Pobreza na Argentina já atinge 1/3 da população urbana. O Brasil é o próximo.

A Argentina vive da sua história e das lembranças da fartura da carne, a melhor do mundo.

O problema nas cidades afeta 8,9 milhões de argentinos e avança em paralelo à subida da inflação, que chegou a 47,6% no ano passado

A inflação elevada e a recessão econômica na Argentina elevaram o índice de pobreza do país para 32% no segundo semestre de 2018, uma alta de 4,7 pontos percentuais ante a primeira metade do ano, mostraram dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) nesta quinta-feira 28.

Trata-se do número mais alto desde a crise econômica de 2001.

Na comparação com o segundo semestre de 2017, a pobreza urbana cresceu 6,3 pontos percentuais no país. São 8,9 milhões de argentinos vivendo nessa situação.

Veja a matéria na íntegra na Carta Capital.

No Brasil já existem 55 milhões de pobres ou pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, cerca de 26% da população total. Seremos a Argentina amanhã e a Venezuela depois de amanhã.

No trimestre encerrado em fevereiro, o número de desocupados atingiu 13,1 milhões de brasileiros.

Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta sexta-feira (29). Essa alta representa a entrada de 892 mil pessoas na população desocupada.

Já soube de alguma medida do Novo Governo para aumentar o emprego? Nós também não. Só pensam em transferir os recursos da previdência para os bancos e acabar com a aposentadoria dos brasileiros.

 

Carta Capital: Brasil tem o judiciário mais caro do mundo, que gasta 1,3% do PIB

carta-capital

Os juízes brasileiros vivem em um paraíso. No ano passado, embolsaram 46,1 mil reais mensais de remuneração, em média. Em um país em que a renda per capita mensal foi de 1,1 mil reais em 2015, segundo informações do IBGE, é como se cada magistrado valesse 41 cidadãos.

Os vencimentos dos 17 mil togados foram conhecidos nesta segunda-feira 17, em uma radiografia anual do Judiciário divulgada pelo Conselho Nacional de Justiça, órgão existente para fiscalizar tribunais. Os servidores à disposição dos juízes também ganharam bem: salário médio de 11,8 mil mensais em 2015.

raio

Os contracheques no Judiciário nacional fazem dele o mais caro do planeta. No ano passado, o poder consumiu 79,2 bilhões de reais dos cofres públicos, o equivalente a 1,3% das riquezas geradas no período (PIB). Mais do que em 2014 – apesar de 2015 ter sido um ano de forte recessão econômica -, quando mordera 68,4 bilhões de reais, ou 1,2% do PIB.

Leia mais na Carta Capital desta semana.

Um banqueiro alerta: o mundo vai murchar. Vamos aderir ou lutar?

Saltar para o vazio ou reconstruir as bases do desenvolvimento? O divisor de águas é a Petrobras: não capitalizar a estatal é enterrar a nação com ela.

por Saul Leblon, para Carta Capital

Foi preciso um banqueiro, Luiz Carlos Trabuco, presidente do Bradesco, dizer algumas coisas sonegadas pela mídia até agora, para, finalmente, a natureza demencial de um diagnóstico autodestrutivo ser deslocada do centro do debate e emergir aquilo que parte da esquerda tem ecoado solitariamente há algum tempo.

Não é o ‘lulopopulismo’ que está levando o Brasil ao desmanche.

O Brasil tem seus problemas –uma elite predadora e provinciana, um dos principais.

Mas é o mundo capitalista que tropeça de novo na própria lógica e conduz as nações a uma recidiva da crise global de 2008.

Os vetores desta vez são a freada chinesa e o mergulho sem termo das cotações do petróleo.

A embicada do barril –de US$130 para menos de US$30—tem razões de ordem geopolíticas e comerciais.

E escancara a  brutal deflação de ativos, isto é, o mergulho conjunto de todas as bolhas especulativas  –as novas e as suspensas mas não equacionadas desde 2008.

Todas elas agora murcham conjuntamente, perfuradas pela agulhada do último esteio de demanda agregada (consumo e investimento produtivo) do planeta: a China.

Segunda maior economia do globo, a China era responsável por 50% do consumo das principais matérias primas e alimentos negociados no mercado internacional.

