Ex-presidente fala sobre Moreira Franco: “O gato angorá tem uma bronca danada de mim porque não o deixei roubar. Chamei o Temer e disse: ‘Ele não fica'”
Dilma Rousseff, em entrevista a Maria Cristina Fernandes, do jornal Valor Econômico, publicado nesta sexta, 17:
“Se não achasse importante o combate à corrupção, não teria sancionado a lei da delação premiada, não teria respeitado a Polícia Federal, não teria respeitado o Ministério Público, nem nomeado ministros [do Supremo Tribunal Federal] que tivessem uma inequívoca biografia”.
Mais adiante a ex-Presidente afirma:
“O combate à corrupção no Brasil mais uma vez virou uma arma ideológica. Enquanto as investigações estavam sobre o PT, ou alguém do PT, não havia problema em vazamento, não havia problema em 500 mil pesos e mil medidas. Agora tem. Uma coisa que, visivelmente, em qualquer país do mundo, seria caso de quebra da segurança nacional, que é gravar o presidente sem autorização do Supremo, tudo isso foi permitido. Agora, quando chega ao PMDB ou PSDB, é criminalização da política”.
A jornalista acrescenta à fala de Dilma que foi em seu governo que aconteceu a nomeação de Graça Forster para a Presidência da Petrobras, que afastou os diretores suspeitos e cerceou os contratos por eles geridos, decisão que começou a corroer a base de apoio ao governo no Congresso montada pelo antecessor.
Michelangelo Bovero, catedrático de Filosofia política da Universidade de Berlim, em entrevista ao Valor Econômico.
Valor:
A política tem sido vista, cada vez mais, como espaço aético. O senhor acredita que as pessoas estão dispostas a entrar nesse espaço?
Bovero:
“Isso não é um sentimento dos tempos recentes. Desde sempre, a maior parte do tempo vivido pelas pessoas é um tempo de desconfiança da política. Os indivíduos ou grupos que se apoderam dos mecanismos das decisões coletivas são considerados maus. “A política é uma coisa suja” é frase recorrente desde os tempos da crise da democracia ateniense, de Roma, dos tempos de Maquiavel e por aí vai. No entanto, são duas as faces da nobre arte da política: a face de sangue e a face de lama. Nós estamos afogados na lama.”
O jornal Valor Econômico, na série de reportagens que publica sobre a infraestrutura da Bahia, o agronegócio e a FIOL, relata:
Hoje, nada menos que 90% do todo algodão produzido na Bahia tem como destino os portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR). Diariamente, milhares de caminhoneiros pegam a estrada e seguem rumo ao Sul e Sudeste do país pela BR-020, em viagens superiores a 2 mil quilômetros. Seguir por estrada até Salvador não é uma alternativa, por conta da concentração de soja nesse porto.
“Como lidar com isso? É uma situação inaceitável, não tem o menor sentido, diz o prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Humberto Santa Cruz (PP). “O nosso produto é imbatível, tem um preço extremamente competitivo, mas o problema é que também somos os líderes quando se trata de ter o preço de transporte mais caro.”
No trecho de 500 km da Fiol que liga a região de Caetité a Ilhéus, a vocação da ferrovia é mineral. Os três blocos principais de ferro já mapeados na região têm reservas de quase 4 bilhões de toneladas. Projetos de empresas como Bahia Mineração e Bahmex foram forjados sobre o plano de construção da ferrovia. A capacidade de produção mineral estimada para a região de Caetité é de 40 milhões de toneladas por ano. Do lado oeste, porém, nos 500 km que ligam Caetité e Barreiras, a razão de ser da Fiol é o agronegócio.
O governo promete entregar esse trecho da ferrovia até dezembro de 2015. As complicações para cumprir essa promessa, no entanto, são muitas. Dos quatro lotes de obra que compõe essa etapa da Fiol, apenas dois – lote 5 e a ponte sobre o rio São Francisco (5A) – têm licença de instalação concedida pelo Ibama. Os lotes 6 e 7, onde há grande incidência de cavernas, ainda dependem do aval do órgão ambiental para serem liberados para obra. Paralelamente, todo traçado de 500 km ainda está paralisado por medida cautelar do Tribunal de Contas da União (TCU), que impediu o início das obras por conta de falhas dos projetos.
