Crime socioambiental: Governo da Bahia concede 20% da Ilha de Boipeba para empreendimento de luxo.
13/03/2023
O loteamento de luxo fica em uma área de Mata Atlântica que pertence à União e projeto de luxo tomará 20% da área total da ilha (Foto: Isabella Tanajura / Jornal A Verdade). Texto de Gustavo Rebelo.
A Costa do Dendê é uma das regiões mais bonitas do litoral baiano e brasileiro. Deslumbrantes paisagens tropicais, com praias de águas mornas e tranquilas, coqueirais e manguezais, chamam a atenção de turistas no mundo todo, que visitam o local em busca de lazer e descanso. Isso foi o suficiente para despertar a cobiça do mercado hoteleiro, que através de relações sórdidas com autoridades municipais e estaduais, vem avançando violentamente sobre a região.
No dia 07 de março, o INEMA (Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos), órgão responsável pela política ambiental do estado da Bahia, baixou a portaria 28.063/2023, autorizando a construção do mega empreendimento turístico-imobiliário Ponta dos Castelhanos, localizado em uma das regiões mais preservadas da Ilha de Boipeba. Esse projeto ocupará 16.507.752,11 m², o que equivale a 20% da área total da ilha, suprimindo grande parte da mata original. Serão construídos para o desfrute dos endinheirados um aeródromo, 67 lotes residenciais, 02 pousadas com 25 quartos e 25 casas assistidas em cada uma delas e um píer para embarcações de médio porte. O projeto original conta até mesmo com um campo de golfe!
Em “compensação” ao enorme impacto desse projeto multimilionário, serão destinados irrisórios R$183.375,00 à “Implementação de Programa de Educação Ambiental e Elaboração de Projeto Socioambiental”.
Ou seja: a privatização e devastação de um quinto de Boipeba em troca de migalhas para limpar a imagem dos capitalistas e suas marionetes políticas.
O MPF, já em 2019, recomendou a interrupção do processo de licenciamento ambiental, argumentando que o empreendimento irá descaracterizar o modo de vida das comunidades tradicionais, privando-lhes o acesso aos locais que utilizam por gerações para a pesca e o extrativismo.
A empresa Mangaba Cultivo de Coco, uma das responsáveis pelo projeto, tem como sócios o banqueiro e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga e o herdeiro do Grupo Globo José Roberto Marinho. Apesar do simpático nome, seus interesses não são nada nobres.
Em entrevista ao portal “O Eco”, o presidente da associação de moradores Raimundo Esmeraldino enfatizou de forma clara:
“Nunca plantaram um pé de coco, nem de mangaba, nada. Pelo contrário, querem tirar os pés da mangaba que são parte de nossa renda e alimentação”.
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