Com pouco mais de 20 dias de chuvas pesadas, o Lago da Hidrelétrica de Sobradinho já cresceu 10% na sua capacidade de acumulação, de 38 para 48%. Isso significa água em abundância para as usinas em sequência de Sobradinho, Apolônio Sales, Paulo Afonso (I, II, III e IV), Luiz Gonzaga e Xingó. A notícia fica melhor quando soubemos que a reguladora do médio São Francisco, Três Marias, está também próxima aos 50% da capacidade máxima.
O Sistema de geração de energia do Nordeste estava exportando, ontem, cerca de 2,3 MW para o Sudeste. Que por seu turno estava exportando 7,4 MW para o Sul, onde as barragens estão à míngua, depois de 3 anos de verão seco.
A água já ocupa todo o leito do rio e se espalha pelas lagoas da margem. O nível chegou a 7,46 metros nesta segunda-feira (9), maior que o pico registrado no início de fevereiro, que foi de 7,33 metros. Nesta terça-feira o São Francisco cresceu para 7,74 metros, tornando-se a maior cheia dos últimos 12 anos.
O nível em Bom Jesus da Lapa deve continuar subindo no decorrer da semana. Por esse motivo a população ribeirinha e pescadores devem ficar atentos às mudanças no rio. A cidade, no entanto, não deve ser atingida pela enchente, levando em conta dados históricos de vazão registrados no Norte de Minas Gerais.
A Hidroelétrica de Três Marias abriu abriu parcialmente as comportas no dia 28 de fevereiro e aumentou o vertimento na última quinta-feira (5). A previsão da Cemig, operadora da usina, é de que as comportas continuem abertas até a próxima sexta-feira (13), no entanto, não deve haver mais aumentos de vazão.
As chuvas diminuíram nas regiões das cabeceiras do rio São Francisco, em Minas. No Norte do Estado e Noroeste, além da Bahia, deve continuar chovendo até meados desta semana.
Em Carinhanha e Malhada, acima de Bom Jesus da Lapa, o rio atingiu o nível de 6,57 metros nesta segunda-feira.
No dia de ontem, o reservatório da Hidrelétrica de Três Marias atingiu 88,6% de sua capacidade. Com isso a cessionária CEMIG, de acordo com a Agência Nacional de Águas e o Operador Nacional do Sistema Hidrelétrico (ONS), resolveu abrir parcialmente as comportas, aumentando a vazão do Rio São Francisco em seu trecho médio.
Isso significa que o nível do rio deve aumentar e afetar as cidades ribeirinhas. Mas também significa um novo reforço para um enchimento mais rápido do reservatório de Sobradinho, que regula o baixo São Francisco e é responsável por 58% da capacidade de armazenamento e geração de energia no Nordeste.
Sobradinho está com 47,25% de sua capacidade e o seu crescimento significa garantia da transposição, água potável de qualidade para as cidades do baixo curso e água farta para o grande número de lavouras irrigadas, além de reforço nas hidrelétricas a jusante, Xingó (3.162 MW), Moxotó (400 MW), Paulo Afonso 1,2,3 e 4 (3.879 MW), Itaparica(1.479 MW) e na própria Sobradinho, que operando com suas seis máquinas pode alcançar 1.050 MW.
Todo o complexo hidrelétrico do São Francisco tem capacidade de gerar a pleno 10.366 MW, mais que os 50% da energia gerada em Itaipu, 14 mil MW, repartidos com o Paraguai.
Serra da Mesa, em Uruaçu-GO: água se encontra muito longe das margens tradicionais.
Os grandes reservatórios do País continuam reagindo lentamente às últimas chuvas. Sobradinho, o mais importante do Nordeste e o maior do País, responsável por 58% do potencial hidrelétrico da região, cresce lentamente.
Na medição de ontem apontava 32,41% da capacidade de acumulação, apesar da cheia do rio São Francisco acusar vazões de até 4.500 m³ por segundo e a vazão de suas turbinas ser mantida em 1.100 m³ por segundo. A CHESF calcula que até meados deste mês o reservatório atingirá 40% de sua capacidade.
Outro grande reservatório, o de Furnas, responsável por 17,28% do potencial de energia do Sudeste-Centro Oeste, estava, ontem, um pouco acima de 18%.
