Ofício aponta cerco ‘espantoso’ de garimpeiros a posto de saúde e veto a transporte na terra yanomami.

Terra Indígena Yanomami é a área protegida mais pressionada da Amazônia - ((o))eco

Por VINICIUS SASSINE, da Folhapress, editado.

O crime sem castigo: apesar dos esforços da Justiça Federal, garimpeiros mandavam e desmandavam nas terras Yanomamis.

Um ofício de um chefe de divisão e de um coordenador de saúde indígena na terra yanomami, ainda no governo Jair Bolsonaro (PL), detalhou a tomada de uma UBSI (Unidade Básica de Saúde Indígena) por garimpeiros no território demarcado.

O cerco impediu voos de equipes de saúde, resultou em ameaças contra a empresa responsável pelo transporte de pacientes e profissionais e fechou o posto ainda em novembro de 2021.

A unidade acabou incendiada por garimpeiros ilegais em dezembro de 2022, último mês da gestão Bolsonaro, segundo denúncia de Júnior Yanomami, presidente do Condisi (Conselho Distrital de Saúde Indígena) dos Yanomami e Ye’kuana.

Atividade garimpeira tem provocado a poluição dos rios na Terra Yanomami, conforme a HAY — Foto: © Bruno Kelly/HAY
Foto: © Bruno Kelly/HAY

Em maio de 2022, a Justiça Federal em Roraima determinou que o governo Bolsonaro usasse a Força Nacional de Segurança Pública para garantir a reabertura da unidade básica de saúde de Homoxi, de forma que o Ministério da Saúde retomasse o atendimento na região. A decisão se deu no curso de uma ação civil pública movida pelo MPF (Ministério Público Federal).

Na mesma decisão, o juiz federal Felipe Bouzada Viana determinou a retirada dos milhares de garimpeiros que exploram ilegalmente a Terra Indígena Yanomami. Ele chegou a apontar riscos de genocídio no território.

O governo Bolsonaro, que estimulou o garimpo ilegal em terras indígenas, desrespeitou sistematicamente decisões judiciais que obrigavam a retirada dos invasores.

A quantidade de garimpeiros na terra yanomami explodiu na gestão passada e ultrapassa 20 mil invasores, segundo estimativas de associações indígenas.

Os garimpos contribuíram para um quadro de desassistência em saúde no território, com explosão de casos de malária e desnutrição, especialmente entre crianças e idosos.

O Ministério da Saúde do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou emergência em saúde pública e instalou um centro de operações com essa finalidade. Lula esteve em Roraima no sábado (21) como parte dessas ações, o que deu visibilidade à crise em curso.

O conteúdo do ofício do chefe da Divisão de Atenção à Saúde Indígena e do coordenador distrital de Saúde Indígena é reproduzido na decisão judicial de maio de 2022. O documento não cita os nomes dos servidores, que dão detalhes de uma visita técnica feita à unidade básica de Homoxi.

Diversos fatores impediam a reabertura do posto de saúde, segundo o ofício. “Já na chegada ao polo qualquer um se espantaria com a cena, a UBSI está cercada por invasores, não existe mais disfarce que tem garimpeiros no local, uma vez que estão morando ao redor da unidade”, cita o documento.

“É assustador ver o avanço de maquinários para a extração, tanto manual quanto mecanizado. Mais assustador ainda é poder identificar que existe uma população de garimpeiros que deve estar se aproximando a mil pessoas”, dizem os coordenadores de saúde.

A reportagem questionou o Ministério da Saúde sobre retomada do funcionamento da UBSI e aguarda uma reposta.

Voos que garantem a logística do crime ocorriam o tempo todo, conforme o relato dos profissionais, e a pista da unidade básica de saúde passou a ficar inoperante para pousos e decolagens voltados ao transporte de pacientes e equipes médicas.

A empresa que prestava esse serviço ao Ministério da Saúde passou a sofrer ameaças, como consta no ofício.

“Essa situação causa diversos prejuízos, como falta de assistência para aqueles que realmente precisam, inviabilizando a chegada de insumos, além de outros fatores maléficos que envolvem os nossos colaboradores, colocando-os em risco, expostos e vulneráveis”, afirma o ofício.

“O avanço da extração de minério nas redondezas está devastando a floresta e poluindo o rio. O posto corre risco de erosão no local onde se encontra localizado no polo”, dizem os coordenadores de saúde no documento.

