O general Walter Braga Netto, ministro da Defesa (?), teria ameaçado diretamente o presidente da Câmara dos Deputados, mandando um recado: sem voto auditável em 2022, não tem eleições.
O presidente da Câmara viu aquele momento “com preocupação” classificando a situação como “gravíssima” e “considerou o recado dado como uma ameaça de golpe”. Procurou Bolsonaro e “teve longa conversa”, diz o jornal Estadão.
“O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), recebeu um duro recado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, por meio de um importante interlocutor político.”
O general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022, se não houvesse voto impresso e auditável. Ao dar o aviso, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
As informações constam em reportagem publicada no Estado de S. Paulo, na manhã desta quinta-feira (22).
Segundo as jornalistas Andreza Matais e Vera Rosa, Lira viu o momento “com preocupação” classificando a situação como “gravíssima”.
O texto da matéria afirma que o presidente da Câmara “considerou o recado dado por Braga Netto como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro. Teve uma longa conversa com ele, no Palácio da Alvorada.
O presidente da Câmara disse ao chefe do Executivo que não contasse com ele para qualquer ato de ruptura institucional. Líder do Centrão, bloco que dá sustentação ao governo no Congresso, Lira assegurou que iria com Bolsonaro até o fim, com ou sem crise política, mesmo se fosse para perder a eleição, mas não admitiria golpe.
“O recado dos militares e a reação de Lira são de conhecimento de um restrito grupo da política e do Judiciário”, escreveram Matais e Rosa.
A motivação dos militares, imiscuindo-se no Legislativo e no Judiciário do País, tem precedentes. Em 2018, o então ministro do Exército, Villas-Boas, mesmo acometido de grave doença, Esclerose Lateral Amiotrófica, ameaçou a Suprema Corte do País para evitar a libertação de Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato, contra Jair Bolsonaro, com ampla margem de preferencia do eleitorado.
Dados os fatos, vê-se que os militares dão continuidade à sua opção golpista, fortalecendo um candidato a ditador, autor de vários e diversos crimes de responsabilidade. Não fossem outros os motivos, vê-se igualmente que o aparelhamento do Governo Civil, com a presença de militares em todos os postos de importância, motiva as forças armadas a descumprirem a sua missão institucional.