Mandioca pode produzir etanol com menor custo

Apesar de ainda estar em fase experimental no Brasil, a obtenção de etanol a partir da mandioca é uma realidade cada vez mais próxima. O alto valor energético dessa raiz originária da Amazônia será, em breve, aproveitado também para a produção de biocombustíveis. “Todos os tipos de mandioca podem ser usados para a produção de biocombustível, mas aqueles que possuem maior concentração de amido, como a mandioca industrial, são as mais indicadas”, explica o diretor do Cerat – Centro de Raízes e Amidos Tropicais, Cláudio Cabello.

Desde 2003, Claúdio Cabello desenvolve linhas de pesquisas sobre a produção de etanol a partir de amidos. “Inhame e batata doce têm boas possibilidades, mas não se comparam ao que é possível se fazer a partir da mandioca. Ela possui diferenciais extremamente positivos, como a possibilidade de cultivo em diferentes regiões do país”, disse. Segundo ele, a raiz têm inúmeras facilidades para ser transformada em etanol. “Não há, na mandioca, nenhum composto que iniba o processo biológico de fermentação alcoólica e, dependendo da região, a obtenção do álcool a partir dela poderá ser mais barata inclusive do que pela cana”, explica.

A produção de mandioca tem um custo de R$ 100 por hectare. “Cada hectare produz entre 28 e 30 toneladas, e o mercado paga R$ 140 pela tonelada. Isso faz com que a margem de lucro desse tipo de produto seja excelente, dando inclusive maior liberdade para a definição da época da colheita”, argumenta. Segundo o vice-presidente da Abam – Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca, Antônio Donizetti Fadel, o tempo de cultivo da mandioca varia entre nove e 30 meses. “Quanto mais tempo na terra, maior é a lucratividade. O Brasil é o único país do mundo a colher no 24º mês. Com 12 meses, a produtividade é, em média, de 25 toneladas por hectare. Se o prazo for ampliado para entre 18 e 24 meses, essa produtividade sobe para 40 toneladas. E o custo não aumenta tanto, porque não há necessidade de replante ou de preparar a terra novamente”, explica Fadel.

Segundo ele, o país precisa, ainda, melhorar a produtividade por hectare para tornar mais atraente o uso da planta na produção de biocombustível, e o investimento mais viável economicamente. Com a tecnologia atual, cada tonelada de mandioca pode produzir 200 litros de álcool. Ou seja, a cada 5 quilos da raiz se produz um litro de combustível.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

2 comentários em “Mandioca pode produzir etanol com menor custo”

  1. Pois não conhecemos a planilha de custos desse órgão. Sei que o custo é baixo em função de menor exigência de correção de PH de solo e de NPK. Mas se esse custo for 10 vezes maior ainda parece mais vantajoso em relação à cana, que exige correção e adubação pesada, principalmente em potássio. E menos exigente em relação à falta de água sazonal. Sei que a cadeia produtiva da mandioca sempre esbarra na transformação. Vamos nos informar melhor. Vou escrever para esse pessoal.

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