Não havia nenhuma condição de permanência de equipes de saúde no local, segundo eles, porque “a casa apresenta infestação de morcegos, fezes de diversos animais, além da água contaminada, imprópria para consumo humano e em consequência da garimpagem”.

Há comprovação de que profissionais de saúde sofriam pressão de garimpeiros em outras comunidades, conforme o documento. Esses invasores pressionavam por atendimento médico e medicamentos, “utilizando a manipulação indígena, fazendo que eles se tornem seus aliados para fazer parte da equipe operacional e gerando conflitos dentro das comunidades”.

Os coordenadores dizem que pacientes indígenas precisavam de atendimento, mas que não havia possibilidade de prestação desse serviço em razão da invasão dos garimpeiros.

“A invasão do garimpo fez com que uma grande maioria de indígenas se deslocasse, abandonando suas comunidades de origem e se readequando à realidade dos garimpeiros. Nesse cenário, é impossível, desumano, além de arriscado, expor nossos colaboradores ao perigo.”

O pedido feito pelo MPF incluiu a reativação do posto de fiscalização da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas) na Serra dos Surucucus, onde vivem 6.000 indígenas de recente contato. O local já tinha sido alvo de uma intensa corrida pelo ouro nas décadas de 1970 e 1980.

A Justiça determinou que a Força Nacional também desse suporte à reativação do posto da Funai na região.

O juiz determinou ainda que União, Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e Funai se articulassem para combater os ilícitos ambientais na terra indígena.

Uma equipe interinstitucional, formada por “forças de comando e controle”, deveria ser criada para atender à decisão judicial. A equipe deveria permanecer no local até que houvesse “extrusão de todos os infratores ambientais”.

O governo federal também deveria destruir ou inutilizar todos os instrumentos usados para o garimpo.

O “Rei de Todas as Milícias” comemora hoje 250 mil mortes.

Agora, além das seringas, do oxigênio, das vacinas, estão em falta velas pretas para lamentar as 250 mil mortes.

O Soberano absolutista, herdeiro de Leopoldo II da Bélgica, aquele que matou e amputou as mãos de milhões de negros no Congo, deve estar comemorando com um bolo gigantesco com 250 mil velas.

Para o deputado Alexandre Padilha, só a interdição do genocida pode restaurar um pouco da esperança dos brasileiros.

Nas últimas 24 horas, morreram 1.428 brasileiros. Com os novos óbitos oficialmente notificados ao Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), o Brasil já acumula cerca de 250 mil mortos por Covid-19.

Enquanto isso, a Ordem dos Advogados Conservadores do Brasil (OACB) criou um “canal de denúncias” para que internautas denunciem postagem supostamente ofensiva contra o Déspota nas redes sociais e promete uma enxurrada de ações judiciais. Trata-se de estratégia tipicamente fascista, que visa a intimidar a oposição.

Em publicação feita no Instagram nessa terça-feira (23), a organização afirmou que processará todos os autores das mensagens. A OACB foi fundada em João Pessoa (PB), em dezembro de 2019. A imagem sobre o “disque denúncia” foi postada pelo deputado federal de extrema-direita Filipe Barros (PSL-PR) no Facebook.

Segundo o Congresso em Foco, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou nesta quarta-feira (24) que encaminhará à Corregedoria do Conselho Federal da entidade um pedido de investigação sobre “possível cometimento de infração disciplinar, além de tentativa de uso indevido do nome da Ordem”.

Na Bahia, onde ainda resta um pouco de bom senso, municípios da Região Metropolitana de Salvador iniciam às 17 horas de amanhã, sexta-feira, até as 5h da madrugada de segunda-feira, um lockdown completo, abrangendo todas as atividades não essenciais. 

Consegue chegar a uma conclusão sobre esses números na América do Sul?

Hoje o Brasil se aproximou ainda mais de 2 milhões de casos, cerca de 1% da população. 

Sabem explicar porque os números de mortes por Covid-19 são tão díspares entre esses países? Ah, sim, a população brasileira ronda 208 milhões de habitantes. Um pouco menos da metade da população de toda a América meridional.

Agora some o número de mortes dos outros países. Somou? Pois é, um pouco mais de 32 mil mortes, menos que a metade das mortes no Brasil.

Então me diga: qual é o motivo de tamanha disparidade? Seria pelo fato que o Chefe da Nação foi para a rua dizer que isso não passava de uma gripezinha? Sim, o mesmo que se negou a usar máscara e faz propaganda todo dia de um remédio recomendado para Malária e Lupus.