A construção da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) anda em ritmo lento. O trecho entre Ilhéus e Caetité, na Bahia, com 536 quilômetros de extensão e custo estimado em R$ 2,4 bilhões, é o único em construção. O trecho seguinte, de Caetité a Barreiras, apesar de ter sido contratado em diferentes lotes, ainda não foi iniciado em função de pendências com o Tribunal de Contas da União (TCU) e com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
No total, a Fiol foi projetada para ter 1,5 mil quilômetros de extensão, chegando a Figueirópolis (TO), onde se interligará com a Ferrovia Norte-Sul (FNS). A via é considerada importante para o transporte de grãos e minério e permitirá interligar quatro Estados a dois portos: Ilhéus (BA) e Itaqui (MA). Os investimentos totais previstos somam R$ 4,2 bilhões. Os contratos do primeiro trecho foram assinados em 2010, mas diversos problemas atrasaram a construção da obra.
Josias Cavalcante, presidente da Valec Engenharia, Construções e Ferrovias, responsável pelo projeto, disse que o nível de execução do primeiro trecho da Fiol chega a 12%. Uma fonte que conhece a obra disse que o percentual não significa que 12% dos 536 quilômetros estejam prontos, mas sim que 12% de todos os serviços, incluindo terraplenagem e colocação de trilhos, foram realizados. A previsão da Valec agora é concluir esse primeiro trecho da Fiol em julho de 2014.
Cavalcante acredita que agora será possível cumprir o novo cronograma. O que paralisou as obras, segundo ele, foram questões ambientais. “O Ibama suspendeu a licença [ambiental] parcialmente”, disse o executivo. Outro problema é que nem todo o trecho havia sido desapropriado. O TCU também apontou falhas. “Nenhuma empresa queria mobilizar muitas máquinas porque sabia que tinha fazendas em que ela [a empreiteira] não iria poder passar. Esses obstáculos foram vencidos, temos condições de deslanchar com a obra.”
Na Ferrovia Norte-Sul, outro projeto da Valec de difícil execução, a previsão é concluir o trecho entre Palmas (TO) e Anápolis (GO) em setembro de 2013. “O trecho está praticamente pronto, mas os contratos não foram suficientes para terminar todas as obras.” Cavalcante informou que estão em andamento quatro licitações, no total de R$ 375 milhões, para a parte final da obra.
Os serviços incluem cinco quilômetros de trilhos até o porto seco de Anápolis, obras no pátio ferroviário do município, cruzamentos, obras de contenção, plantio de grama e outros complementos que fazem parte do tratamento ambiental. A expectativa é que, quando a obra puder ser inaugurada, o arcabouço jurídico do novo modelo esteja pronto para que esse trecho da ferrovia seja o primeiro a ser usado pelos operadores interessados, no modelo de livre acesso. (FG e CS)
Matéria jornalística relevante publicada hoje no jornal Valor Econômico:
A estatal Valec recebeu autorização para retomar as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), empreendimento que está em construção na Bahia. A licença de instalação foi dada pelo Ibama, após análise de um relatório de atendimento às exigências ambientais impostas pelo órgão.
A ferrovia baiana, que parte do litoral, em Ilhéus, até chegar ao município de Barreiras, no Oeste do Estado, chegou a receber a licença de instalação em 2010, mas teve a autorização suspensa no ano seguinte, por conta de uma série de condicionantes que não vinham sendo cumpridas pela estatal. Depois de fazer uma varredura nas ações da Valec no ano passado, analistas do Ibama verificaram que, de 37 ações compensatórias, apenas 17 vinham sendo atendidas. A estatal chegou a apresentar um pedido de liberação no fim do ano passado, mas novamente o Ibama encontrou dez condicionantes pendentes e voltou a negar a autorização. O projeto foi mais uma vez ajustado. Dessa vez, o órgão ambiental decidiu dar um voto de confiança a Valec. “Todas as pendências foram resolvidas. Agora, com a revalidação da licença, vamos recuperar o tempo perdido”, diz Josias Sampaio Cavalcanti, diretor de planejamento da Valec.