Os reservatórios de Nova Ponte e Emborcação, no rio Paranaíba, responsáveis, na soma, por 21% do potencial energético do subsistema Sudeste-Centro Oeste, estavam com 17% e 20%, respectivamente.
E o grande reservatório de Serra da Mesa, que chegou a ter apenas 7% de sua capacidade nos últimos meses de estio, recupera-se para 11,67%. Serra da Mesa está localizada no rio Tocantins e é responsável por 17% do potencial energético do subsistema Sudeste-Centro Oeste.
O grande lago de Sobradinho, com 400 km de extensão, fornece água a quase todo o Nordeste e gera energia em sequência de hidrelétricas: Sobradinho, Delmiro Gouveia, Moxotó e Xingó.
O grande volume de chuvas registrado na região central de Minas Gerais, nas cabeceiras do rio São Francisco, ainda não chegou ao reservatório da Hidrelétrica de Sobradinho, que de quinta para sexta-feira desta semana aumentou de 32,10% para 32,18%.
O segundo maior lago artificial do mundo, com mais de 4.200 quilômetros quadrados de lâmina d’água e 400 km de extensão ao longo do Rio, reage lentamente depois de quase 9 meses de estio na sua grande bacia. Construído no final da década de 70, poucas vezes o reservatório esteve na sua cota máxima. Hoje em dia, alimenta o braço norte da transposição e dezenas de milhares de pequenos irrigantes em suas duas margens.
Ainda falta muito para Sobradinho atingir a vazão média histórica de 2.846 metros cúbicos por segundo, o que talvez não aconteça este ano, dado ao fato de que o lago da hidrelétrica é o regulador do baixo São Francisco, tendo que guardar água para a estação seca que entra em abril-maio.
O lago de Três Marias, regulador da vazão do médio São Francisco, progrediu para mais de 71% de sua capacidade no último dia do mês de janeiro, depois de receber integralmente a cheia do rio das Velhas.
Em Bom Jesus da Lapa, o rio São Francisco já mostra toda a sua força: invade lagoas e restingas laterais, encobre ilhas e começa a submergir pequenos quiosques em suas margens.
Essa torrente deve chegar em meados desta semana ao Lago de Sobradinho, contribuindo para a recuperação do reservatório.
Hidrelétrica de Xingó: dependente da vazão média de Sobradinho.
A par disso, a hidrelétrica de Sobradinho já aumentou sua vazão, aumentando o número de turbinas em serviço – eram apenas três no final de dezembro e beneficiando a hidrelétrica de Xingó e o baixo São Francisco. Pela baixa vazão, o trecho final de 300 km do rio vinha enfrentando o aparecimento de algas e má qualidade da água, que é servida em dezenas de municípios ao longo do trecho final, tanto na Bahia, como em Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Da Redação de O Expresso, com dados do Operador Nacional do Sistema Energético (ONS).
Em Bom Jesus da Lapa o rio aumentou o nível em cerca de 1,40 metro em apenas 24 horas, com uma vazão acima de 1.500 m³ por segundo. A maioria das ilhas já estão encobertas e os ribeirinhos já preveem a inundação das restingas costeiras.
Essa torrente que desce em direção ao reservatório de Sobradinho deve elevar o nível para 40% da capacidade, enquanto no domingo era de apenas 32%. A represa de Três Marias já está com sua capacidade elevada para perto de 70%.
Com Sobradinho colocando suas turbinas a pleno, Xingó também terá a geração de energia aumentada, significando que as térmicas a fuel oil, gás é diesel, de operação caríssima, poderão ser desligadas paulatinamente.
Logo depois da meia noite, o Nordeste ainda importava 2.028 megawatts do sistema amazônico e as térmicas geravam 2.792 MW. A geração hidrelétrica era responsável por 3.492 MW, enquanto a eólica fornecia 3.295 MW.
Quatro pessoas, dois adultos e duas crianças, morreram afogadas, agora à tarde, numa ilha fluvial nas proximidades da zona urbana de Bom Jesus da Lapa, conhecida como Ilha da Mariquinha.
As vítimas de afogamento não foram resgatadas. Quando os bombeiros chegaram já caía a noite e as tentativas de resgate acontecerão na manhã desta segunda-feira. A Polícia ainda não tem a identidade das pessoas vitimadas, mas acredita-se que as crianças encontraram dificuldades e os adultos tentaram salvá-las, perecendo igualmente nas águas traiçoeiras do grande rio da integração nacional.