O transatlântico chinês vive a indigestão de um superciclo de investimentos (por décadas o país investiu mais de 45% do seu PIB), catalisada pelas restrições que a crise de 2008 impôs às exportações da nova fábrica do mundo.

O conjunto impõe ao gigante asiático reordenar sua rota de longo curso.

A opção é a maior ênfase no consumo interno.

Significa investir menos e comprar um volume menor de matérias-primas –com exceção de alimentos, cujos produtores todavia serão atingidos de forma equivalente pela queda das cotações, agora no menor patamar dos últimos 16 anos, depois de caírem 19% em 2015, a quarta regressão anual sucessiva, segundo a FAO.

Uma cadeia de placas tectônicas enruga e retrai o assoalho econômico de todo o planeta.

Projetos, governos, empregos, riquezas estão sendo arrastados para o grande sumidouro de um capitalismo cuja viabilidade repousa na autodestruição cíclica.

Estamos a bordo de uma delas.

A farsa 

O ralo sistêmico engolfa e borbulha enquanto o arguto sociólogo FHC, seu poleiro de tucanos adestrados em truques institucionais, a mídia que lhes dá manchetes e rodelas de banana, e seu colunismo de linces analíticos, distraem a opinião pública e dispersam a prontidão nacional, com truques e cortinas de fumaça que subordinam o principal ao secundário.

A farsa anunciada em  manchetes faiscantes é essa que os Marinhos, os Frias e os Mesquitas repicam diuturnamente  com seus chicotinhos de domadores do discernimento social: ‘Allons enfants, vamos abrir a janela de oportunidade para destruir o PT e restaurar a monarquia plutocrática neoliberal; aqui e quiçá em toda a América Latina bolivariana –Macri, mostre-lhes como se fazia nos anos 90’.

O planeta avança em rota de colisão histórica com geleiras recessivas, uma subsequente à outra. E eles distraindo a plateia, enquanto hienas dos mercados fazem o serviço final: devorar o fígado, o coração, a mente, desta geração e da próxima.

Não há luz no fim desse túnel, advertiu o banqueiro Trabuco, em Davos, uma voz sistêmica solitária a sacudir os jornalistas de banco pelos ombros.

 

O circo pode pegar fogo, avisa o presidente do Bradesco. 

Em economês:  ‘A estabilização (desta vez) será no fundo do poço’, sinaliza de forma educada para dizer aos petizes da mídia que a tergiversação sobre as determinações globais da crise pode ter consequências arrasadoras.

Gente como  Trabuco quer preservar a riqueza financeira –antes de mais nada; mas sabe que até para isso será preciso enxergar além do ‘lulopopulismo’

desespero 3

Enquanto o colunismo fantasia bolivarianismos & outras tucanolices (tolices tucanas), massas de forças descomunais semeiam a desordem neoliberal.

O vórtice da incerteza escapou da jaula.

Ao acionar o retraimento do crédito bancário às empresas, ligou um poderoso difusor sistêmico de retração em cadeia.

Apertem os cintos –avisou Trabuco sobretudo aos seus pares, mas também à elite cega.

Como se temia, uma recidiva da crise mundial encontra Estados e bancos públicos exauridos, ainda não recuperados do esforço unilateral para mitigar os gargalos dos últimos anos.

É o caso do Brasil.

Em 2008 o país foi um dos que melhor respondeu à retração do crédito privado, estimulando o consumo e o investimento, com a expansão acelerada dos bancos estatais.

O crédito imobiliário crescia a 45% ao ano.

Além de expandir o volume, o sistema financeiro público passou a oferecer taxas de juros  e spreads menores.

Enquanto o setor público avançou na oferta de liquidez, o setor privado recuou.

Hoje ainda os bancos públicos lideram a oferta de crédito (em mais de 50% até 2014), enquanto o BNDES – um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo, maior que o Banco Mundial– mantém-se solitário na oferta de recursos indispensáveis aos grandes projetos de longa maturação.

A recidiva da crise, em meio à mais frágil convalescença de uma recessão capitalista desde 1929, pega esse aparato anticíclico duplamente vulnerável.

De um lado, pelo esgotamento da receita fiscal, precipitada por uma recessão ingenuamente oferecida pelo governo, em troca da indulgência do mercado –que nunca veio e nem virá.

O flanco mais deletério, porém, vem do cerco  político demencial das milícias neoliberaloides, acantonadas na mídia e nas fileiras rentistas.