Canteiro de obras da ferrovia em Brumado
As obras da Fiol estão atrasadas. No balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) divulgado no mês passado, a ferrovia de R$ 4,235 bilhões recebeu o selo “preocupante” quanto ao seu cronograma. Pelo plano original, a construção dos 1.022 km da Fiol deveria ter começado em julho de 2010, sendo concluída até o fim deste ano. Só algumas dezenas de quilômetros de estrada de ferro foram entregues até agora.
Por conta dos problemas, até o momento o Ibama só tinha liberado 180 km do total de 500 km entre Ilhéus e Caetité. É exatamente esse trecho que, agora, recebe sinal verde. Para acelerar as frentes de obra, a Valec trocou, inclusive, as lideranças internas que estavam à frente do projeto na Bahia.
A meta agora é destravar a segunda metade da ferrovia, que liga Caetité a Barreiras, num trecho de mais 500 km, uma tarefa que promete ser ainda mais complicada. Além de não ter licença de instalação do Ibama, o trecho teve as obras suspensas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Há dez dias, depois de analisar a situação dos contratos firmados com empreiteiras e o cumprimento de determinações já feitas, o ministro do TCU Weder de Oliveira decidiu manter a medida cautelar que suspendeu as obras. Para o tribunal, a Valec não atendeu as orientações.
Segundo Josias Sampaio Cavalcanti, a empresa trabalha para resolver as pendências com o TCU e espera que, até setembro, o trecho seja liberado. Paralelamente, a Valec acerta os ponteiros com o Ibama, que exigiu revisão de itens do relatório ambiental da segunda etapa. Entre eles, a alteração de traçado de cerca de 60 km de malha.
Uma mudança parecida foi necessária também no primeiro trecho da Fiol, onde o empresário Norberto Odebrecht, dono da empreiteira de mesmo nome, concordou em deixar a ferrovia cortar parte das terras de sua fazenda na região, desde que o traçado original sofresse algumas alterações. “Chegamos a um acordo. Quanto ao segundo trecho, faremos um seminário técnico no Ibama até 10 de setembro”, diz Cavalcanti. “Acredito que, até o fim de setembro, teremos uma resposta definitiva sobre essa malha.”
Os oito lotes de obras da Fiol – incluindo a construção de uma ponte de mais de 3 km sobre o rio São Francisco – foram licitados em 2010. Todos já têm empreiteiras à sua frente, mas a Valec terá que rever os termos de boa parte dos contratos, por conta das alterações no projeto original. (AB)
Ciro na Câmara. Foto de Ruy Baron, do jornal Valor Econômico.
Ciro Gomes, líder do PSB, sobre a sua passagem pela Câmara dos Deputados, em entrevista a Paulo Totti, do Valor Econômico:
“Uma decepção profunda. O palavrório vazio da Câmara sufoca a inteligência. Tive o azar de ser deputado sob a hegemonia da coalizão PT-PMDB, assentada no clientelismo, quando não na safadeza pura. A duras penas, consegui ser relator de uma matéria importante, a criação do SuperCade, que entrou em vigor só agora. E acho que foi o Lula que pediu, se não não seria relator.”
Sabatinada para o Superior Tribunal de Justiça, na condição de primeira mulher a ascender à cúpula da magistratura, a então desembargadora da justiça baiana, Eliana Calmon, foi indagada se teria padrinhos políticos. “Se não tivesse não estaria aqui”. Quiseram saber quem eram seus padrinhos. A futura ministra do STJ respondeu na lata: “Edison Lobão, Jader Barbalho e Antonio Carlos Magalhães”. Corria o ano de 1999. Os senadores eram os pilares da aliança que havia reeleito o governo Fernando Henrique Cardoso. A futura ministra contou ao repórter Rodrigo Haidar as reações: “Meu irmão disse que pulou da cadeira e nem teve coragem de assistir ao restante da sabatina. Houve quem dissesse que passei um atestado de imbecilidade”. Estava ali a sina da ministra que, doze anos depois, enfrentaria o corporativismo da magistratura. “Naquele momento, declarei totalmente minha independência. Eles não poderiam me pedir nada porque eu não poderia atuar em nenhum processo nos quais eles estivessem. Então, paguei a dívida e assumi o cargo sem pecado original.” Eliana Calmon nunca escondeu seus padrinhos.
