Mais um dia para ser esquecido na Justiça e na Política do Brasil
22/03/2019
As caneladas que o juiz federal responsável pela Operação Lava-Jato no Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, em conjunto com seu ex-colega e agora ministro da Justiça, Fernando Moro, já deu no Supremo Tribunal Federal, no presidente da Câmara Federal, e no acervo constitucional da Justiça são antológicas.
Dão a entender que não existe um novo Ato Institucional depois das famigeradas ações da Justiça à cabresto durante o curso da ditadura instituída em 1964.
Presunção de inocência, direito ao contraditório, a condenação só após a colheita de robustas provas materiais e o direito de permanecer livre enquanto processado e não transitada em julgado a sentença, desde que não coaja testemunhas e não atrapalhe o livre curso do processo.
Como leigo e cidadãos submissos à lei soubemos que esses direitos ainda não foram abolidos da Constituição. De direito não, mas de fato.
Tudo isso colide com o espetáculo de opereta desenvolvido por Bretas e pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro no dia de ontem. Todos soubemos que a princípio o ex-presidente Michel Temer, bem como seus ex-ministros componentes do Quadrilhão do MDB, fazem parte da escória da política, que de fato deve ser separada da sociedade.
Tanto que foram artífices do golpe jurídico-político contra Dilma Rousseff, uma presidente que teve sua inocência chancelada pela própria Suprema Corte do País.
No entanto, a prisão preventiva de Temer não passa de um jogo-de-braço com Rodrigo Maia e o próprio STF. Maia criticou o projeto anticrime de Moro e a sua audácia de cobrar pressa no rito legislativo; Moro respondeu com as prisões determinada pelo coleguinha Bretas e prendeu até o sogro (emprestado) de Maia.
O STF mandou para a Justiça Eleitoral as ações de Caixa 2; Moro, Bretas e o Ministério Público Federal responderam novamente com a arbitrária prisão de Temer e de seus ex-ministros.
Ao putsch de 2016, sucedeu-se o ardil de 2018, sublimado por sua vez no constrangimento do STF, o verdadeiro guardião dos preceitos constitucionais e do Legislativo, arcabouço onde repousam os princípios da democracia.
Não que não existam canalhas de toda ordem nos legislativos de todo o País. Mas foram eleitos pelo povo e a eles cabe o exercício do seu mandato em toda a sua plenitude.
Ou isso ou a escolha de duas patrulhas militares, ambas comandadas por cabos, para fechar o STF e, a seguir, as duas casas do Congresso Nacional, como preconizou o mimado filho do presidente Jair Bolsonaro.
One Comment
leave one →
A destacar que tanto alguns membros do STF, quanto os agora presidiários e outros mais bateram palmas, defenderem e incentivaram o estupro da Constituição e de inúmeras garantias legais. Agora são vítimas e condenam as mesmas práticas e ações que atingiram anteriormente seus adversários.
Tempos sombrios em que assistimos a defesa dos linchamentos morais e legais como forma aceitável de se fazer justiça.