Após decretar a morte do rio Paraopeba, por causa da lama que desceu da Barragem da Vale, em Brumadinho, na Grande BH, a Fundação SOS Mata Atlântica alerta para a contaminação do rio São Francisco.
Um levantamento feito, entre os dias 8 e 14 de março, comprovou que contaminantes mais finos estão passando pela barreira da hidrelétrica de Retiro Baixo, em Felixlândia (a 193 km de BH), e seguem descendo até a represa de Três Marias (a 271 km de BH), no curso do Velho Chico.
O estudo, segundo o biólogo e educador da fundação Tiago Félix, tem o objetivo de esclarecer as dúvidas da população.
” Diversos setores da sociedade nos perguntavam sobre o rio São Francisco. Diante dos questionamentos, decidimos analisar o impacto na região para informar a sociedade.”
Segundo os dados, nove dos 12 pontos analisados entre Felixlândia e Pompéu, no ponto onde o Rio Paraopeba deságua no Rio São Francisco, já estão com água imprópria para o consumo da população.
Em alguns pontos, a falta de transparência da água, chamada de turbidez, está até seis vezes maior do que o permitido pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente. Metais como ferro, manganês, cromo e cobre também apresentam concentração acima do permitido pela legislação.
Neste último dia 20, o reservatório de Três Marias estava com 72,36% de sua capacidade. Um alento para a barragem que, além de gerar energia, regula todo o fluxo do médio São Francisco. Sobradinho também já ultrapassou 40% de sua capacidade.
O baixo São Francisco: vazão regulada nas barragens.
A pelo menos 3 meses de chuvas substanciais nas cabeceiras, o rio São Francisco começa a demonstrar sua debilidade, com a queda do nível dos reservatórios, apesar da rígida regulação da vazão nas barragens. O reservatório de Sobradinho está pouco acima de 29% da sua capacidade; Três Marias com 39% e Itaparica com 21%. A capacidade de geração está limitada em Sobradinho à vazão de 550 m³/segundo, quando a descarga mínima até 2015 atingia até 1.300 m³/segundo.
De outubro de 2016 a maio de 2017, choveu 51% abaixo da média para o período, o que faz do período chuvoso de 2016/2017 o pior ano hidrológico para a bacia do São Francisco. O último ano de precipitação acima da média foi em 2011.
Na última temporada de chuvas, 2017/2018, grandes precipitações nas cabeceiras recuperaram parte dos reservatórios. Sobradinho chegou a ultrapassar 40%. No entanto a regulação tem proporcionado aparecimento de algas nas secas e salinização de grandes trechos do rio na foz.
Projetos Codevasf, sustentando dezenas de milhares de famílias ao longo da Bacia do Rio São Francisco.
Mesmo as chuvas tendo diminuído o ritmo, na grande bacia de 641.000 km² do rio São Francisco, o reservatório de Sobradinho continua aumentando seu índice de armazenamento d’água.
Hoje o lago da maior hidrelétrica do Nordeste, 11.000 Mw de potência instalada, atingiu os 35% e caminha célere para a marca de 40%.
Ainda é pouco para tantas responsabilidades como reservatório regulador de Itaparica e Xingó e fornecedor de água para os dois eixos da transposição e cerca de 150 mil hectares de pequenas irrigação.
Espera-se que a chuva continue no Nordeste para chegar ao menos até os 50%, com o qual deverá atravessar no mínimo 6 meses de estação de estio.
Vejam o tanto que a crise hídrica foi feia este ano: o reservatório da hidrelétrica de Sobradinho atingiu ontem 4,06%, quando em 12 de dezembro de 2016 estava em 12%. Isso que a vazão afluente (a que chega no reservatório) está em 1.100 m³/s e apenas 604 m³ está sendo liberado pelas turbinas.
A vazão média do rio é de 2.943 m³/s, o que dá uma ideia de quanto os afluentes e lençóis freáticos ainda estão baixos.
Três Marias também está economizando água para a estação do estio. Está recebendo 1086 m³/segundo e gastando apenas 79 m³/s.
O objetivo é guardar água para perenizar a vazão do Velho Chico no próximo ano. Itaparica, Paulo Afonso e Xingó estão gastando tudo que recebem do alto do rio, em torno de 498 a 520 m³/segundo.
