Por que não se resolve o transporte coletivo no País?

Sistema Tiradentes em São Paulo. Provado que funciona bem.
Sistema Tiradentes em São Paulo. Provado que funciona bem.

As denúncias da multinacional Siemens sobre superfaturamento em obras do metrô paulista, o descarrilamento de uma das composições do metrô acontecido hoje e o grande engarrafamento acontecido hoje, quando as autoridades de trânsito de São Paulo resolveram criar mais uma faixa exclusiva de ônibus, na avenida 23 de Maio, são três fatos que tem profunda interação.

A primeira conclusão que se chega é que os governos são maus gestores da chamada mobilidade urbana. E que a corrupção é componente crucial dessa conjuntura. Porque São Paulo e outras capitais brasileiras não têm os chamados VLT – Veículos Leves sobre Trilho, de custo baixíssimo em relação ao metro? Porque os metrôs acabam ficando inacabados como em Salvador? Porque o metrô de Brasília, por exemplo, construído há menos de 2 décadas, já não atende a demanda?

Enquanto isso, Curitiba, uma das capitais que mais cresce no Brasil, onde nunca foi feito um centímetro de metrô, tem um sistema de transporte coletivo satisfatório, o BRT – Bus Rapid Transit, que foi implantado, a partir da experiência paranaense, até em outros países.

Os VLTs, pelo seu baixo impacto nas cidades, e as canaletas exclusivas de ônibus, com estações elevadas e ar condicionado, embarque rápido por até 3 portas, baixíssimo custo, são comprovadamente as ferramentas mais provadas para o transporte público no País.

Por que, então, ônibus sujos, barulhentos, lotados, de difícil acessibilidade e de confiabilidade duvidosa? Seria porque as empresas de transporte coletivo são os maiores contribuintes das campanhas eleitorais?

Em Curitiba, onde tudo começou, os bi-articulados.
Em Curitiba, onde tudo começou, os bi-articulados e as estações elevadas, onde se paga a passagem antecipadamente. Ideias simples, baixo custo, racionalidade.

 

Bogotá: sistema desenvolvido pela empresa de Jaime Lerner, a mesma que o implantou em Curitiba.
Bogotá: sistema desenvolvido pela empresa de Jaime Lerner, a mesma que o implantou em Curitiba.

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Negromonte parcialmente inocentado no assunto VLT de Cuiabá. Foi Dilma quem ordenou.

Texto de José Antonio Lima, da revista Época.

A Folha traz nesta sexta-feira (25) uma reportagem que ajuda a entender o imbróglio a respeito da polêmica mudança feita no projeto de transporte público de Cuiabá para a Copa do Mundo de 2014. A capital mato-grossense desistiu de implantar uma linha rápida de ônibus (BRT) em favor de uma construção de um Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT), opção mais cara e também mais demorada para melhorar o transporte.

Segundo reportagem publicada na quinta-feira (24) pelo Estadão, a mudança, que custará R$ 700 milhões a mais para o governo do Mato Grosso, se deu por meio do que seria uma fraude realizada no Ministério das Cidades. A irregularidade seria a troca de um primeiro documento, vetando a construção do VLT por um parecer técnico favorável à obra. Os documentos têm o mesmo número de páginas e a mesma numeração oficial (nota 123/2011). Um dos áudios publicados pelo Estadão mostram a diretora de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, Luiza Gomide Vianna, dizendo a assessores que as notas técnicas precisam atender “aos desejos do governo”.

De acordo com a Folha, ela tinha razão. A troca do BRT pelo VLT, que ocorreu não apenas em Cuiabá, mas também em Salvador, foi determinada pela presidente Dilma Rousseff, após ser convencida por um lobby comandado pelos governadores Jaques Wagner (PT-BA) e Sinval Barbosa (PMDB-MT) e que contou até com o vice-presidente Michel Temer.

O BRT tinha sido priorizado pelo governo federal em 2009, sob a justificativa de que os outros sistemas não seriam concluídos a tempo do Mundial de futebol. Empreiteiras e empresas de equipamento ferroviário, entretanto, se opuseram e passaram a pressionar pela alteração. O ministro Mário Negromonte (PP) chegou a esboçar resistência à mexida, mas cedeu ao lobby que teve a participação até do vice-presidente Michel Temer (PMDB).

Segundo a Folha, o Planalto diz que a opção pelo VLT em detrimento do BRT foi legal, baseada em discussões com a sociedade e no fato de que a linha rápida de ônibus “teria um tempo de vida curto por conta do aumento de usuários”. A forma como a mudança foi feita no Ministério das Cidades, entretanto, continua objeto de polêmica.

Nesta sexta, o Estadão afirma que a opção pelo VLT em Cuiabá foi condenada pela Controladoria-Geral da União. Entrevistado pela rádio Estadão/ESPN, o ministro Mario Negromonte não citou a ordem do governo federal. Negromonte afirmou que “não houve fraude”, mas sim uma “divergência de opinião” entre técnicos do ministério e que ela não foi motivada por “desvio de recursos”. O ministro se irritou ao ser perguntado diversas vezes sobre o relatório da CGU que condenava a escolha pelo VLT em Cuiabá e, após ser acusado de tentar “enganar” os ouvintes, chamou o repórter de “mentiroso”.

VLT e Aeromóvel: soluções de transporte para médias e grandes cidades

Aeromóvel de Jacarta - Clique na foto para ampliar

Oskar Hans Wolfgang Coester é um empresário e inventor brasileiro, gaúcho de Pelotas, criador do primeiro veículo classificado, anos mais tarde, como VLT – Veículo Leve sobre Trilhos. Ele foi responsável pelo setor de manutenção de aeronaves da VARIG durante sua era dourada, sob o comando de Rubem Berta. E também é fundador do Grupo Coester, integrado pela Coester Automação S.A., fabricante de equipamentos de automação industrial, e da Aeromóvel Brasil S.A., empresa responsável pelo desenvolvimento e implantação da famosa tecnologia de transporte pneumático por ele inventada. O primeiro VLT brasileiro na verdade é um trem à vela, pois possui, sob os carros, uma aleta, colocada dentro de um tunel ou duto, que sofre a ação de turbo-ventiladores, instalados ao longo da linha.

Em Porto Alegre, como em Jacarta, Indonésia, o VLT de Coester já está em funcionamento, mas agora, para a Copa, está sendo construída, na capital gaúcha, uma nova linha, ligando o aeroporto até a estação mais próxima do metrô, com capacidade de transportar até 25 mil passageiros por hora.

Em Brasília, o VLT vai também ligar o aeroporto com o centro da cidade, através da avenida W3, levando os passageiros aos setores hoteleiros sul e norte e ao estádio Mané Garrincha, onde serão sediados os jogos do DF na Copa. Natal, Maceió, Salvador, Recife e Campinas também têm os seus projetos de VLT. Estranhamente, São Paulo, a cidade de tráfego mais congestionado do País, ainda não tem um estudo preliminar de VLT. Um projeto sério de implantação de VLTs e principalmente de aeromóveis, silenciosos, não poluidores, que não consomem espaço significativo no já conflitado piso das ruas, poderia resolver o problema de trânsito no grande cinturão do centro da cidade, alimentando os metrôs e trens suburbanos.

VLT de Brasília