Santana analisa o desastre da Arena.

gremistas

Paulo Santana, colunista de Zero Hora e gremista doente, roxo e fanático:

“E, agora, a esperança é manter-se no G-4 até o final do Brasileirão. Mas a gente tem de tomar providências para tornar o ataque do Grêmio mais efetivo, em linha gerais decepciona um ataque que não faz gols, jogo sobre jogo. Basta dizer que, em toda a Copa do Brasil, o Grêmio fez apenas dois gols! É muito pouco. Algo precisa ser feito para tornar o ataque do Grêmio mais eficiente, urgente. Senão cai a casa também no Brasileirão”.

Fanatismo tudo bem. Mas sem perder a lucidez, como deixa claro o Santana.

Olha só o que a gauchada anda bebendo junto com a água.

A Zero Hora de hoje noticia que o Instituto Nacional de Ciências e Tecnologias Analíticas Avançadas, sediado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coletou e analisou, em parceria com um conjunto de universidades, amostras da água fornecida em 16 grandes capitais brasileiras. Porto Alegre apresentou o pior resultado: a maior concentração de cafeína.

Boa parte do que resiste a esse processo é eliminado depois, quando a água é processada para consumo humano. Mas se o esgoto não é tratado, como ocorre na maior parte do Rio Grande do Sul, a cafeína acaba chegando à água tratada. Com ela, vêm hormônios (a maior parte eliminados na urina e nas fezes de milhões de mulheres que usam pílulas anticoncepcionais), atrazina (um herbicida), fenolftaleína (laxante) e triclosan (um bactericida presente em sabonetes, desodorantes e enxaguatórios bucais). Veja a reportagem completa em Zero Hora.

Depois o pessoal estranha porque tem tanto macho nas capitais falando fino e com trejeitos.

Uma história de imprensa e política, com roteiro de novela.

O Dia, transformado em tablóide, com circulação em queda.

A corporação portuguesa Ongoing adquiriu, através da sua companhia no Brasil, Empresa Jornal Econômico, o grupo “O Dia”, que publica três jornais diários.Em comunicado, a Ongoing, com interesses em vários meios de comunicação de Portugal e que edita desde outubro o “Brasil Econômico”, ressalta que com esta compra se transforma no “terceiro maior grupo brasileiro de imprensa, com uma audiência diária de 3,5 milhões de pessoas”. A empresa portuguesa afirma que este acordo permite estar em “todos os segmentos do mercado da imprensa” no Brasil, com as publicações agora adquiridas – “O Dia” e “Meia Hora” e o jornal esportivo “Campeão”

A história desse grupo adquirido dos herdeiros de Ary de Carvalho começa num remoto 1º de abril de 1964. Ary dirigia a Última Hora em Porto Alegre, na condição de funcionário de Samuel Wainer, apoiador de João Goulart. No dia 2 de abril largou o jornal Zero Hora nas ruas, com a chancela dos militares, anunciando a “revolução vencedora”. E assumiu, com uns trocados, o ativo e passivo do jornal.

Em 1971, tendo construído o grande prédio da avenida Ipiranga, Ary de Carvalho, pressionado pelo volume dos investimentos, que incluía uma rotativa Goss Urbanity, teve que ceder parte e depois o todo do controle acionário aos irmãos Sirotsky, donos da Rádio Gaúcha, que hoje forma o poderoso grupo RBS.

Chagas Freitas: no final da vida, um presente para Ary de Carvalho.

Desenrolou-se neste episódio um enredo de novela, onde não faltaram lances apimentados, como um festim homossexual realizado num apartamento do centro da cidade, flagrantes policiais e até uma aposta errada de Ary na sucessão de Peracchi Barcelos no governo do Rio Grande do Sul. Ary apostou no chefe da casa civil, João Dêntice, mas o escolhido, pela indicação direta de Médici, foi o engenheiro, ex-militar e ex-prefeito de Caxias, Euclides Triches.

Gigi de Carvalho, líder dos herdeiros de Ary de Carvalho.

Ary de Carvalho transferiu-se então para o Rio de Janeiro e comprou o então pequeno jornal “Última Hora”, novamente por uma pequena quantia. No início dos anos 80, Ary de Carvalho caiu nas graças do ex-governador Chagas Freitas, que dominou a política carioca durante anos, como líder do partido MDB, fisiológico e admitido pelos militares como oposição branda. Apesar dos protestos dos herdeiros, Ary de Carvalho ganhou de Chagas Freitas, por uma importância também irrisória, o controle de O Dia, então o jornal de maior circulação no Rio de Janeiro e Estado, maior até que o Jornal do Brasil e O Globo. Com o falecimento de Ary, em 2003, o jornal passou para o controle das três filhas, Ariane, Gigi e Eliane de Carvalho, que agora transferem o controle ao grupo português, que tem participação também na Portugal Telecom e na operadora Vivo.

Zero Hora, nos seus primeiros dias: lances rocambolescos

Os novos controladores apressaram-se a negar a participação da eminência parda do Governo Lula, José Dirceu, deputado cassado pela Câmara em 2005 por sua participação no esquema do Mensalão. Mas a verdade é que ele está ligado aos portugueses, seja como sócio ou lobista, e não deixou a articulação política de Luiz Inácio, fazendo isso com especial discrição, que poucas vezes vaza para a grande imprensa. Com o negócio, Lula ganha uma imprensa popular simpática ao seu governo, e à sua eventual sucessora, Dilma Rousseff, no segundo maior colégio eleitoral do País.

Memórias misturadas

A reprodução de um vídeo, pela Globo, com Armando Nogueira, contando as suas memórias nos anos de chumbo me trouxe recordações gratificantes, de quando se fazia um bom jornalismo apesar da ditadura. Conta Armando Nogueira que a relação com os militares era surreal: recebia, na redação, um telegrama da Polícia Federal afirmando que era proibida noticiar a morte de Lamarca, por exemplo. “Assim, diz o jornalista falecido ontem, ficávamos sabendo da morte do guerrilheiro, mas nada podíamos noticiar.” Lembrei-me, então, do texto que abria os telegramas da Polícia Federal: “Está proibida, no todo ou em parte, a reprodução dos seguintes telegramas”. E enumerava, então os telegramas da Associedt Press – AP, da Associated France Presse – AFP, da Reuters, da United Press International- UPI, da Agência Jornal do Brasil – AJB e da Agência Estado – AE.

Em certa oportunidade, reproduzi um editorial do Le Monde na página de Internacional da Zero Hora, de Porto Alegre, que analisava a alta da mortalidade infantil nos governos da ditadura, lá pelo final dos anos 60. Mesmo o editorial não estando no index da Polícia Federal, convidaram-me, através de um telefonema ao meu editor, a comparecer na Rua Paraná, sede da famigerada em Porto Alegre. No outro dia peguei um avião e, prudentemente, encetei viagem de quatro meses para Rondônia, Acre e Amazonas. Quando voltei a Porto Alegre já tinham me esquecido.