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Hidrelétrica de Xingó (AL/SE) terá aumento da vazão mínima para melhorar condições das águas do Baixo São Francisco

Medida também busca aumentar a geração hidrelétrica no Nordeste para compensar redução na geração das usinas eólicas
A Agência Nacional de Águas sediou a primeira reunião da Sala de Acompanhamento do Sistema Hídrico do Rio São Francisco nesta segunda-feira, 13 de janeiro. Durante o encontro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) propôs a operação na usina hidrelétrica de Xingó (AL/SE) passando de uma defluência média semanal de 800 para 1.000m³/s até o fim de janeiro para compensar a queda na geração de energia eólica no Nordeste. Outro objetivo da medida é melhorar as condições das águas do Baixo São Francisco especialmente em regiões com acúmulo de plantas macrófitas.
Além da ANA e do ONS, participaram da reunião de hoje representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), entre outras instituições. A próxima reunião da Sala de Acompanhamento do Sistema Hídrico do Rio São Francisco está marcada para 3 de fevereiro.
Com a entrada em vigor das novas condições de operação do Sistema Hídrico do Rio São Francisco em 1º de maio de 2019, devido à melhora na situação da bacia hidrográfica, o acompanhamento da situação do Velho Chico teve uma mudança. A Sala de Crise do Rio São Francisco foi desfeita e foi instalada a Sala de Acompanhamento do Sistema Hídrico do São Francisco, cuja primeira reunião aconteceu em 6 de maio do ano passado. Os encontros do grupo são mensais.
A operação da hidrelétrica de Xingó está relacionada ao volume útil acumulado na hidrelétrica de Sobradinho (BA), sendo que o reservatório baiano operava com 30,02% em 12 de janeiro. Com isso, ambos estão na faixa de atenção para o período úmido, que vai de dezembro a abril. Nesta situação, a defluência mínima é de 800m³/s em Xingó.
Xingó
Localizada entre Alagoas e Sergipe, a hidrelétrica de Xingó é operada pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco a fio d’água – o mesmo volume que entra nela, acaba saindo. Com capacidade de armazenamento de 3,8 trilhões de litros em seu reservatório, Xingó tem uma potência instalada de 3.162MW. A hidrelétrica está a 179km da foz do São Francisco, entre os municípios de Piaçabuçu (AL) e Brejo Grande (SE).
Sobradinho
A hidrelétrica de Sobradinho, na Bahia, fica a 748km da foz do rio São Francisco. Além da geração de energia, o reservatório cumpre o papel de regularização dos recursos hídricos da região, que abrange munícipios como Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). Operada pela CHESF, a hidrelétrica tem potência instalada de 1.050,3MW e seu reservatório tem capacidade de armazenamento de 34,117 trilhões de litros – a maior da bacia do São Francisco.
Rio São Francisco
O rio São Francisco nasce na Serra da Canastra (MG), e chega à sua foz, no Oceano Atlântico, entre Alagoas e Sergipe, percorrendo cerca de 2.800km, passando por Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. O Velho Chico é o rio 100% nacional com maior extensão. A bacia possui 503 municípios e engloba parte do Semiárido, que corresponde a aproximadamente 58% desta região hidrográfica, que está dividida em quatro unidades: Alto, Médio, Submédio e Baixo São Francisco.
O reservatório de Sobradinho se encontrava nesta segunda-feira com 30,1% de sua capacidade, aumentando lentamente depois das chuvas da do final do ano. A barragem de Três Marias, reguladora da vazão do médio São Francisco, estava com 58,52% de sua capacidade.

MPF em Sergipe recomenda que Xingó não aumente vazão de súbito para evitar acidentes

O Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) enviou hoje (22) recomendação em caráter de urgência para que a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) realize, mas próximas 24 horas, campanha informativa sobre o aumento a vazão da Usina Hidrelétrica de Xingó em andamento.
Segundo o MPF, a medida é potencialmente perigosa para as populações ribeirinhas “com riscos não apenas materiais, mas também à própria vida e integridade física de pessoas”, destaca o documento.
De acordo com as informações coletadas pelo MPF/SE, a Chesf pretende mais que triplicar a vazão de Xingó, dos atuais 550 metros cúbicos por segundo (m³/s) para 1800 m³/s.
A medida emergencial adotada pela Chesf se deve ao apagão ocorrido ontem (21) e foi informada ao Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF) através de fax, cujo teor foi imediatamente informado ao MPF.
Riscos
Segundo a recomendação, o aumento repentino da vazão amplia o risco de afogamentos e outros acidentes para a população, além de causar danos econômicos para pescadores, agricultores e o próprio poder público, com a destruição de plantações, equipamentos e de sistemas de abastecimento de água.
No último mês de janeiro, a Chesf já havia realizado um aumento de vazão para 1000m³/s, que causou prejuízos à população ribeirinha de Sergipe e Alagoas que vive nas regiões adiante da Usina de Xingó.
Na ocasião, a população denunciou a falta de aviso da mudança de vazão. Em resposta às denúncias, a Chesf informou apenas que o aumento da vazão foi uma medida emergencial.
Recomendações – O MPF recomendou à Chesf que realize uma campanha emergencial em rádio e televisão para informar a população ribeirinha de Sergipe e Alagoas sobre o “extraordinário e repentino aumento de vazão praticada pela UHE Xingó, que deveria ser executado até o dia 22 de março”.
O MPF recomendou também a Chesf comunique o fato às Prefeituras dos Municípios potencialmente afetados em Sergipe e Alagoas, bem como aos Núcleos de Defesa Civil das cidades atingidas.
O documento recomenda ainda que a Chesf inicie, em seguida, a estruturação de um novo sistema de alerta à população que reside a jusante da Usina de Xingó, “dos eventos acidentais ou não, que possam gerar aumento repentino de vazão, por meio cadastramento de mensagens de celular ou outros meios aptos a garantir efetivo conhecimento dos fatos pela população potencialmente afetada”.
No projeto, devem ser observadas as características das áreas habitadas e a realidade das comunidades afetadas, e deve incluir os órgãos componentes do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil. Leia aqui a íntegra da recomendação.
Em 15 de setembro de 2016 o ator Domingos Montagner foi surpreendido, quando nadava no rio 2 kms a montante da barragem, por um aumento de vazão da Hidrelétrica de Xingó sobre o Rio São Francisco. Violentas correntezas arrastaram o Ator rio abaixo, acabando por afogá-lo.