Ante a tempestade que se aproxima, requisitam todos os botes à salvação da riqueza financeira e à destruição do que denominam de ‘voluntarismo intervencionista’ .

‘Mais juros e mais recessão; à purga pelo mercado, –custe o que custar!’

A República do Paraná

O correlato político disso emergiu na República do Paraná.

Autonomeados senhores da vida e da morte da nação, procuradores ecoam hinos purificadores, ao pé da fogueira onde pretendem imolar os alicerces do petróleo brasileiro, da construção pesada, do presente e do futuro…

Cada elite tem o Rasputin que merece.

Essa é a borda do costão. Pedriscos escorregam sob os pés do país.

E os meninos do colunismo econômico dão duro para esgotar a capacidade de resistência do Estado , visualizando no despenhadeiro o ensejo de um repto demolidor.

A desforra do fracasso de 2002, 2005,  2006,  2010 e 2014 , quando tudo parecia apontar para o  fim do ‘lulopopulismo’.

A correlação de forças desta vez tem tudo para esgarçar o fiapo de soberania diante do novo arranque da crise.

 

O PT é esse fiapo no Brasil. 

‘Era’  — ouvimos diuturnamente das gargantas sôfregas à direita e das boas intenções trôpegas, à esquerda, nas vozes que acham indiferente um governo Dilma/Lula ou Aécio/FH; Cristina/ ‘La Cámpora’, ou Macri/fascistas.

A primeira atribui à heresia intervencionista a raiz da crise ‘endógena’ brasileira.

A segunda considera a denúncia do lulomercadismo –ou de Haddad, o barrabás do passe livre–  a chave mestra para resolver pendências com o capitalismo global, que tem no Brasil a unha encravada mais incômoda da AL.

O que o banqueiro Luiz Carlos Trabuco veio dizer em linguagem mais ou menos explícita é que essa crosta ideológica –da qual é personagem—  corre o risco de acuar a capacidade de reação do país, pondo a perder mais que o ‘lulopopulismo’.

Está em jogo a própria capacidade de o capitalismo brasileiro honrar a promessa de riqueza contida nas montanhas de ‘ativos’ financeiros em mãos do mercado nesse momento.

Esse é o ponto do desmonte em que nos encontramos.

O que se discute é se vamos para a terra arrasada, como pedem as narinas borboletantes do mercado-golpismo; ou se a nação resistirá ao botim em marcha, recusando-se a sacrificar o que se construiu nos últimos 12 anos, à revelia do mercado.

Inclua-se nessa transgressão:

– 60 milhões de novos consumidores,a cobrar cidadania plena;

– 20 milhões de novos empregados formais;

– um salário mínimo 70% maior em termos reais;

– um sistema de habitação popular ressuscitado;

– bancos públicos a se impor à banca privada;

– uma Petrobras e um BNDES fechando as lacunas da ausência de instrumentos estatais destruídos no ciclo tucano;

– políticas de conteúdo nacional a devolver um impulso industrializante ao desenvolvimento brasileiro;

É nessa hora que um pedaço da crítica progressista ao ciclo de governo do PT pode resvalar para a mesma avaliação conservadora do período.

O risco, repita-se, é subordinar a ação de governo a soluções de mercado para desequilíbrios macroeconômicos que só a luta política pode escrutinar.

De certa forma foi isso que Dilma tentou nos últimos 12 meses com as consequências devidamente estampadas em manchetes não propriamente indulgentes.

O mundo capitalista se contorce; um arrastão de energia devastadora afastou o mar da praia onde flutuava a embarcação do crescimento global.

O cenário internacional desandou para um novo tsunami.

A China resolveu cuidar da própria encruzilhada; a Europa que fingia respirar voltou ao balão de oxigênio; a deflação de ativos vai rebater na velocidade da retomada norte-americana.

Tudo a desaconselhar o arrocho pró-cíclico evocado pelos magos da peregrinação redentora às catacumbas e às bancarrotas.

Desde 2008 eles advertem: a resistência do Brasil à crise é um crime contra o mercado.

Nenhuma voz dentro ou fora de Brasília soube até agora salgar esse diagnóstico da crise ‘endógena’ com a salmoura pedagógica das evidências opostas.

É para isso que existe governo.

Para esclarecer a opinião pública quando o futuro da nação balança perigosamente no despenhadeiro das ameaças e das manipulações.