Como dizia e diz ainda para nossas almas, Guimarães Rosa, que andou pelo grande sertão e pelas veredas, “o rio não quer chegar, mas ficar largo e profundo…”
O cânion do São Francisco, em Canindé, depois de deixar os planaltos centrais da Bahia.
Fotos do Estado de Minas. O São Francisco, no alto do seu curso, se recupera depois da prolongada estiagem.
A notícia não deixa de ser boa, apesar da severa crise hídrica que assola a grande bacia do Rio São Francisco. Na leitura de ontem, o reservatório da hidrelétrica de Sobradinho cresceu de meros 1,62% para 2,15%. Sinal que o resultado das últimas chuvas já chegaram ao grande lago artificial.
Espera-se que a grande bacia hidrográfica, que atinge regiões distantes no centro-norte de Minas, Brasília (no DF) e nas águas vertentes da Chapada Diamantina possa realimentar o reservatório para valores acima dos 30% verificados em abril deste ano.
Segundo as determinações do Comitê da Bacia do São Francisco, neste ano de 2018 os reservatórios de Três Marias, Sobradinho, Itaparica e outros, ao longo do rio, terão como missão prioritária a perenização, com a regulação do fluxo. As hidrelétricas deixam de priorizar a geração de energia para manter a vazão constante ao longo do ano. É provável que seja determinada uma vazão bem inferior aos 550 m³/segundo, quando a vazão média do rio chega a 2.850 m³/s
Com as chuvas chegando, os grandes equipamentos de irrigação, principalmente à margem esquerda do São Francisco também deixam de operar, o que alivia os contribuintes do rio.
Leitura de ontem, 5, do nível do reservatório da hidrelétrica de Sobradinho: 2,62% da capacidade total. Isso significa que a barragem já está no volume morto e o a água que está saindo pelos vertedouros é apenas aquela que está entrando no reservatório, descontados os valores da utilizada pelos ribeirinhos e pela evaporação. Bem menos de 230 m³/s, enquanto há poucos dias a barragem gerava energia com 1.250 m³/s.
Então, água é assunto sério e será cada vez mais agudo nos próximos anos, dados o aumento da temperatura e a falta de chuvas frequentes. Todo o Nordeste e grande parte do Centro Oeste e Sudeste estão em perigo e a utilização da água é fator estratégico. Só em Petrolina e Juazeiro são 120 mil hectares de pequenos produtores que devem ser irrigados com constância, pois a maioria é de lavouras perenes.
A água no Nordeste já se tornou de fato um problema social de proporções alarmantes. É só observar com atenção a foto do advogado Aurélio Miguel, publicada nas mídias sociais. O Rio Grande, um dos maiores afluentes do rio São Francisco, é apenas uma lembrança do que foi.
O portal Uai do jornal Estado de Minas realizou um vídeo mostrando o alto Rio São Francisco na mais desesperadora de suas crises.
Ontem, o reservatório da hidrelétrica de Sobradinho estava um pouco acima de 3%, praticamente em seu volume morto. As margens do grande lago já recuaram mais de 6 quilômetros, transformando a pesca, o turismo e a agricultura uma mera lembrança. Se chover ao final de dezembro, só em meados de janeiro o rio recuperará parte do seu fluxo.
Pior: a crise deve se agravar em 2018, pois a baixa capacidade de investimentos do Governo Federal, abalado por uma crise econômica e política sem precedentes, não permitirá que se façam obras de barrageamento e reservação do fluxo da grande bacia.
Certamente o período de 2017/2018 não será de grandes cheias como no Alto São Francisco
No dia 26, quinta-feira da semana posterior a esta que se inicia, tem uma previsão de chuva com 60% de possibilidade. Mas olha a quantidade de chuva: 5 mm. Passados mais três dias, outra oportunidade de chuva, com 80% de possibilidade, mas com apenas 1 mm, isto é, nada. Enquanto isso, o rio São Francisco está transformado em um pequeno ribeirão. No reservatório da hidrelétrica de Sobradinho a água residual é de apenas 4%.
Ainda lembro: nos anos 80, a chuva das flores anunciava a primavera em setembro e nos primeiros dias de outubro caia água que Deus mandava, parando apenas para um veranico em fevereiro e chovendo com gosto em março até meados de abril.
