Gastos com publicidade superam investimentos no semiárido, afirma Deputado.

Esta matéria foi distribuída pela assessoria de imprensa do deputado Bruno Reis, com forte tom oposicionista. No entanto, vale a leitura dos números nela expressos, que mostram os baixos níveis de investimento, por parte do Estado, nas obras contra a seca, confrontados com o expressivo gasto em propaganda:

Vice-líder da Oposição na Assembleia Legislativa, Bruno Reis, criticou a postura do governo estadual diante da seca prolongada, considerada a pior dos últimos 50 anos no semiárido baiano. Segundo Bruno Reis, o governo do Estado pouco investiu em intervenções para amenizar os efeitos da estiagem. “Em 2012, o governo da Bahia aplicou apenas R$ 96,7 milhões, em recursos originários da arrecadação do estado, em obras de implantação e ampliação de sistemas de abastecimento de água, construção de cisternas, aguadas e perfuração de poços. Em 2011, o quadro foi ainda pior: foram investidos apenas R$ 37,5 milhões.”

Em propaganda, no entanto, os gastos foram mais generosos. “Em 2012, o Executivo gastou R$ 144 milhões em publicidade. Os gastos com propaganda subiram 162,5% entre os anos de 2007 e 2011, exercícios que compreendem as duas gestões de Jaques Wagner. E mais: os números revelam que o governo investiu menos em ações de prevenção e convivência com a seca do que a gestão do ex-governador Paulo Souto. Entre 2003 e 2006, o governo aplicou mais de R$ 92 milhões na construção, recuperação ou ampliação de barragens. Entre 2007 e 2010, foram aplicados apenas R$ 3,5 milhões com os mesmos fins. E todo mundo sabe que investir na construção de barragens é uma ação fundamental para enfrentar e prevenir as consequências da seca”, observou.

Ainda de acordo com Bruno Reis, enquanto o ex-governador Paulo Souto construiu, recuperou e ampliou 284 barragens, beneficiando 431 mil pessoas, foram somente 39 na administração Jaques Wagner, contemplando 15 mil cidadãos. Além disso, entre 2003 a 2006, o governo do estado aplicou R$ 491 milhões na construção, recuperação e ampliação de sistemas de abastecimento, contra R$ 351 milhões investidos entre 2007 e 2010, já no governo Wagner. “São números que revelam como a questão da seca só é tratada como prioridade pelo atual governo na propaganda oficial e nos discursos de Wagner, que simplesmente entregou os destinos do semiárido e dos sertanejos aos efeitos climáticos”, afirmou.

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Governo vai resolver problema da seca com informações à imprensa?

ABRE_CisternaO Exército, que controla a distribuição de água em oito dos nove estados nordestinos – além do norte de Minas Gerais –, socorre cerca de 2,84 milhões de pessoas nesta seca. Só o Maranhão não consta da lista dos militares.

No entanto, semanalmente recebemos informações da Codevasf, DNOCS e Ministério da Integração, que estão sendo instaladas novas cisternas, com capacidade para 16 mil litros. Essa quantidade de água deve ser suficiente, segundo os órgãos governamentais, para prover os oito ou nove meses em que as chuvas estarão ausentes do semi-árido.

A verdade é que se não chover para abastecer as cisternas, os pobres habitantes do semi-árido vão continuar dependendo da logística do Exército ou da vontade política dos prefeitos.

A Codesvasf diz que até superou as metas de instalação em estados como Bahia, Pernambuco e Alagoas, instalando mais de 34,5 mil cisternas.

E o fabricante das cisternas plásticas, afirma, também em informação à imprensa, que até maio entrega 60 mil cisternas ao DNOCS.

Ações para seca no Nordeste contam com recursos de R$ 2,7 bilhões

O governo federal anunciou uma série de medidas para auxiliar os cerca de 4 milhões de nordestinos afetados pela estiagem na Região Nordeste e no norte de Minas Gerais. No total, serão investidos R$ 2,7 bilhões para ações de combate à seca. Veja aqui as medidas adotadas pelo governo federal para minimizar os efeitos da seca no semi-árido brasileiro.    Acima, o número de municípios, por estado, com portaria de reconhecimento por situação de emergência na Região Nordeste (números atualizados nesta segunda-feira, 04 de junho). Em Minas Gerais, estado que também sofre com a seca, são 101 cidades em situação de emergência.

Seca causa situação de emergência em 75 municípios baianos.

Nas zonas rurais de Andaraí, Juazeiro e  Castro Alves, a população passa sede, o gado morre pelos pastos e a agricultura familiar amarga perda de até 100%. A seca que castigou a Bahia ano passado, sobretudo na região do semiárido, entrou em 2012 assolando comunidades das regiões norte, nordeste, centro-oeste e sudeste.

Até a última sexta-feira, 75 municípios tiveram a situação de emergência reconhecida e decretada pela Defesa Civil estadual (Cordec). No final de 2011, esse número chegou a 123, o que não significa uma melhora do quadro, pois muitas destas cidades tiveram apenas expirado o prazo médio de 90 dias do decreto, e aguardam avaliação para a prorrogação.

Na região do semiárido, a mais atingida, o período seco tende a se estender até maio. “É esperada para os próximos meses uma expressiva redução nos volumes das chuvas na região. Ainda assim, não se descarta a possibilidade de ocorrer eventos isolados de chuvas mais intensas, nos meses de março e abril, o que não será suficiente para suprir o déficit registrado nos últimos anos”, avalia o coordenador de monitoramento do Instituto do  Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Eduardo Topázio.

Evidência preocupante é a barragem de Mirorós, que atende a quatro cidades da microrregião de Irecê (mais de 200 mil habitantes). Segundo informações da Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa), o volume de água está abaixo de 10% da capacidade desde outubro passado, chegando a um nível de alerta. Do jornal A Tarde, que tem a lista completa dos municípios em estado emergencial.