O portal IG publicou hoje à tarde extensa reportagem em que o governador Jaques Wagner explica porque não quer a divisão da Bahia. Os argumentos são débeis, sem nenhuma comprovação contábil. Wagner diz que o novo estado só geraria custos, que seria concentrador de riquezas, que custaria muito para o Governo Federal. O que está deixando as autoridades do leste baiano inquietas é a definição da data do plebiscito para a separação do Estado do Carajás do Pará.
“Separada pelo rio de mesmo nome, a nova unidade da Federação teria 35 municípios e 173 mil km2 de área, quase o equivalente aos territórios de Portugal e Áustria juntos. A população seria de 908,6 mil habitantes, cerca de 6,5% do total da Bahia.”, diz a reportagem do IG.
Também sem citar números exatos, o diretor da SEI – Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia, Geraldo Reis afirma que “os resultados do estudo apontam claramente para a inviabilidade da sustentação econômico-financeira desse hipotético Estado”.
Diz ainda a reportagem que com a divisão, a Bahia perderia 6,4% do seu PIB, estimado em R$ 121,5 bilhões, indica a avaliação do governo. O novo Estado nasceria com um PIB de R$ 7,7 bilhões. A pesquisa também aponta que a riqueza da nova unidade ficaria concentrada em apenas quatro municípios: Barreiras, Correntina, Luís Eduardo Magalhães e São Desidério, que somariam 83,6% da arrecadação, 60,84% do PIB e 54% dos empregos formais.
Tanto foram superficiais as afirmações do Governador e do diretor da SEI, Geraldo Reis, que esqueceram o grande município de Formosa do Rio Preto, o maior do Nordeste em extensão, e grande produtor agrícola, com tecnologia avançada de produção. Também esquecem o potencial produtivo de grandes municípios dos vales do Rio Grande e Corrente e a crescente instalação de indústrias que vem ao Oeste baiano em busca de matéria prima barata na área do agronegócio.
Se só a produção do agronegócio no Oeste,de 6,7 milhões de toneladas de grãos e fibras, gera um PIB de 6,2 bilhões de reais, com um crescimento de 55% do Valor Bruto da Produção só no último ano, fica difícil argumentar que a soma de serviços e comércio proporcionem apenas mais 1,5 bilhões de reais.
As demandas do próprio agronegócio no setor terciário mostram que esses valores são bem maiores, principalmente por estar no centro geo-político do chamado Matopiba, uma nova fronteira agrícola que produz quase 12 milhões de toneladas de grãos e fibras e deve ultrapassar, no espaço de uma década, estados como o Rio Grande do Sul e o Paraná.
O desenvolvimento da construção civil nos cinco municípios citados é notável, secundado pelo investimento imobiliário e ocasionado pela forte migração de todas as unidades federativas. Se assim não fosse, Luís Eduardo Magalhães, bem como os outros municípios do cinturão do agronegócio, não estariam crescendo em população e orçamento, respectivamente a 14% e 40% ao ano. Há cinco anos, Luís Eduardo tinha 25 mil habitantes, hoje tem mais de 75 mil e continua crescendo em todos os parâmetros, a ponto de projetar-se como a maior cidade do Oeste até 2020.
Efetivamente o Estado do São Francisco é “hipotético” como diz o diretor da SEI. Mas a resistência ao movimento separatista não deixa de ser patética, com eslogans do tipo “A Bahia não se divide”. Como não se divide se sempre esteve dividida em “Além São Francisco” e “Aquém São Francisco”? A Bahia é divisível. Isto se cogita há 161 anos e quem espera, bovinamente por mais de um século e meio, prova paciência e maturidade.