De lá pra cá, Eliana Calmon tem sido de uma franqueza desconcertante sobre os males do Brasil. Num tempo em que muito se fala da judicialização da política, Eliana não perde tempo em discutir a politização do judiciário. É claro que a justiça é política. A questão, levantada pela ministra em seu discurso de posse no CNJ, é saber se está a serviço da cidadania. A “rebelde que fala”, como se denominou numa entrevista, chegou à conclusão de que a melhor maneira de evitar o loteamento de sua toga seria colocando a boca no trombone. Aos 65 anos, 32 de magistratura, Eliana Calmon já falou sobre quase tudo. – Filhos de ministros que advogam nos tribunais superiores: “Dizem que têm trânsito na Corte e exibem isso a seus clientes. Não há lei que resolva isso. É falta de caráter” (Veja, 28/09/2010). – Corrupção na magistratura: “Começa embaixo. Não é incomum um desembargador corrupto usar um juiz de primeira instância como escudo para suas ações. Ele telefona para o juiz e lhe pede uma liminar, um habeas-corpus ou uma sentença. Os que se sujeitam são candidatos naturais a futuras promoções”. (Idem) – Morosidade: “Um órgão esfacelado do ponto de vista administrativo, de funcionalidade e eficiência é campo fértil à corrupção. Começa-se a vender facilidades em função das dificuldades. E quem não tem um amigo para fazer um bilhetinho para um juiz?” (O Estado de S. Paulo, 30/09/2010). Era, portanto, previsível que não enfrentasse calada a reação do Supremo Tribunal Federal à sua dedicação em tempo integral a desencavar o rabo preso da magistratura. Primeiro mostrou que não devia satisfações aos padrinhos. Recrutou no primeiro escalão da política maranhense alguns dos 40 indiciados da Operação Navalha; determinou o afastamento de um desembargador paraense; e fechou um instituto que, por mais de 20 anos, administrou as finanças da justiça baiana. No embate mais recente, a ministra foi acusada pelo presidente da Corte, Cezar Peluso, de desacreditar a justiça por ter dito à Associação Paulista de Jornais que havia bandidos escondidos atrás da toga. Na réplica, Eliana Calmon disse que, na verdade, tentava proteger a instituição de uma minoria de bandidos. Ao postergar o julgamento da ação dos magistrados contra o CNJ, o Supremo pareceu ter-se dado conta de que a ministra, por mais encurralada que esteja por seus pares, não é minoritária na opinião pública. A última edição da pesquisa nacional que a Fundação Getúlio Vargas divulga periodicamente sobre a confiança na Justiça tira a ministra do isolamento a que Peluso tentou confiná-la com a nota, assinada por 12 dos 15 integrantes do CNJ, que condenou suas declarações. Na lista das instituições em que a população diz, espontaneamente, mais confiar, o Judiciário está em penúltimo lugar […]. Entre aqueles
A mesma pesquisa indica que:
– os entrevistados duvidam da honestidade do Judiciário (64%), – o consideram parcial (59%) e – incompetente (53%).
O que mais surpreende no índice de confiança da FGV é que o Judiciário tenha ficado abaixo do Congresso, cujo descrédito tem tido a decisiva participação da Corte Suprema – tanto por assumir a função de legislar temas em que julga haver omissão parlamentar, quanto no julgamento de ações de condenação moral do Congresso, como a Lei da Ficha Limpa. A base governista está tão desconectada do que importa que foi preciso um senador de partido de fogo morto, Demóstenes Torres (DEM-TO), para propor uma Emenda Constitucional que regulamenta os poderes do CNJ e o coloca a salvo do corporativismo dos togados de plantão.
“Só deputado e senador têm que ter ficha limpa?”, indagou o senador.