Veja os grandes períodos de seca no Nordeste, relacionados pela revista Super Interessante:
1723/1727 Essa foi uma das primeiras grandes secas registradas que atingiu a região Nordeste – principalmente a área em que, na época, ficava a Capitania de Pernambuco. Grupos de índios fugiram das serras e invadiram fazendas. Além da seca, uma peste assolou a região no mesmo período, causando uma enorme mortalidade nas populações mais frágeis, especialmente os escravos.
1776/1778 Essa foi mais uma seca combinada com um surto de doença, no caso, a varíola. A taxa de mortalidade foi altíssima, não só de pessoas, mas também de animais, principalmente o gado. A solução encontrada pela Corte Portuguesa foi repartir as terras adjacentes aos rios entre os povos flagelados.
1877 / 1879 Essa seca, que atingiu todo o Nordeste, mas especialmente o Ceará, causou a morte de 500 mil pessoas. O fenômeno também gerou uma grande migração: 120 mil nordestinos fugiram para a Amazônia e 68 mil partiram para outros estados brasileiros. O governante na época, o Imperador Pedro II, visitou o Nordeste e prometeu vender até a última joia da Coroa para amenizar o problema. Não preciso nem dizer que o pessoal está até hoje esperando essa grana…
1919/1921 Essa seca muito grave, que atingiu principalmente o sertão de Pernambuco, fez aumentar muito o êxodo rural do Nordeste. A imprensa e a opinião pública pressionaram e exigiram uma atuação eficaz do governo para resolver o drama das famílias afetadas. Com isso, em 1920 foi criada a Caixa Especial de Obras de Irrigação de Terras Cultiváveis do Nordeste Brasileiro, mantida com 2% da receita tributária anual da União. Apesar disso, nada foi feito para efetivamente resolver o problema.
1934/1936 Essa foi uma das maiores secas enfrentadas pelo Brasil (que se tem registro). O longo período de estiagem não ficou restrito ao Nordeste: além de afetar nove estados na região, Minas Gerais e São Paulo também sofreram com a falta de chuvas. Depois disso, o problema no sertão nordestino passou a ser encarado como um problema nacional.
1963/1964 A seca que começou em 1963 foi gravíssima. A estiagem bateu recordes em várias estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Distrito Federal. Até a Amazônia sofreu com falta de chuva. Além disso, uma onda de calor muito forte assolou o país.
1979/1985 Essa foi uma das secas mais prolongadas da história do Nordeste: durou 7 anos. O auge do problema foi em 1981. Na época, o ditador-presidente João Figueiredo chegou a fazer uma declaração dizendo que só restava rezar para chover. A estiagem deixou um rastro de miséria e fome: lavouras perdidas, animais mortos, saques à feiras e armazéns por uma população faminta e desesperada. No período, 3.5 milhões de pessoas morreram, a maioria crianças sofrendo de desnutrição.
1997/1999 A década de 90 sofreu com os efeitos do fenômeno El Niño, que causa o aumento das temperaturas das águas e traz várias consequências para o clima – entre eles, o agravamento de secas no Nordeste. A seca do final dessa década foi terrível. Foram 5 milhões de pessoas afetadas, saques a depósitos de comida devido às mortes de animais e lavouras perdidas. A seca foi tão grave que Recife passou a receber água encanada apenas uma vez por semana.
2001 A seca de 2001 foi um prolongamento do período de seca do final da década de 90, que teve uma trégua em 2000. O Rio São Francisco sofreu com a pior falta de chuvas de sua história, causando uma diminuição drástica do volume de suas águas. Para piorar a situação, a falta de chuvas em todo o Brasil contribuiu para a pior crise energética que o país já viveu, somando a estiagem prolongada à falta de investimentos no setor.
2007/2008 Em 2007, ocorreu a pior seca da história no norte de Minas Gerais, região do estado de clima semiárido. Não choveu nada entre março e novembro de 2007 e as precipitações abaixo da média continuaram durante o ano seguinte. No total, foram 15 meses de estiagem. Durante o período, foram registrados quase 54 mil focos de incêndio e mais de 190 mil mortes de cabeças de gado. Centenas de municípios decretaram estado de emergência.
Ao que tudo indica estamos em meio a uma das grandes crises hídricas do Nordeste. Praticamente não choveu em 2014, 2015 e 2017 se avizinha como um dos piores anos de precipitação pluviométrica do Nordeste, com exceção de uma franja, maior do que o normal, ao longo do litoral.