Agora começa a entender o que significa a palavra genocídio?

O Partido Socialismo e Liberdade (Psol) entrou com uma queixa-crime contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Supremo Tribunal Federal (STF), com a justificativa de que o chefe do Executivo teria infringido as medidas sanitárias preventiva diante da pandemia do novo coronavírus. A informação foi divulgada pela coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo, e confirmada nas redes sociais pelo ex-presidenciável Guilherme Boulos.

A ação é assinada por Boulos, além dos deputados federais Luiza Erudina (Psol-SP) e Ivan Valente (Psol-SP). Além de citar as repetidas desobediências as medidas como uso de máscara e isolamento social, o documento também relata as polêmicas declarações de Bolsonaro como a afirmação “E daí? Lamento, quer que eu faça o quê?”.

O genocídio é orquestrado e tem objetivos. Parabéns aos envolvidos!

Informação do jornal GGN e de O Globo:

Pelo menos um remédio de uma lista de 22 drogas essenciais para procedimentos feitos em pacientes graves de covid-19 estão em falta em 21 estados brasileiros e no Distrito Federal. É o que aponta um levantamento do Conass, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde.

O Conass já cobrou do Ministério da Saúde e da Anvisa mais agilidade na compra e distribuição desses medicamentos. Em reunião promovida na quinta (25), conselheiros debateram a hipótese de o mercado brasileiro estar represando os produtos para praticar sobrepreço.

“Os órgãos estudam acionar o mercado internacional para uma aquisição emergencial e reforçar as aquisições na indústria nacional”, informou O Globo.

A grande obra de Bolsonaro, além de mandar um sanfoneiro imbecil tocar “Ave Maria” na gaita, é nomear incompetentes para o Ministério da Saúde: vão conseguir reduzir a grande massa de idosos aposentados, de pobres famintos que vivem do Bolsa Família, indígenas e quilombolas.

Assim melhorarão as finanças do Governo e iniciarão a grande caminhada do desenvolvimento.

É genocídio que chama?

Bolsonaro festeja “Carreata da Morte”, chama a Oposição para o confronto com apoio do “povo e dos militares”.

A cadela do fascismo está sempre no cio.

A bestialização – fruto da ignorância – sintetiza sua negação ao diálogo e às primícias essenciais do processo civilizatório.

Remonta-nos à barbárie e à descrença nas instituições democráticas.

Um dia após depoimento do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, à Polícia Federal, Jair Bolsonaro recebe apoio em um ato em Brasília. De manhã, o Distrito Federal amanheceu com um acampamento em defesa de Bolsonaro e contra o Congresso – com ataques explícitos ao presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia – e com uma carreata com os mesmos objetivos.

Bolsonaro encontrou os manifestantes no Palácio do Planalto e, novamente, defendeu o fim da quarentena com o pretexto de que não se pode deixar os efeitos colaterais do combate ao coronavírus serem mais prejudiciais que o próprio vírus.

“Infelizmente, muitos serão infectados e perderão suas vidas, mas é uma realidade”, disse.

Bolsonaro também aproveitou para atacar os governadores estaduais, colocando a culpa neles pelo desemprego de milhares de trabalhadores durante a pandemia.

Em frente ao ato com bandeiras do Brasil, Israel e Estados Unidos, ele também declarou:

“Nós temos o povo ao nosso lado e as Forças Armadas ao lado do povo”.

A declaração é feita em momento de grande crise do Planalto com setores do Judiciário e do Legislativo. Além disso, muitas faixas pela intervenção militar, religiosas e contra os outros poderes podem ser vistas carregadas pelos manifestantes.

Com 247, editado.

Bolsonaro é denunciado por crimes contra a humanidade

Foto de Evaristo Sá, para AFP

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi denunciado por “crimes contra a humanidade” e “incitação ao genocídio de povos indígenas” do Brasil, nessa quarta-feira (27). A representação foi feita pela Comissão Arns e pelo Coletivo de Advocacia em Direitos Humanos ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

Segundo a coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo, o capitão é acusado de incitar violência contra populações indígenas e tradicionais, enfraquecer a fiscalização e ser omisso na resposta a crimes ambientais cometidos na Amazônia.

