
Tudo começa numa campanha eleitoral à Presidência da República, há exatos quatro anos.
O Governo de Dilma Rousseff não repetia os mesmos êxitos do ex-presidente Lula e ela segurava a carruagem da economia com renúncia fiscal, incentivo à construção civil – principalmente no programa Minha Casa, Minha Vida – e fazia o dinheiro circular com a abertura do crédito fácil e com programas sociais do tipo Bolsa Família.
A sensação do sr. Mercado de que havia nuvens negras no horizonte da economia transmitiu à Oposição a sensação de que poderia interromper os 12 anos de poder do Partido dos Trabalhadores. Se Dilma ganhasse as eleições, Lula voltaria e aí poderiam ser mais oito anos de poder.
Dilma, que durante o Governo Lula tinha ocupado o Conselho de Administração da Petrobras, sabia, durante o seu Governo, que teria dificuldades para interromper o grande processo de corrupção que minava as estatais, os fundos de pensão, o setor financeiro e outros.
A Presidenta criava inimigos em todos os setores, principalmente no Legislativo, onde não aceitava a liderança de alguns ícones da corrupção, como o “capo de tutti il capi”, Eduardo Cunha, o homem do Centrão que comandava cerca de 300 deputados sustentados às burras cheias no Congresso.
As eleições foram aquilo que se viu. O representante da jeunesse dorée, o príncipe do Baixo Leblon, Aécio Neves, perdeu depois de se considerar eleito. Magoado, jurou que Dilma não terminaria seu mandato.
Em junho de 2015, aconteceu a gota d’água. Depois de aprovado no Congresso, um aumento aos servidores do Judiciário de 78,6% foi vetado por Dilma.
Pronto: Dilma tinha todos contra si.
O Sr. Mercado, desconfiado do aprofundamento da crise; o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, chargeado pelo PT na sua eleição à Presidência da Câmara; os vencidos em 2014 e, agora, o Judiciário, magoado pelo veto ao seu aumento, tão desejado; além de um vice-presidente, líder da camarilha emedebista, que agora via a perspectiva de assunção ao poder.
O resto da história todos sabem.
Acontece que, hoje, quando o dólar atinge R$4,00, a gasolina ronda os R$5,00, 13,4 milhões estão desempregados e outros 30 milhões de brasileiros estão desocupados ou sub-ocupados, o que significa que quase metade da força de trabalho do País não sabe o que fazer; 63 milhões não podem nem comprar um fogão novo, pois estão inscritos nos index dos spc e serasa da vida; a indústria, o comércio e os serviços desabaram para 20% de sua capacidade instalada, está completo o ciclo de 4 anos da campanha pela reeleição de Dilma.
Só o agronegócio está com a cabeça de fora, mesmo assim sobressaltado com a valorização do dólar, com a greve dos caminhoneiros e com a malfadada tabela de fretes, uma das trapalhadas mais icônicas do sr. Michel.
Se estava ruim com Dilma, piorou muito mais sob o comando do sinistro do Jaburu.
A corrupção recrudesceu, o País perdeu o rumo e isso parece ter se tornado o terreno fértil para o aparecimento de aventureiros, desses que sobem os montes, negam a ONU ou acumulam dinheiro nas contas suíças e nos paraísos fiscais.
Como dizia o vate Manuel Bandeira, agora só nos resta tocar – e dançar – um tango argentino.
