Cresce a produção de soja responsável no mundo

São 4,5 milhões de toneladas certificadas no último ano – os números foram apresentados durante última conferência anual da RTRS
 

A Associação Internacional de Soja Responsável (RTRS) é uma organização comprometida em promover a produção, o beneficiamento e a comercialização responsáveis da soja no mundo inteiro.

Dados de 2018* foram consolidados e divulgados durante a última conferência anual, a RT 14, em Utrecht, nos Países Baixos. Com a participação de mais de 250 pessoas – recorde em todas as edições – de todas as partes da cadeia de suprimentos da soja, o evento teve como tema central o aumento da demanda por soja responsável e o papel das instituições financeiras, do governo e das cadeias de suprimento.

Os números mostram que 4,5 milhões de toneladas foram certificadas e disponibilizadas ao mercado no último ano, em mais de 1,2 milhão de hectares. Comparada a 2017, houve um aumento de 500 mil toneladas.

O aumento da demanda por soja responsável é um dos principais incentivos para os produtores ampliarem ainda mais a certificação de suas propriedades. Embora ainda exista soja certificada pela RTRS à espera de compra – tanto na forma de créditos quanto nas cadeias de suprimento de balanço de massa – a RTRS está empenhada no fomento contínuo à demanda crescente.

O Brasil é o maior produtor de soja RTRS no mundo, sendo responsável por mais de 85% do volume total. Atualmente, são 226 produtores certificados em mais de um milhão de hectares de área produzida. Isto equivale a 3,3% da produção total no país já são certificadas pela RTRS, totalizando 3,9 milhões de toneladas.

Em relação à produção por estado, o estudo apontou que o Maranhão e o Piauí são os que possuem a maior porcentagem de produção certificada em relação à produção total destes estados, com 30% e 16%, respectivamente, e Mato Grosso tem a maior produção total (1,7 milhão de toneladas), e maior área brasileira.

A produtividade em fazendas RTRS também se destaca em relação à nacional. Segundo o CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), a produção média é de 56 sacas/hectare; nas fazendas certificadas, esse número chega a 63 sacas/hectare, o que representa um aumento de 11,5%. Isto significa que, pelo menos 120 mil hectares de área, não precisaram ser convertidas para a produção agrícola.

A RTRS também possui o compromisso de apoiar a preservação ambiental. Para cada 1 hectare de área produtiva, 0,59 hectares são de áreas nativas preservadas. São mais de 600 milhões de árvores preservadas nestas áreas e 64 milhões de toneladas de carbono estocado. Portanto, quando uma empresa compra uma tonelada de soja RTRS isso inclui 157 árvores preservadas ou 16 toneladas de carbono armazenadas.

Além dos benefícios em produção e preservação do meio ambiente, a certificação também fomenta resultados positivos no âmbito social. No último ano, foram mais de 10 mil empregos diretos e mais de 25 mil indiretos oferecidos nas fazendas certificadas pela RTRS.

O padrão de certificação RTRS está ativo na Amazônia e no Cerrado

Segundo os dados da RTRS, em 2018 em todo o Brasil foram certificadas 3,9 milhões de toneladas de soja em 1.041.886 hectares e havia 595.782 hectares de áreas protegidas. Somente na Amazônia, aproximadamente 206 mil hectares e 709 mil toneladas foram certificados com a RTRS e 168.124 hectares de áreas protegidas foram registradas.

Na região do Cerrado, no mesmo ano, havia em torno de 836 mil hectares e 3.210.789 toneladas de soja RTRS e 427.658 hectares de área protegida. Isso mostra que os agricultores certificados pela RTRS que adotam práticas sustentáveis e responsáveis preservam as áreas de vegetação nativa, ainda mais do que o exigido pela legislação.

Além do Brasil, a RTRS possui áreas certificadas em países como Argentina, Uruguai, China, Estados Unidos e Índia. “A associação é pioneira na introdução de novas maneiras para melhorar a qualidade e o alcance de seu padrão de certificação de soja, garantindo que tenha impactos sociais tangíveis e impactos ambientais mínimos, não gerando desmatamento”, explica Cid Sanches, Consultor Externo da RTRS no Brasil.