Ao contrário do Judiciário, os ficha suja do Congresso precisam renovar seus salvo-conduto junto ao eleitorado a cada quatro anos. O embate Peluso-Calmon reedita no Judiciário o embate que tem marcado a modernização das instituições. Peluso tenta proteger as corregedorias regionais do poder do CNJ. Nem sempre o que é federal é mais moderno. O voto, universal e em todas as instâncias, está aí para contrabalancear. Mas no Judiciário, o contrapeso é o corporativismo. E em nada ajuda ao equilíbrio. Em seis anos de existência, o CNJ já puniu 49 magistrados. A gestão Eliana Calmon acelerou os processos. Vinte casos aguardam julgamento este mês. Aliomar Baleeiro, jurista baiano que a ministra gosta de citar, dizia que a Justiça não tem jeito porque “lobo não come lobo”. A loba que apareceu no pedaço viu que dificilmente daria conta da matilha sozinha, aí decidiu uivar alto. Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras no Valor Econômico.
O jornal Valor Econômico publica hoje análise do crescimento da safra da Oeste baiano, com base em dados da AIBA.
“Os produtores do Cerrado da Bahia, uma das fronteiras agrícolas do país, devem colher quase 8 milhões de toneladas de grãos na safra 2011/12, o que significa um aumento de 13% sobre a temporada passada.
Se confirmada, a produção projetada na sexta-feira pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), será a maior já registrada no oeste baiano, região onde a agricultura profissional começou a se desenvolver há pouco mais de 20 anos.
Ao todo, a Aiba calcula que o valor bruto da produção (VBP) da região deverá ficar próximo de R$ 6,4 bilhões, um crescimento de 6% sobre o resultado obtido na temporada anterior. Juntos, soja e algodão respondem por mais de 75% desse valor.
Segundo o levantamento da associação, com sede em Barreiras, a área cultivada na região deve crescer 10% e chegar à marca de 1,9 milhão de hectares. Mais da metade, cerca de 1,1 milhão de hectares, está ocupada com soja – um aumento de 5% em relação à safra 2010/11.
No entanto, a produção da oleaginosa deve cair 1%, para cerca de 3,65 milhões de toneladas, reflexo de uma redução na produtividade média esperada – de 56 para 53 sacas por hectare.
O plantio de algodão deve aumentar mais uma vez, embora em ritmo inferior ao observado no passado. A expectativa é de que a área destinada à pluma seja próxima de 386 mil hectares, uma expansão de 4% – nada que se compare ao aumento de 51% na safra passada.
De acordo com a Aiba, o avanço mais lento reflete a retração dos preços, que haviam alcançado níveis sem precedentes entre 2010 e 2011. Se o clima for favorável, os cotonicultores projetam uma colheita de cerca de 1,53 milhão de toneladas da pluma, 2% a mais que na safra 2010/11.
O milho foi, de longe, a cultura que mais cresceu na região neste ano. Impulsionada pelo aumento dos preços da commodity no mercado internacional, a área ocupada com a cultura aumentou em 59% e totalizou 243 mil hectares. No entanto, a Aiba pondera que a área de milho, hoje correspondente a 12% de toda a área plantada na região, ainda está abaixo da recomendação técnica para a rotação de culturas, algo entre 25% e 33%.
Ainda segundo a Aiba, culturas como eucalipto, café, feijão, frutas e pastagens ocupam, juntas, uma área pouco superior a 100 mil hectares.”
O jornalista Fernando Lopes, do “Valor Econômico” publica interessante matéria sobre a ação empresarial da Agrifirma, que há poucos dias realizou uma audiência pública sobre o plano de sustentabilidade da Fazenda Bananal, ao norte de Luís Eduardo Magalhães.
“Capitalizada por um aporte de R$ 130 milhões de um fundo de private equity gerido pela BRZ Investimentos, a Agrifirma faz planos para ampliar suas fronteiras de atuação. Com foco no mercado de terras, e até agora concentrada no oeste da Bahia, a empresa acredita que é hora de abrir o leque e prospectar oportunidades nas regiões de Cerrado de Maranhão, Piauí e Tocantins, o chamado “Mapito”, e no Centro-Oeste.