Não significa mistificar a cota doméstica de erros e responsabilidades.

Mas, sim, separa-la de interesses que não são os da nação.

Sim, escolhas estratégicas são mediadas pela correlação de forças.

Mas um pedaço importante da correlação de forças se define no diálogo com a sociedade.

Disputar as expectativas, em certos momentos, é tão decisivo quanto ajustar as linhas de passagem de um ciclo para outro.

Um governo que toma decisões ancorado em diálogo direto com suas bases, apoiado por elas, irradia uma capacidade de comando que desencoraja o assalto conservador.

Hugo Chávez? Não, Roosevelt, da ‘Conversa ao Pé da Lareira’, de 1933, o programa radiofônico com o qual o presidente venceu a Depressão de 29 disputando o imaginário social com o mercado e seus abutres.

Cada vez que falava à Nação, a voz de Roosevelt dizia coisas inteligíveis à angústia do pai de família que acordara empregado e fora dormir temendo ser demitido. Suas mensagens e políticas pavimentavam o futuro sem negligenciar a emergência. Traziam respostas para o presente.

desespero 4

O quadro hoje é outro, comparado à capacidade fiscal do Estado em 1929 ou 2008?

Sempre é outro.

De novo: é para isso que existe governo.

Se a história fosse estável e previsível, bastariam burocracias administrativas.

Há duas formas de descascar o abacaxi.

A escolha conservadora dispensa o penoso trabalho de coordenação defensiva da economia pelo Estado, ademais de elidir a intrincada mediação dos conflitos do desenvolvimento em um hiato de crescimento.

O que o jogral conservador reclama é um arrocho neoliberal com desmonte do que sobrou de ferramenta pública para o desenvolvimento –‘o entulho intervencionista que possibilitou Lula’.

Por isso o desmonte da Petrobras é um divisor de águas –econômico, político e simbólico.

Até quando o governo vai adiar a capitalização da empresa?

Será necessário oferecer-lhe o argumento do Proer – o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro, criado por FHC, em 1995, que custou ao país cerca de R$ 200 bi em dinheiro de hoje?

Salvar a banca era importante –  fortalecer a Petrobrás não é? Por quê?

desespero um

Não estamos falando apenas de um negócio de sucção de óleo a US$ 25/barril (ainda assim competitivo a um custo do pre-sal a 1/3 disso, desde que capitalizada a Petrobras).

Estamos falando justamente do oposto martelado pela fuzilaria conservadora nos dias que correm.

Qual seja, a natureza decisiva da presença do Estado na luta pelo desenvolvimento.

Transformar a história de sucesso da  Petrobras em um desastre de proporções ferroviárias é um requisito para desautorizar essa evidência histórica que o pre-sal veio ratificar

Não por acaso, o martelete contra  o ‘anacronismo intervencionista do PT’  interliga a ação dos procuradores de Moro à matilha dos coveiros da estatal.

Ao propiciar não apenas a autossuficiência, mas o potencial de um salto tecnológico, capaz de contribuir para  o impulso industrializante de que carece o país, a Petrobrás reafirma a relevância insubstituível da presença estatal na ordenação do desenvolvimento econômico.

Há problemas? 

Sim; a empresa arcou com sacrifícios equivalentes ao seu peso no país, vendendo combustível abaixo do custo de importação por quatro anos seguidos.

Ainda assim, até 2013 foi a petroleira que mais investiu no mundo: mais de US$ 40 bilhões/ano, o dobro da média mundial do setor.

E se tornou campeã mundial no decisivo quesito da  prospecção de novas reservas. Com resultados que retrucam o jogral do ‘Brasil que não deu certo’.

O pré-sal já produz cerca de 1,1 milhão de barris de óleo equivalente por dia.

A equação posta pelo novo estirão  da crise mundial não admite meio termo.

Capitalizar a Petrobras é dar um sinal de que a democracia brasileira não abdicou de reordenar seu desenvolvimento.

Não fazê-lo emitirá um bônus de reforço à prostração.

A mãe de todas as batalhas gira em torno dessa questão.

Há pouco tempo para escolhas.

Mas há muito a perder se elas não forem feitas em defesa do Brasil.

