Almerinda, a doida, critica as acrobacias de Jusmari e diz que está arrependida de votar em Ozié.

Almerinda, a insidiosa

Pois quando penso que minhas orações mais contritas fizeram efeito, eis, se não quando, que a profetisa dos maus augúrios, me liga de um telefone cujo número até então me desconhecia. Sim, ela, a bruxa maldosa da rua Irecê, aquela que tem entreveros eróticos com os maus espíritos, Madame Almerinda.

Reconheço a voz roufenha e os miados do enfisema tomando conta daqueles pulmões.

– Meu caro e douto, periodista!

Sinto a ironia sólida no ar, dessas de cortar de faca. Ela continua:

-Viu as imagens de hoje de dona Juju fazendo estrelinhas?

-Não, não vi, Madame, desconverso, saindo pela tangência.

-Pois eu vi e vou te mandar o vídeo pelo zap. São imagens fortes. Verifique antes se não tem crianças na sala. Mais fortes que o vídeo do Temer se borrando todo em São Paulo e do que as imagens do PT carregando as bandeiras do partido comunista.

-Não pode ser isso tudo, Madame! A senhora não está exagerando?

– Não. Se por uma simples obra de ampliação de uma escola dona Juju está fazendo isso tudo, imagine quando o seu marido Ozié inaugurar uma grande obra? Será que ela desfilará nua em um cavalo branco como fez Lady Godiva*?

-Não exagere, Madame, interrompo eu, já com um certo tom de irritação pela conversa da Profetisa.

-Não estou exagerando, nobre Periodista. Com essa lista de “grandes obras” de Oziel, qualquer reforminha de colégio já está causando euforias acrobáticas na Primeira Dama. Ainda bem que a Oposição ainda não tem um candidato em LEM. Se tivesse, Jusmari, herdando a rejeição do marido Ozié, já estaria atrás nas pesquisas pré-eleitorais.

-Deixe a mulher, Madame. Ela é boa de política. E depois a Senhora não tem do que reclamar. Sei de fonte segura que a Senhora votou em Oziel.

-Pois é meu, caro. Se arrependimento matasse, eu já estaria debaixo de sete palmos, com os vermes devorando a minha carne.

Como não tenho como acabar essa conversa indigesta, peço licencinha:

-Madame: está entrando outra ligação de São Paulo. Pode ser um anunciante. A Senhora me dá licença?

 

(*) Descendente de anglo-saxónicos, Lady Godiva, foi considerada como patrona das artes e excelente amazona, mas ficou conhecida pelo seu protesto a nu contra os impostos.

O seu nascimento está registado na história como tendo acontecido em 1040 e a sua morte em 1080. Ainda jovem casou com Leofric, um homem de religião, mas com interesses muito obscuros, que acabou por conseguir ser edil de Conventry, uma pequena vila em crescimento acelerado.

Godiva era a sua dedicada esposa, mas que, apesar do papel quase oculto das mulheres nesses tempos, não deixava de lhe fazer, ou tentar, ver os problemas dos camponeses e a miséria em que estes viviam, assim como outros assuntos similares. Do site Mulher Portuguesa.

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Autor: jornaloexpresso

Carlos Alberto Reis Sampaio é diretor-editor do Jornal "O Expresso", quinzenário que circula no Oeste baiano, principalmente nos municípios de Luís Eduardo Magalhães, Barreiras e São Desidério. Tem 43 anos de jornalismo e foi redator e editor nos jornais Zero Hora, Folha da Manhã e Diário do Paraná, bem como repórter free-lancer de revistas da Editora Abril

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