Pedro Correa conta como FHC comprou a emenda da reeleição.

Pedro Correa: tentando não enfrentar os rigores do inverno de Curitiba. Foto de Brunno Covello.
Pedro Correa: tentando não enfrentar os rigores do inverno de Curitiba. Foto de Brunno Covello.

Delação do ex-deputado Pedro Correa, preso em Curitiba: Fernando Henrique Cardoso tinha um banqueiro no plenário da Câmara para distribuir cartões de propina para os deputados que acabavam de votar pela reeleição de FHC. De posse do cartão, os deputados procuravam um doleiro de Brasília e botavam a mão no dinheiro.

Reportagem do jornal “Folha de S.Paulo” cita partes do acordo de colaboração premiada assinado entre o ex-deputado Pedro Correa e o Ministério Público Federal. A TV Globo confirmou que esses trechos divulgados fazem parte da delação do ex-deputado.

Um dos anexos desse acordo de delação, segundo o jornal, é intitulado “mesada de Augusto Nardes”.

Nardes é ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). De acordo com a reportagem, Correa afirmou que, entre 2003 e 2005, quando Nardes era deputado federal pelo Partido Progressista, o PP, ele estava entre os nomes da bancada da Câmara que recebiam propina arrecadada pelo  deputado José Janene, morto em 2010, junto à Petrobras e a outros órgãos com diretorias indicadas pelo PP.

Segundo o portal G1, da Globo,  Pedro Correa apresentou uma lista de operadores de propina e incluiu o nome de Andrea Neves, irmã do senador Aécio Neves, do PSDB de Minas Gerais, e uma de suas principais assessoras, como a responsável por conduzir movimentações financeiras ligadas ao tucano.

A citação à irmã de Aécio é a primeira numa lista que inclui nomes como Marcos Valério, operador do mensalão, e Benedito Oliveira, investigado na Operação Acrônimo, que apura suspeitas de irregularidades na campanha de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas Gerais em 2014.

A “Folha de S.Paulo” diz ainda que a delação do ex-deputado tem um anexo sobre o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem como foco a votação que aprovou a emenda constitucional da reeleição em 1997.

Segundo o relato, o ex-presidente contou com apoio financeiro do empresariado para aprovar o projeto da reeleição.

O então presidente do conselho de administração do Banco Itaú, Olavo Setubal, morto em 2008, é mencionado como alguém que ajudou FHC.

O ex-deputado disse, segundo jornal, que Olavo Setubal dava bilhetes a parlamentares que acabavam de votar, para que se encaminhassem a um doleiro de Brasília e recebessem propinas em dólares americanos.

A delação do ex-deputado Pedro Correa tem pouco mais de 70 anexos, cada um com um tema. Segundo o jornal, cinco desses anexos se referem à presidente Dilma Rousseff e outros cinco ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nardes, um arenista no TCU

João Augusto Ribeiro Nardes, gaúcho e produtor rural de Santo Ângelo, iniciou sua carreira política aos 21 anos, quando se tornou vereador pelo partido do governo militar, a partir do golpe de 64, o ARENA. Desde então, passou a deputado estadual pelo PDS, sigla sucessora do ARENA, em 1986, e já em democracia vigente no Brasil, 1990, foi reeleito pelo PPR, um dos braços do ARENA que tinha como liderança Paulo Maluf.

O partido se tornou PPB e, depois, o que até hoje é denominado como PP (Partido Progressista). Por essas siglas, Nardes foi deputado federal de 1994 a 2005, quando renunciou para assumir a cadeira no Tribunal de Contas da União (TCU).

Em sua primeira passagem como réu no Supremo Tribunal Federal (STF), Nardes foi processado em agosto de 2004 por crime eleitoral, peculato e concussão, por omissão de declaração em prestação de contas, quando concorreu à deputado federal, na Ação Penal 363 (http://bit.ly/1PjRYfA). Na época, o ministro relator Marco Aurélio acatou a sugestão do então procurador-geral da República, Claudio Fonteles, propondo um acordo com Augusto Nardes, por não possuir antecedentes criminais

Avatar de Desconhecido

Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

Uma consideração sobre “Pedro Correa conta como FHC comprou a emenda da reeleição.”

  1. Eita ! É bom demais que parte da historia de um passado negro e recente do pais venha à à tona novamente, num momento em que os desavisados de plantão imaginam que antes do PT fosse tudo maravilha. A diferença está em duas vertentes: A juventude militante hoje era criança durante o governo do PSDB 1.995/2.002 alem disso não busca se informar anates para agir e falar depois.Segundo é que assim como a grande imprensa busca escancarar o atual governo do PT, na época, 1.995/2.002 era paga para blindar o governo corrupto de então. A safadeza dos políticos continua a mesma. Imaginava-se que quando o então MDB suplantasse a pujança da então Arena, que o pais melhorasse da água para o vinho. Nada. Quando do impedimento do Collor, 1.992, disseram que estaríamos passando o Brasil a limpo. O PSDB veio depois e sujou tudo. “reiniciou” a bandalheira.Imaginava-se que com o PT no poder, pudesse o Brasil alcançar uma plenitude nunca antes vista na historia do pais. O pessoal continuou dirigindo a Kombi com o mesmo motor fundindo, queimando óleo, fazendo barulho e produzindo fumaça. Mudou apenas a cor do veiculo, foi pintado de vermelho !

Deixar mensagem para jose de oliveira Cancelar resposta