curso de biscuit foi ministrado ou informado a previsão de efetiva realização até o momento da fiscalização.Também não encontramos em nenhuma das unidades dos CRAS visitados os referidos materiais.

Parcelamento de despesa

Fuga de processso licitatório adequado. Variação injustificada de preços de até 160,94 % praticados em licitações e processos de pagamentos e outras impropriedades.

Bolsa Família

A CGU constatou a  existência de 90 servidores recebendo indevidamente os benefícios do Programa Bolsa Família, tendo em vista que os referidos servidores logram renda per capita superior à estabelecida pela legislação do Programa Bolsa Família.

Do cruzamento da folha de pessoal da Câmara Municipal de Barreiras com a folha de pagamento do Programa Bolsa Famíla referente ao mês de setembro de 2011, constatou-se o pagamento indevido a 11 servidores em razão de não se enquadrarem nos critérios do programa tendo em vista possuírem renda per capita superior à estipulada pelo Programa Bolsa Família.

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