Em Xique-Xique, em agosto, as águas já entravam com dificuldades no canal. A balsa que faz a travessia para a cidade de Barra tem dificuldades com o calado para atravessar o rio.
Segundo medições realizadas ontem, o reservatório de Sobradinho, sobre o rio São Francisco, está com apenas 5,87% de sua capacidade. Com 3% o reservatório entra no volume morto.
Isto é: só ultrapassará a barragem o volume de água que chegar a Sobradinho, que hoje é muito pouco, bem abaixo dos 550 metros cúbicos por segundo liberados atualmente.
Os produtores rurais que retiram água do lago artificial se queixam que não aguentam mais comprar canos para avançar cada vez mais com a captação.
Com as chuvas fortes previstas só para novembro, o grande rio deverá cortar seu fluxo normal na segunda quinzena de outubro. É a morte anunciada. Se não chover em sua bacia este ano, dentro da normalidade, acima dos 1.000 milímetros, dificilmente o rio se recupera no próximo ano.
As previsões meteorológicas não são otimistas. Na foz, o rio já recuou 8 kms com a diminuição da vazão e a entrada do mar.
Um dia sem captação de água
A captação de água na bacia do Rio São Francisco está proibida às quartas-feiras, exceto para abastecimento humano ou animal, segundo o portal G1. A medida, batizada de Dia do Rio, visa evitar que a represa de Sobradinho, na Bahia, chegue ao volume morto e foi anunciada pela Agência Nacional de Àguas (ANA) nesta segunda-feira (19).
De acordo com a agência, chove abaixo da média na bacia do São Francisco há sete anos.
Sobradinho é o maior reservatório do sistema, com volume útil de 28 bilhões de m³ e capacidade para armazenar 34 bilhões de m³ de água.
A regra vale da próxima quarta (21) até 30 de novembro de 2017, quando está previsto o fim do período seco, mas poderá ser prorrogada caso atrase o início do período de chuvas na região.
Em Pirapora, o rio é um fio d’água correndo entre os lajedos.
Para preservar os estoques, a ANA vem autorizando a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) a reduzir a vazão mínima média das represas de Sobradinho e Xingó desde abril de 2013. Sem essa intervenção, Sobradinho teria esgotado seu volume útil em novembro de 2014, segundo a agência.
A nova norma afeta mais de 2 mil usuários, principalmente produtores que irrigam plantações e indústrias. Ela abrange a calha do rio São Francisco, 14 afluentes de gestão federal, os lagos dos seis reservatórios da bacia e o complexo Paulo Afonso, na Bahia.
Quem descumprir a resolução da ANA poderá receber advertência, multas e ter a bomba de captação lacrada.
A suspensão foi articulada com os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe e também com o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco.
A medida
Está proibida a retirada de água no Rio São Francisco às quartas-feiras para todos os usos, inclusive irrigação. Só é permitida a captação para consumo humano e animal, usos prioritários em casos de escassez, segundo previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei 9.433/97).
Fica suspenso também o uso para irrigação de volumes de água reservados antes do “Dia do Rio”.
Sobradinho e Xingó
Desde o início de junho, a vazão média diária autorizada pela ANA nos reservatórios de Sobradinho e Xingó é da ordem de 550 m³/s, o menor patamar já praticado.
De acordo com a agência, o último ano em que foi registrada precipitação acima da média na Bacia do Rio São Francisco foi 2011, o que vem baixando os estoques de água armazenados.
Piaçabuçu, na foz do rio: água salgada e contaminada por esgotos. Foto de Jonathan Lins
A licença ambiental do Ibama para a operação do reservatório de Xingó fixa a vazão defluente média mensal em 1.300 m³/s. A ANA diz que a captação abaixo desse patamar, que vem sendo praticada desde 2013, já permitiu poupar mais de 38 bilhões de m³, o que equivale 134% do volume útil de Sobradinho.
As reduções de vazão foram implementadas de maneira gradual com autorizações especiais expedidas pelo Ibama e a realização de testes efetuados pela Chesf, que informou não ter identificado problemas críticos com a prática de vazões reduzidas.
