Polícia de SP prende nazista autor de ameaças às escolas.
14/04/2023
Um jovem de 18 anos foi preso pela Polícia Militar em São Paulo por suspeita de ameaçar atacar escolas e fazer apologia do nazismo. Segundo a polícia, ele era um dos principais mentores da onda de boatos e ameaças que tem gerado apreensão entre os pais e responsáveis. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
A prisão ocorreu na noite de quarta-feira (12), na zona norte de São Paulo, e decorreu da atuação da polícia diante dos boatos nas redes sociais.
Na quarta, a PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo teve abstenção de alunos em razão de boatos de supostos ataques criminosos.
O rapaz, de 18 anos, de acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) é estudante de uma escola estadual na Vila Zat, zona norte da capital.
Imagens de conversas obtidas pela polícia mostram que ele enviava mensagens com ameaças no grupo de alunos e frequentemente idolatrava a figura de Adolf Hitler. Na segunda (10), ele chegou a ir com uma máscara de caveira na escola, assustando os colegas.
Iniciativa na Nova Zelândia
Dentro dos colégios, diz Telma Vinha, que pesquisa violência escolar na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), é preciso criar uma nova cultura, com vínculos, atenção à saúde mental, programas de combate ao bullying e valorização de professores. Fora da sala de aula, o desafio é rastrear e frear as ameaças externas à sala de aula, sobretudo na internet.
Uma das iniciativas mais respeitadas no combate ao extremismo online é a Christchurch Call to Action. Criada em 2019, após ataques a duas mesquitas que deixaram 51 mortos na Nova Zelândia, a coalizão reúne 120 países, entre governos, empresas de tecnologia, redes sociais e ONGs.
Executados por um supremacista branco, os ataques a duas mesquitas foram em 15 de março de 2019, na hora das orações, quando os templos estavam lotados. Toda a ação foi transmitida online, por 17 minutos, e compartilhada milhares de vezes, o que estimulou outros assassinos a filmarem crimes e publicarem nas redes.
Iniciativa surgiu dois meses após ataques
Menos de dois meses após a chacina, a então primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, juntamente com o presidente francês Emmanuel Macron, criou a Christchurch Call. Ela falou pessoalmente com vários líderes mundiais e os principais executivos do Facebook, Apple, Microsoft e Twitter. Os participantes se comprometeram a aplicar leis, regulamentos e ações técnicas para reprimir a disseminação de discurso de ódio, terrorismo e violência online.
Entre as medidas, estavam criar um centro unificado de denúncias e acompanhamento de casos e debater protocolos sobre como a mídia noticia ataques. O Estadão decidiu não publicar nome e foto do agressor, além de vídeos dos recentes atentados. A decisão se baseia em estudos que mostram que essa exposição pode motivar um efeito de contágio, uma vez que a visibilidade é buscada pelos autores como um prêmio.
Outra das ações da Christchurch Call foi financiar estudos sobre o funcionamento de algoritmos online. A ideia é reunir informações específicas para formular regulamentos mais eficientes. O grupo incentiva também pesquisas sobre soluções tecnológicas, por exemplo, para o rastrear grupos extremistas online.
“Trata-se de tema complexo. Não é algo que nenhum setor possa tratar isoladamente”, disse Jacinda, no lançamento da iniciativa. Após sair do governo, ela assume este mês o posto de enviada especial da Christchuch Call.
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