
Patrícia Comunello, de Não-Me-Toque, para o Jornal do Comércio – RS
O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, defendeu, nesta quinta-feira, em Não-Me-Toque, interior gaúcho, que as novas regras para compra de terras por estrangeiros tenham restrições na aquisição de áreas ocupadas por culturas anuais, como soja.
Maggi diz que a pasta está no grupo governamental que discute a mudança e que proporá limites para estes casos. Ao visitar a Expodireto, que termina nesta sexta-feira na cidade do Planalto, o ministro evitou antecipar taxas ou volumes de recursos que devem fazer parte do Plano Safra para o ciclo 2017/2018, previsto para ser anunciado em junho.
O chefe da pasta de Agricultura afirmou que não vê problema na liberação de compra nas culturas perenes, como cana-de-açúcar, café e florestas. “Mas para culturas anuais tenho preocupação”, admitiu Maggi.
“Pode ter um fundo de investimento comprando 10% das áreas com grãos. Se decidir não investir mais, imagina o que aconteceria com as indústrias em Não-Me-Toque, não venderiam mais máquinas”, alertou o titular do Mapa, que não considera que as terras no Rio Grande do Sul seriam alvo de aquisições.
Os fundos, lembrou, buscam extensões maiores, acima de 1 milhão de hectares. Para ele, pensar em extensões de 50 mil hectares, mesmo grandes, não são atrativas aos investidores estrangeiros. No Estado, a característica é de lotes menores, citou. Estados como Mato Grosso e Bahia estariam no cenário de risco.
Maggi não sabe quando o tema será anunciado. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu prazo – em entrevista em 15 de fevereiro – de um mês para que as regras estivessem definidas. Maggi deu a entender que ainda há muita discussão para ser feita antes de anúncios.
Sobre as regras de custeio, o ministro desconversou e falou que comentar taxas poderia influenciar o setor. Com as notícias de supersafra, tanto no Estado como no País, Maggi afirmou que “o Brasil só não está de joelhos, porque o agronegócio está inteiro”. Para ele, além da safra recorde, os preços estão compensatórios, e as indústrias de máquinas sinalizam para crescimento de 20% a 30% no começo do ano, frente ao mesmo período de 2016.
