Um pouco de seriedade é necessário

Agora que a Daniela Mercury saiu do armário, o tomate tem preço de carne e o Marco Feliciano confessou que tira a sobrancelha e faz chapinha, quem sabe vamos tratar de assuntos sérios: quem sabe debater  ações públicas que resolvam, sem firulas e atos eleitoreiros, o problema da seca na Bahia e no resto do Nordeste.

Ou protestar pela paralisação das obras da ferrovia, de vital importância para a economia baiana. Ou ainda, a escola de segundo grau, abandonada pelo Estado. Ou, por último, os graves problemas na segurança e saúde pública.

O carnaval não é coisa de país sério.

Fora de um dinheirinho mal havido por comerciantes exploradores, o que sobra deste tal de carnaval? Mortos, feridos, intoxicados, contaminados por doenças venéreas e AIDS, além das manchetes do tipo “a alegria aqui não tem hora para acabar”, chavões de quinta categoria que depõem contra a imprensa.

Nada justifica o carnaval. Nem o descanso daqueles que beiram a racionalidade e não entram nessas loucuras. Com o prejuízo adicional de se perder uma semana de trabalho, de educação nas escolas, de saúde nos hospitais e de segurança nas ruas da cidade.

O carnaval não é apenas o sepulcro dos bons costumes e da urbanidade. É a última morada da falta de objetividade dos brasileiros, que vivem de uma alegria fantasiosa, fútil, sem reconhecer sua condição de indigência social e moral. Vejam as estatísticas da quarta-feira: mortes, acidentes, gente com todo tipo de fratura, inclusive aquelas morais. Como dizia o presidente francês Charles de Gaulle, o Brasil não é um país sério.