Como entender Marina?

mino_cartaPor Mino Carta, em Carta Capital

A candidata do PSB, sem ser socialista, é um poço de confusão e contradições

Volto de viagem ao exterior e retomo meu espaço habitual. Em Roma, li uma análise a respeito da candidatura de Marina Silva que coincide com a avaliação de CartaCapital. No jornal La Repubblica, dos três de circulação realmente nacional, o de maior tiragem juntamente com o Corriere della Sera, e, na minha opinião, o melhor de todos.

Diz o diário que Marina Silva tem um passado honroso e nem por isso as qualidades necessárias ao exercício da Presidência de um país do tamanho e da importância do Brasil. Sua formação política é precária e suas ideias, quando manifestadas com um mínimo de clareza semântica, são confusas e contraditórias, de sorte a ressaltar a dramática incógnita que a candidata representaria se eleita.

O texto do La Repubblica confirma as nossas previsões, feitas nesta página no momento em que ficou assentada a substituição de Eduardo Campos por Marina Silva. Ou seja: ela seria tragada pelo apoio da mídia nativa, autêntico partido de oposição, porta-voz da casa-grande, e por esta arrastada inexoravelmente para a direita mais retrógrada.

E aí começam a confusão e a contradição da candidata do PSB sem ser socialista. Ela passou a ocupar a cena política brasileira como inimiga do latifúndio e da devastação ambiental, o que implica uma postura oposta àquela dos seus atuais arautos e conselheiros, adeptos, além de tudo, da involução globalizada, dita neoliberalismo, a desencadear a crise mundial. Eis perfilada a ameaça: o retorno à política econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso, quando, em nome da estabilidade, o Brasil quebrou impavidamente três vezes e foi entregue ao presidente Lula com as burras à míngua.

Uma ação leva a outra, e haveria a se temer também pela renúncia a uma política exterior que, depois de FHC, desatrelou o Brasil dos interesses de Washington. Há quem diga que o fenômeno Marina Silva de certa forma repete deploráveis momentos históricos vividos em 1960 com Jânio Quadros e em 1989 com Fernando Collor. Com o endosso maciço da mídia, o homem da vassourinha e o caçador de marajás foram eleitos. A Presidência de ambos redundou em desastre.

CartaCapital acredita que nas mãos da ex-seringueira o destino do Brasil não seria promissor. Mas acredita também que desta feita o País saberá evitar o risco, e não receia abalar-se a um vaticínio que muitos reputarão prematuro. Nadar contra a corrente estimula quem dá a braçada honesta.

Vale registrar, de todo modo, que esta nossa ribalta se oferece a personagens singulares, ou, se quiserem, peculiares, prontamente engolfados pela direitona sempre disposta a agarrar em fio desencapado. Não me permito incluir no rol de alternativas desesperadas o já citado Fernando Henrique, habilitado a tornar-se paladino de quaisquer ideias e tendências ao sabor do que entende como conveniência pessoal.

Nunca esquecerei aquela noite em Rafard, interior de São Paulo, na campanha para a primeira eleição a governador do estado em 1982. O príncipe dos sociólogos concedia sua arenga aos boias-frias da área enquanto a brisa noturna sussurrava nos canaviais, e Mario Covas sentou-se ao meu lado na amurada da boleia de um caminhão transformada em palanque. Meneava a cabeça, a significar: “Quantas besteiras…”

O mesmo Covas que ameaçou largar o PSDB caso FHC aceitasse o convite de Collor para ser seu chanceler. E não é que o homem quase embarcou na canoa furada? Sobra minha surpresa ao constatar que dentro do próprio ninho tucano o candidato Aécio, que me mereceu simpatia desde o tempo em que carregava a pasta do avô Tancredo, confia no ex-presidente. Tancredo, aliás, dizia do sociólogo: “É o maior goela da política brasileira”.

Ao cabo, pergunto aos meus botões se vale confiar, em contrapartida, em uma candidata que, ao se apresentar como tal, atribui a sua chance à Providência Divina. Teríamos de entender que a mesma manifestação do Altíssimo determinou a morte trágica de Eduardo Campos? Os botões, como Mario Covas, exprimem o oximoro do espanto resignado.

