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Almerinda e o corno que não era filho do corno

15/10/2016

corno

Pois Madame Almerinda me contou, assim, bem de pertinho, uma história inacreditável. Segundo a pitonisa, um marido desconfiado a procurou para saber se podia confiar na mulher, uma bonitona que andava por aí, no comércio, pintando a boca de vermelho e com uma calça tão justa quanto a justiça divina.

Almerinda não tem papas na língua e sabendo da fama da inquirida, foi logo dando o seu vaticínio cruel. Veja bem, caro consulente, naquele corpinho vil já passou boi e passou boiada.

O marido revoltou-se com a frieza de Almerinda. E reagiu:

“Isso é charlatanismo. Não pago a consulta. A senhora de nada sabe”.

Almerinda então tratou de preservar a sua capacidade adivinhativa:

-Pois faça outra pergunta, pelo mesmo preço, e poderei lhe provar que sou séria.

O consulente não se fez de rogado e lascou:

-Pois diga onde se encontra meu pai agora.

Almerinda foi taxativa:

-Está tomando cachaça naquele bar da avenida Airton Senna!

O Corno exultou:

-Pois errou. Meu pai morreu há mais de 12 anos.

E Almerinda, senhora de todas as profecias, corrigiu para sempre o passado:

-Quem morreu há 12 anos foi o marido de sua mãe. O seu pai verdadeiro é o cachaceiro mesmo!

Inspirado no genial Ariano Suassuna

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