Constituída em fevereiro de 2008 com o apoio de investidores estrangeiros como RIT Capital Partners e Lord Rothschild, a Agrifirma dedica-se desde sua fundação à aquisição de terras “brutas” e à venda dessas propriedades depois de transformadas em áreas agrícolas desenvolvidas. Antes da “injeção” da BRZ, por meio do fundo Brasil Agronegócio FIP, concluiu o processo de transformação de uma fazenda de 6 mil hectares no município de Barreiras e formou um portfólio de 63 mil hectares dividido em três “clusters” hoje em formação também no oeste baiano.
“Agora queremos consolidar nosso modelo de negócios em uma escala maior”, afirma Julio Bestani, CEO da Agrifirma, da qual foi um dos fundadores. Com o aporte, o fundo gerido pela BRZ, que tem entre seus investidores os principais bancos brasileiros e fundos de pensão do país, assumiu uma posição majoritária na empresa, que foi rebatizada como Agrifirma Brasil Agropecuária Ltda. A antiga Agrifirma Brasil, por sua vez, continua existindo, com seus mesmos investidores, e passou a se chamar Genagro.
Como já está totalmente desenvolvida, a fazenda de 6 mil hectares em Barreiras, a Campo Aberto, que produz grãos, permaneceu sob controle da Genagro, que a arrendou para a Agrifirma Brasil Agropecuária. A Genagro também mantém caixa, estoques e outros ativos financeiros – além da participação minoritária na “nova Agrifirma” -, e pretende continuar investindo no setor agrícola, mantendo os planos para lançar ações em bolsa. Já os três “clusters” em desenvolvimento e seus 63 mil hectares ficaram com a Agrifirma Brasil Agropecuária.
Essas propriedades – as fazendas Rio do Meio, Arrojadinho e Bananal -, informa a BRZ, estão localizadas no oeste da Bahia a cerca de 550 quilômetros ao norte de Brasília, 850 quilômetros a oeste do porto de Salvador e a uma distância de 1,2 mil quilômetros da floresta amazônica. Café, algodão, soja e milho estão entre os produtos cultivados nesses “clusters”. “O Brasil tem um posicionamento único [no setor de agronegócios] em nível mundial. Estamos no lugar certo, no momento certo”, diz Bestani, CEO e diretor da nova Agrifirma Brasil Agropecuária.
“Decidimos pela Agrifirma por causa de seus critérios agrícolas, sociais, trabalhistas e de sustentabilidade, já que nossa ideia é levar ao setor as boas práticas de governança”, diz Nelson Rozental, sócio diretor da BRZ Investimentos, que foi incubada na GP Investimentos e até 2008 era conhecida como GP Administração de Recursos. “Nosso foco não é apenas aquisição de terras, mas agronegócios como um todo”, afirma ele.
Segundo Ricardo Propheta Marques, também sócio e diretor da BRZ, há muitas oportunidades no setor e é preciso ter um portfólio diversificado. De alguma maneira ligados ao campo, o Brasil Agronegócio FIP já investe também em uma empresa florestal e em outra de logística focada em produtos agrícolas. Dos R$ 840 milhões do fundo, cerca de 40% já estão comprometidos, incluindo o aporte de R$ 130 milhões na Agrifirma.
Os sócios da BRZ são econômicos quanto a futuras apostas ligadas ao setor, mas revelam que no momento garimpam oportunidades nos segmentos de alimentos processados e fertilizantes. No modelo de negócios da BRZ, as parcerias com as empresas que recebem investimentos de fundos geridos por ela não são eternas. O prazo de saída, após o retorno dos aportes, pode chegar a sete ou oito anos, prorrogáveis conforme o caso.
Para a Agrifirma Brasil Agropecuária, não está descartada uma abertura de capital no futuro. Como o Brasil Agronegócio FIP é totalmente formado por investidores brasileiros, a BRZ afirma que os projetos de expansão da nova Agrifirma não que serão afetados pelas restrições que serão impostas pelo governo para a aquisição de terras por estrangeiros no país. Essas restrições ainda estão em discussão.”