No meio do furacão da pré-CPI, Dilma se segura em 40% na pesquisa eleitoral

Dilma, operadora de colhedeira, ainda leva, segundo pesquisa, a reeleição no primeiro turno
Dilma, operadora de colhedeira, ainda leva, segundo pesquisa, a reeleição no primeiro turno

Levantamento realizado pelo Instituto Vox Populi e divulgado pela revista CartaCapital na tarde desta quarta-feira 16 aponta, mais uma vez, a vitória da presidente Dilma Rousseff já em primeiro turno, com 40% das intenções de voto.

Em relação à pesquisa Vox Populi divulgada em fevereiro, Dilma caiu 1 ponto percentual, o que demonstra estabilidade. Os dois adversários praticamente não avançaram sobre os índices da presidente. Aécio Neves, do PSDB, registrou 16%, e Eduardo Campos, do PSB, 8%.

Juntos, os opositores têm 14 pontos a menos do que a presidente, a menos de três meses do início da campanha. O senador Aécio Neves também oscilou um ponto para baixo, comparado com a mostra de dois meses atrás.

Já Eduardo Campos, que nesta semana lançou oficialmente sua pré-candidatura com a vice Marina Silva na chapa, ganhou dois pontos. O candidato do PSC, Pastor Everaldo Pereira, foi lembrado por 2% dos eleitores.

Os pré-candidatos Levy Fidelix (PRTB), Randolfe Rodrigues (PSOL), Eymael (PSDC) e Mauro Iasi (PCB) não registraram nenhum ponto. Votos brancos ou nulos representam 15% dos entrevistados e percentual que não sabe em quem votar ou não respondeu é de 18%.

O instituto ouviu 2.200 eleitores em 161 municípios para realizar a pesquisa, entre os dias 6 e 8 de abril. Os detalhes da mostra serão divulgados nesta quinta-feira 17.

As vestais de hoje, inspiradas nas velhacarias do passado

prostitutas - clave do sul_thumb[3]Leandro Fortes, em artigo “A Moral das Velhas Prostitutas”, na revista Carta Capital, classifica de “velhacaria” a amante de Fernando Henrique e diz que o caso de Lula com Rosemary Noronha é uma tentativa de acabar com a vida pessoal do ex-Presidente, coisa que o câncer não conseguiu. E mais: classifica os jornalistas que comentam o caso como “palhaços da tristeza absorvidos pela vilania de quem lhes confere o soldo”.

Pelo jeito, a Carta Capital ainda não conseguiu, como a Veja, vender assinaturas e ganhar anúncios do Governo de São Paulo. Para isso já tem até o produto próprio, o Carta na Escola, que deve ser sucesso de audiência a partir de 2015 se Lula for mesmo candidato ao Governo de São Paulo. O jornalismo a soldo é praticado entre gregos e troianos, nas pequenas e grandes cidades. Prostitutas existem de todos os calibres, inclusive aquelas que odeiam os seus clientes.

Trata-se, em resumo, de silogismo com a seguinte ilação: os velhacos de hoje estão justificados pela velhacaria do passado. Ou estamos sendo simplistas demais?

“Carta Capital” está sumindo das bancas.

A revista Carta Capital deve esgotar rapidamente sua edição. Segundo o deputado federal baiano Jean Wyllys, em mensagem do Twitter, carros sem placa estão recolhendo a edição nas bancas em Goiânia. Ele não informa se as pessoas encarregadas estão pagando o preço de capa da revista, antes de recolher, ou se estão levando na “marra” mesmo.

Já o site 247 afirma que as denúncias que se multiplicaram na manhã/tarde deste domingo, 1, dão conta de uma verdadeira ‘razzia’, em Goiânia, sobre a revista Carta Capital que acabara de chegar às bancas. Carros sem placa de identificação percorreram as bancas de jornal de Goiânia, capital de Goiás, com homens comprando, de uma só vez, todos os exemplares disponíveis. Suspeita-se que a ação ocorra por grupos políticos ligados ao esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira, que está preso pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. O assunto já é do conhecimento de políticos de expressão nacional.

O deputado federal Ricardo Berzoini, do PT-SP, foi bem humorado no Twitter ao se manifestar sobre o caso: “Alô, Mino Carta, mande um estoque extra da Carta Capital pra Goiania, tem gente comprando todas as edições pra coleção particular”. Já o ex-deputado e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh chamou de “bandidos” os homens que promovem a retirada da revista das bancas e deu um link da reportagem na íntegra (acesse aqui).

Clique na imagem para ampliar