O presidente da Comissão Arns, o ex-ministro José Carlos Dias, explicou a coluna o objetivo com o processo internacional. “Aqui não encontramos um caminho eficiente. Indo para lá [o TPI], esperamos estimular as forças internas do Brasil para apurarem essas questões”, disse.

De acordo com a publicação, a representação também é assinada pelo ex-ministro José Gregori e pelos advogados Antonio Carlos Mariz de Oliveira, Eloisa Machado e Juliana Vieira.

Terra Bruta: uma série de reportagens do Estadão sobre o avanço na Amazônia

desmatamento

Na Amazônia, a matança de agricultores e índios ocorre num território que perdeu, até agora, 20% da cobertura nativa. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que a Amazônia Legal perdeu uma área total de 762 mil km², equivalente a 17 Estados do Rio de Janeiro. Estima-se que 42 bilhões de árvores adultas tenham sido cortadas.

Numa conta conservadora feita por técnicos do Ibama a pedido do jornal Estadão, o crime organizado movimenta R$ 3 bilhões por ano com a queda da floresta, considerando-se apenas a etapa em que o tronco deixa a mata. Há ainda a cadeia de beneficiamento da madeira que vai faturar pesado sobre o negócio. É dinheiro mais do que suficiente para irrigar campanhas políticas em municípios e Estados, patrocinar a expansão da grilagem e, se necessário, executar quem e quantos forem necessários.

O infográfico faz parte de uma série de reportagens de O Estado de São Paulo denominada Terra Bruta. Clique no link para ver a íntegra.

As veias abertas da Bahia morena

galeanoInformação da Secretaria de Comunicação do Governo baiano: A Pacific Imperial do Brasil Ltda, empresa junior de exploração mineral canadense, assinou um contrato com a Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) para a realização de trabalhos de pesquisa de minérios de níquel, cobre e ferro-titânio-vanádio, em áreas pertencentes à companhia, situadas na região do município de Marcionílio Souza.

Em tudo a notícia lembra o livro de Eduardo Galeano, “As Veias Abertas da América Latina”, escritor uruguaio que conta a saga exploratória das potências do hemisfério norte nos pobres países ao sul do Equador.

O sistema econômico imperialista e excludente, o entreguismo dos ditadores locais, o genocídio lento e determinado, o despreparo e o analfabetismo dos verdadeiros donos da terra.

Descobre-se uma grande jazida mineral na Bahia a cada três meses, onde a nota de destaque são as terras raras. E logo em seguida entrega-se a exploração a uma empresa brasileira, de fachada, cujos principais investidores são alienígenas.

Enquanto isso, saúde e educação, responsabilidade primeira do Estado, são administradas de forma caótica. A Bahia rica não conhece a Bahia analfabeta, doente, faminta e sedenta, desde os tempos que João VI passou uma breve temporada no litoral.

Lula chega ao hospital. Quem quer saber disso?

Enquanto 232 jornais e 1.258 portais de internet noticiam que o ex-presidente Lula chegou ao hospital para fazer a segunda sessão de quimioterapia, não é informado quantos jornalistas, os insignes representantes do quarto poder, estão nos corredores dos principais estabelecimentos de saúde do País para relatar quantos brasileiros humildes, aguardam, mais ou menos conformados, sua vez de ser atendido (ou mal atendido).

O Sistema Único de Saúde do Brasil ainda vai passar para a história como o melhor “case” de eliminação seletiva de brasileiros ditos “inservíveis”, na ótica muito particular de nossos gestores públicos. 

Os escolhidos dos deuses.

Tempo médio para portadores de câncer iniciar sua quimioterapia no Sistema Único de Saúde: 73 dias. Tempo médio para pacientes iniciarem radioterapia: 113 dias. Acesso aos chamados remédios inteligentes para clientes do SUS, inclusive para aqueles que possuem planos médicos particulares: zero. Mesmo que as verbas de saúde aumentassem de maneira meteórica, para adquirir, por exemplo, 200 máquinas de radioterapia que são necessárias, ainda faltaria o principal: o diagnóstico precoce, que praticamente inexiste no SUS.

Conclusão: aqueles que podem frequentar o Hospital Sírio Libanês tem chance de viver. Os outros estão condenados à morte.

Quando citamos aqui que a Saúde Pública ainda vai passar para a história como o maior caso de genocídio do século XXI, não estamos exagerando. Ou o canceroso é escolhido pelos deuses para sobreviver ou morre na fila, como os cordeiros que vão ao sacrifício.