Sob o título “Não basta sair às ruas e protestar”, o jornal Valor Econômico publica hoje artigo de Alberto Carlos de Almeida, para assinantes, onde disseca, com precisão, o fenômeno da corrupção. Veja parte do artigo:
“Segundo o Barão de Itararé, uma negociata é um bom negócio para o qual você não foi convidado. Ou seja, todo mundo é contra a corrupção, somente seu beneficiário direto não é.
Isso significa que todas as marchas contra a corrupção que vêm ocorrendo no Brasil têm o apoio de, pelo menos, 99% da população. O que temos visto é a manifestação direta e organizada de um desejo sempre captado pelas pesquisas de opinião. A corrupção é inaceitável porque é roubo, roubo de recursos retirados do bolso de cada brasileiro que paga impostos.
Mais do que isso, esse recurso não é aplicado em serviços públicos importantes e que salvam vidas.
Cada real que sai de nossos bolsos e vai para o bolso de um corrupto deixa de ser utilizado para atender pessoas em hospitais públicos, em emergências, em postos de saúde, medicamentos deixam de ser comprados para serem distribuídos à população, crianças não têm acesso a um ensino de qualidade, e um sem número de serviços que deixam de ser providos pelo governo, com impacto muito negativo na vida de todos nós.
A corrupção é inaceitável e revoltante.
A grande questão é como combater e reduzir um fenômeno dessa natureza. É preciso ter em mente que corrupção é como crime violento: é possível combater e reduzir, mas jamais viveremos em um mundo sem crime ou sem corrupção. Mesmo os países menos corruptos acabam convivendo com algum grau de desvio de dinheiro público. O problema brasileiro é nossa percepção de que a corrupção nunca foi tão grande, ou mesmo de que é muito maior no Brasil do que em qualquer outro lugar do mundo.”
Garimpado por João Paulo N. Sabino de Freitas, nosso gestor de boas leituras.
A rentável colheita de grãos e algodão esperada neste ano no oeste da Bahia consolida a riqueza dos agricultores da região, mas não afasta o risco de que, com uma infraestrutura material e social precária, o crescimento desordenado trave o desenvolvimento futuro de municípios importantes como Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério.
Assim, o jornal Valor Econômico abre uma longa reportagem (só para assinantes) sobre os contrastes da região Oeste, onde as cidades crescem muito e desordenadamente, criando um cenário de desigualdade econômica e cinturões de favelados.
Diz ainda o jornal, em entrevista com Humberto Santa Cruz:
“Estamos com produtividades elevadas e preços [dos principais cultivos agrícolas] em nível excelente, e é claro que isso ajuda. LEM é o município que mais cresceu no país na última década e o gestor público não consegue resolver seus problemas sozinho”, diz o prefeito. Segundo ele, governo e produtores assinaram em 2010 um convênio para melhorias em 800 quilômetros de estradas vicinais e outras parcerias foram firmadas para a pavimentação das ruas de bairros carentes da cidade.
Além desse tipo de associação, Santa Cruz diz que o aumento do orçamento da prefeitura em 2011 servirá para irrigar projetos sociais, sobretudo em saúde e saneamento. Em 2010, o orçamento total de LEM foi de R$ 96 milhões, valor que cresceu para R$ 121 milhões em 2011 – 36% do total voltado a gastos com pessoal. Não há um hospital na cidade, e, à única maternidade e sua pequena estrutura para pequenas cirurgias, o prefeito esperar agregar novos postos de saúde.
Diz o respeitado professor e ex-ministro Delfim Netto que só há três maneiras de o ser humano enlouquecer: o amor, a ambição e o estudo sobre a taxa de câmbio. Isto posto, dá para se ter uma ideia da complexidade do tema em discussão no G-20, em Seul (Coreia do Sul), fórum das maiores economias desenvolvidas e emergentes de cooperação e consulta sobre assuntos do sistema financeiro internacional. A expectativa, segundo o “Valor Econômico”, é que o documento a ser assinado ao final do encontro, hoje, não traga medidas concretas, diluindo no tempo as assimetrias do câmbio no mercado global. Do blog do Jefferson. Acesse para ler outras notícias relacionadas.