“Frente à tendência de agravamento no segundo semestre da mais severa seca que se tem registro na bacia do rio São Francisco, de cenários que apontam para o esgotamento do volume útil do reservatório de Sobradinho e das incertezas quanto ao próximo período chuvoso, é necessário adotar medidas adicionais ainda mais restritivas na gestão da oferta e da demanda de água para fazer frente à crise instalada”, argumenta a ANA em nota.
Bacia do São Francisco
A bacia do rio São Francisco possui mais de 2.800 km² em seis estados (Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Goiás), além do Distrito Federal.
A área da bacia hidrográfica é de 641 mil Km², correspondente a 8% da área do País. Mais de 85% da água da bacia é usada para irrigação, 10% para abastecimento público e menos de 5% para outros fins, como mineração e indústria.
O NOAA, o Serviço Nacional de Clima dos Estados Unidos, atualizou suas previsões sobre o La Niña e aumentou as chances de o fenômeno se desenvolver para um percentual de 55% a 60% durante o período de primavera/verão do hemisfério sul e outono/inverno do norte.
O fenômeno, esfriamento das águas do oceano Pacífico Equatorial, ao contrário do fenômeno El Niño, causa chuvas no Norte/Nordeste do Brasil e falta de chuvas no Sudeste/Sul do País, onde se concentram as maiores lavouras de verão
Durante o último mês, as águas do oceano Pacífico seguiram esfriando, ficando quase abaixo da média de neutralidade climática, reforçando a possibilidade de ocorrência do fenômeno.
É um ano propício para o sertão virar mar. E estamos precisando: este é o ano mais seco da última década no Nordeste, o que pode ser provado pela diminuição dos rios da grande bacia hidrográfica do São Francisco e pela vazão do grande rio da integração nacional.
Devido à falta de chuvas em grande parte do estado da Bahia, o governo publicou nesta quinta-feira (14), no Diário Oficial do Estado, a situação de emergência em 173 municípios.
O decreto segue instrução normativa do Ministério da Integração Nacional, que estabelece critérios para a decretação de emergência nas cidades, nos estados e no Distrito Federal.
Veja no vídeo acima imagens do Rio em 2014, em Pirapora, na divisa de Minas com a Bahia, que já se anunciava como a maior seca dos últimos 100 anos. Nos últimos três anos a seca só se agravou, com chuvas inconstantes nas cabeceiras do São Francisco.
Por Adilson Fonsêca, da Tribuna, editado por O Expresso
O reservatório de Sobradinho, no rio São Francisco, o segundo maior lago artificial do mundo, caminha célere para o volume morto, que seria alcançado quando suas reservas caírem abaixo de 3%. Na medição de ontem, pelo Operador Nacional do Sistema elétrico, o nível da grande barragem é de 12,8%.
A vazão de entrada no reservatório é de apenas 500 m³/segundo e a vazão de saída de 600 m³/s, baixa até para manter a qualidade das águas a montante, sem algas que comprometam a potabilidade.
Seis anos de seca na grande bacia hidrográfica do Rio comprometeram, paulatinamente, a reserva de águas.
Só para se ter uma ideia do tamanho da crise hídrica, em meados de outubro de 2014 Sobradinho ainda tinha uma reserva de 24,39%.
Em Itaparica, velhos prédios inundados na construção da barragem aparecem como fantasmas de um passado recente.
A resolução da Agência Nacional de Água (ANA) é um prelúdio do que estar para vir, caso continuem as condições adversas de chuvas ao longo da Bacia do Rio São Francisco. Com apenas 12,8% do seu volume útil de água, o lago da Barragem de Sobradinho, que regula todo o sistema hidrelétrico das barragens que formam o complexo de Paulo Afonso e Xingó, de onde são gerados 60% da energia que abastece a região Nordeste, caminha para o volume morto.
Em decorrência disso, a ANA proibiu que todas as captações de água ao longo do rio, desde a sua nascente em Minas Gerais até a sua foz, entre os estados de Alagoas e Sergipe, sejam suspensas em um dia da semana, começando já na próxima terça-feira. Somente a água destinada ao abastecimento da população e de animais poderá ser retirada neste dia. Com isso, todos os projetos de irrigação e, sejam de pivôs ou de bombeamento direto da calha do rio ficam proibidos, o que, segundo a ANA, permitirá uma economia de 40 metros cúbicos por segundo de água.
