
A licitação para a compra dos trilhos de trecho da Ferrovia Oeste Leste foi realizada nesta segunda-feira (7), com a abertura dos envelopes na sede da Valec, estatal responsável pela obra. São 147 mil toneladas de trilhos para os trechos entre o município de Ilhéus, no sul do estado, até Barreiras. A licitação foi dividida em cinco lotes, que compreendem 1.100 quilômetros de todo o traçado da ferrovia (1.527 km). Um consórcio de empresas espanholas e chinesas apresentou uma proposta final de R$ 547 milhões.
A próxima etapa da licitação ocorrerá até sexta-feira, dia 11, quando serão analisados os documentos dos consórcios. O resultado final da licitação está previsto para sair no dia 21 de outubro.
Má qualidade na Norte-Sul
Segundo reportagem da Folha de São Paulo, publicada em abril deste ano, pelo menos 855 quilômetros da ferrovia Norte-Sul foram construídos com trilhos de baixa qualidade, que reduzirão a quantidade de carga transportada pela via e ameaçam a sua segurança.
A constatação é do Ministério dos Transportes, responsável pela obra, em relatório inédito obtido pela Folha. Para não chamar de moles os trilhos de aço importados da China, os técnicos que vistoriaram as obras afirmam no documento que o material tem “baixa dureza”.
A falta de qualidade foi identificada mesmo sem a inauguração da via. Até agora, passaram pelos trilhos já assentados apenas trens transportando carregamentos da própria obra.
Os técnicos encontraram o aço com vários defeitos. Há partes se despedaçando e manchas que indicam que os trilhos podem trincar.
O relatório aponta que, caso a ferrovia estivesse funcionando com esses trilhos, os problemas levariam a uma redução de sua capacidade. Nessas condições, os trens não poderiam circular –por segurança– na velocidade e com o peso projetados.
A previsão inicial do governo era que o trecho vistoriado da ferrovia, que vai de Anápolis (GO) a Palmas (TO), poderia estar transportando, já neste ano, cerca de 5 milhões de toneladas por mês –mais que o dobro do volume de soja que saiu de caminhão da região Centro-Oeste.
Prejuízos ao erário
Há pouco tempo, houve um ensaio de licitação dos trilhos da FIOL, que foi obstada pelo CGU, em setembro de 2011, fato que redundou na queda do ministro Alfredo Nascimento e da cúpula do DNIT. Segundo a CGU, superfaturamento na FIOL e na FNS, compra de trilhos de má qualidade, aditivos desproporcionais nas obras e outras falcatruas causaram prejuízos aos cofres públicos da ordem de R$680 milhões.



