Transporte escolar em Luís Eduardo, uma odisséia.

18:13 – O ônibus escolar está entrando na BR-242, superlotado, o que se pode denotar pela altura dos pneus sobre os paralamas. A traseira está baixa.

18:13 – O velho ônibus tem dificuldades para acessar a BR. Quantos anos de uso tem este ônibus?

18:17 – O ônibus desloca-se lentamente pela via paralela. Faróis? Na fase baixa só tem um mesmo. Faixas laterais regulamentares? Por que, se tem uma na frente?

A história do transporte escolar em Luís Eduardo Magalhães, a Capital do Agronegócio, é uma sucessão de fatos controversos: licitações públicas, embargos aos resultados, ônibus velhos e superlotados transportando crianças, motoristas despreparados, longos roteiros, passando por quase todos os bairros. Mais de uma hora para sair de colégios do centro e chegar ao Jardim das Oliveiras. Contando a ida e volta, os alunos passam 3 horas na sala de aula e 2 horas no ônibus, com vidros quebrados, sem cinto de segurança, sem lugar para sentar, trafegando entre os pesados caminhões da BR-242. Não é para isso que são pagos os impostos. Talvez os impostos sejam pagos para viagens entre Luís Eduardo, Brasília, Curitiba, Joinville,  Florianópolis ou Salvador.

18:58 – As mães esperam preocupadas os seus filhos. Já faz quase uma hora que saíram da escola. Quando digo que o ônibus está chegando, ficam descontraídas e contam histórias fantásticas, de filhos que foram esquecidos no colégio ou que vieram a pé para casa e foram assediados por vagabundos na estrada.

19:03 – Finalmente chega o velho coletivo KDD-2379. Acho que o Ministério Público Federal, que fiscaliza a aplicação das verbas federais nos municípios,  deveria dar uma olhada nos documentos deste potente. As crianças vão para a casa contentes. Sabem que amanhã terão uma nova e emocionante viagem.


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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

Uma consideração sobre “Transporte escolar em Luís Eduardo, uma odisséia.”

  1. É uma vergonha saber que isso acontece nessa cidade que arrecada tanto dinheiro.
    Quanto custa a compra de, no minimo, mais um ônibus e a contratação de mais um motorista?
    Será que essa verba foi retirada do orçamento de 2010???

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