
Vejo um vídeo do diretor de uma instituição financeira, muito racional, afirmando que Bolsonaro ganha as eleições no primeiro turno. Ele justifica: é o voto Tiririca. Aqueles que votam contra tudo que aí está posto e disposto, contra a roubalheira na política nos três níveis federativos. O voto de protesto.
O fenômeno não é novo no Brasil. Em 1959, Cacareco, uma rinoceronte-fêmea, foi a mais votada nas eleições municipais de São Paulo.
A moça veio do Zoológico do Rio de Janeiro emprestada ao Zoológico de São Paulo e recebeu cerca de 100 mil votos. À época, a eleição era realizada com cédulas de papel e os eleitores escreviam o nome de seu candidato de preferência.
Cacareco foi um dos mais famosos casos de voto de protesto ou voto nulo em massa da história da política brasileira, uma vez que se tornou a “candidata” mais votada do pleito: o partido mais votado não chegou a 95.000 votos.
Cacareco foi devolvida ao Zoológico do Rio de Janeiro no dia 1º de outubro de 1959, alguns dias antes da eleição e morreu no mês de dezembro de 1962, de nefrite aguda. Seus restos mortais foram levados de volta a São Paulo em 1984 e estão em exibição desde então no Museu de Anatomia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP.
Paulo Guedes, um neoliberal radical
Posta a possibilidade de Bolsonaro Tiririca Cacareco se eleger no primeiro turno, fui ver uma entrevista de 45 minutos do economista Paulo Guedes aos dinossauros da Globo News.
Pois o homem disse que vai vender tudo que é do Governo: as grandes empresas, os grandes bancos, os 700 mil imóveis da União, as concessões onerosas, as novas concessões de rodovias, portos, ferrovias, aeroportos, distribuidoras de energia, enfim, toda a infraestrutura administrada diretamente pelos governos, inclusive estaduais e municipais.
Vai fazer mais: retirar todos os subsídios, inclusive da agricultura. Mas deixa claro que o Ministério da Agricultura não seria incorporado ao super ministério que comandaria, englobando todas as pastas ligadas ao Ministério da Fazenda.
Afirma ainda: vai fazer a reforma da previdência, com ênfase numa rigorosa análise da contribuição daqueles que vivem com um salário mínimo da renda mínima mensal, que não puderem comprovar a contribuição, mas comprovem a atividade rural ou urbana e tenham atingido a idade mínima.
Com isso, espera, num prazo de até seis anos (ele já conta com um segundo mandato de Bolsonaro), a entrada de 2 trilhões novos no Governo, para investir e abater na dívida pública.
Segundo ele, os 400 bilhões de reais que o País paga por ano de serviço da dívida equivalem, a cada período de 12 meses, a um Plano Marshall, o investimento que os aliados fizeram na Europa para reconstruir os países ocidentes praticamente do zero.
“Se isso não for feito, adverte o economista, em pouco tempo teremos uma dívida de 6 ou 7 trilhões e um serviço anual de um trilhão.”
O vídeo está no You Tube, que você pode assistir a partir do link abaixo.