Produtores dizem que “Moratória da Soja” é “peça publicitária”.

Produtores rurais e entidades signatárias deste documento realizaram no município de Palmas (TO), no dia 15 de julho de 2019, o Seminário Soja Responsável – Produzindo Soja com Sustentabilidade.

O evento foi uma realização da Aprosoja Brasil em parceria com as Aprosojas Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Maranhão, Piauí e Bahia e com a Secretaria de Agricultura do Estado. Participaram do evento produtores rurais da região do Cerrado, pesquisadores e autoridades do legislativo e executivo estadual e federal.

O objetivo foi afirmar e promover a sustentabilidade da soja brasileira, em especial da região do MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), por meio de um debate transparente com a participação dos atores públicos e privados da cadeia da soja.

O evento é uma resposta à ofensiva recente de ONGs e membros da cadeia europeia importadora de soja, consolidada na Declaração de Roterdã, bem como declaração da empresa Cargill, que investirá US$ 30 milhões para evitar o desmatamento do bioma Cerrado na região do MATOPIBA.

A partir das informações agregadas pela Embrapa Territorial durante o evento, se evidenciou que aproximadamente 30% do Matopiba é destinado à preservação da vegetação nativa dentro das propriedades rurais. Somado a isso, cerca de 10% dessa área é protegida por lei por meio de Unidades de Conservação e Terras indígenas. Significa que 40% deste território já está, de alguma forma, protegido ou preservado pelas leis e pelo código florestal brasileiro. Desta forma, ficou claro que:

  1. A moratória da soja nada teve a ver com a queda do desmatamento no Brasil, que se intensificou a partir de 2004, antes da moratória, e se consolidou com níveis próximos a zero após o início da discussão do novo código florestal e sua promulgação;

  2. Trata-se (a moratória) de peça publicitária internacional que prejudica muito a imagem dos sojicultores brasileiros, indo na direção oposta ao que o atual Governo Federal intenta fazer, que é promover a sustentabilidade do Agro nacional no exterior;

  3. O Cerrado brasileiro não está ameaçado de acabar e a soja não é fator relevante de desmatamento, nem neste bioma, nem no bioma amazônico;

  4. O Cerrado do MATOPIBA está 72% preservado, sendo que a agricultura ocupa apenas 5% de sua área, enquanto que a soja abrange 3% da área originalmente ocupada pelo bioma na região;

  5. Portanto, a área de soja no Cerrado do MATOPIBA pode dobrar sem ameaçar a preservação do bioma, ao contrário do que vociferam europeus e suas ONGs.

Como encaminhamento, os participantes do evento se dirigem ao poder público nacional e internacional, instituições financeiras, traders e empresas que adquirem soja do Brasil, bem como instituições financeiras, para dizer que:

  1. O discurso de que os produtores de soja colocam em risco a preservação do meio ambiente no Brasil é um discurso irresponsável e desprovido de argumentos válidos;

  2. A soja brasileira é a mais sustentável do mundo, seja devido às boas práticas agrícolas, seja porque o sojicultor brasileiro é o único no mundo que preserva vegetação nativa em suas propriedades, carregando um custo de toda a sociedade, sem perder competitividade;

  3. A produção de soja pode e irá crescer na região do MATOPIBA, dentro da legalidade, podendo dobrar sua área sem ameaçar a vegetação nativa;

  4. Os produtores de soja brasileiros são em sua totalidade contra o desmatamento ilegal;

  5. Os produtores de soja não negociam com organizações não-governamentais;

  6. Conclamamos todos os que desejam promover esforços e recursos para a manutenção da sustentabilidade dos produtores de soja brasileiros que se unam aos signatários deste documento para contribuir com os projetos de sustentabilidade dos produtores e oficiais, tais como:

Soja Plus – projeto nos estados do MATOPIBA (através das Aprosojas estaduais);

Projeto para a cadeia da soja do ativo florestal da Embrapa Territorial (recursos privados);

Projeto de promoção da sustentabilidade da soja nos países europeus que compõe a declaração de Roterdã.