Segundo informou a ANA, através de nota da Assessoria de Comunicação, a medida denominada ” Dia do Rio” vai ser aplicada para todos os usos, menos para consumo humano e dessedentação animal. Objetivo é preservar o estoque de água armazenado nos reservatórios e evitar que Sobradinho alcance o Volume Morto antes do início do período chuvoso, em dezembro.
Conforme nota emitida anteriormente, a própria agência trabalha com um possível cenário de que Sobradinho chegue ao Volume Morto, quando não é possível a geração de energia a partir do uso da barragem, ainda em agosto deste ano. A medida inclui retiradas para todos os usos, dos perímetros de irrigação, mesmo que sejam oriundas de volumes de água reservados previamente.
Alerta vermelho As restrições ao uso das águas do Rio São Francisco vão vigorar a partir da próxima quarta-feira e até 30 de novembro, quando se espera a chegada das chuvas ao longo da bacia. A regra vale para aquelas captações que ainda não estejam submetidas a regras mais restritivas de uso e caso não haja uma melhoria significativa nos níveis de reservatórios do São Francisco, as restrições serão prorrogadas.
No dia de ontem, técnicos do Operador Nacional do Sistema Elétrico anunciaram que o reservatório de Sobradinho está com apenas 14,27% de sua capacidade. No mesmo Rio São Francisco, o reservatório de Três Marias está com 30,83% da sua capacidade e Itaparica com 19,19%. Fontes extraoficiais dizem que a Bahia tem 50% de sua energia gerada no sistema eólico, estando em funcionamento quase 100% das caríssimas termoelétricas.
Kênia Marcelino, presidente da Codevasf, expôs, hoje, aos participantes da Plenária Ordinária do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), que ocorre em Recife (PE) até amanhã, sexta-feira (19), o trabalho desenvolvido pela instituição para lidar com o cenário de agravamento da escassez hídrica e indicou as providências que estão sendo adotadas para suporte aos projetos públicos de irrigação mantidos pela empresa na bacia do São Francisco.
De acordo com a Presidente da Codevasf, mais de R$ 35 milhões foram investidos somente em 2015 na instalação de sistemas de bombeamento flutuante – que permitem a captação de água para os projetos de irrigação mesmo com a redução da vazão do rio São Francisco – e em ações de desassoreamento. “Os projetos públicos de irrigação da Codevasf estão sendo continuamente equipados com infraestrutura para captação nesse contexto de redução dos níveis da água ao longo do rio São Francisco e na barragem de Sobradinho”, afirma Kênia Marcelino.
Ela destaca que intervenções são necessárias não apenas para garantir irrigação e travessia, mas principalmente abastecimento humano.
Nesta quinta-feira (30), a chuva segue intensa sobre a Bahia e agora também chove forte em Sergipe e no interior de Pernambuco e da Paraíba. Nas demais áreas, a chuva é em forma de pancadas e vem com menor intensidade.
Hoje choveu na grande Irecê, com pouca intensidade, mas beneficiando cultivos irrigados.
No Oeste baiano, a cultura do algodão é a mais beneficiada, pois o ciclo completo da cultura ainda se estende por mais 2 meses. Chuvas esparsas em abril serão muito benéficas.
O reservatório de Sobradinho, que deveria estar no mínimo com 30% da capacidade ocupada no final da estação chuvosa, encontra-se pouco acima de 15%.
A situação é alarmante e se não chover muito forte nas cabeceiras do rio, o que parece improvável, teremos a barragem no volume morto antes de novembro, quando se inicia um novo período de chuvas.
A Nasa divulgou as primeiras imagens de ontem (24) do novo satélite da NOAA, o GOES-16, e iniciou uma nova era de satélites meteorológicos. Esta imagem feita em 15 de janeiro de 2017, foi criada usando vários dos 16 canais espectrais disponíveis no instrumento GOES-16 Advanced Baseline Imager (ABI).
Depois de uma longa estiagem no período de enchimento de grão, com redução de colheita de até 12 sacas por hectare, produtores do Norte do Mato Grosso agora enfrentam chuvas na colheita, o que também prejudica a safra.
Enquanto isso, na região de Rosário, na Argentina, agricultores ainda tentam plantar soja em terras que foram inundadas, mesmo depois de encerrada há quase 60 dias a janela de produtividade máxima. As extensas várzeas do Rio Paraná estão cobertas de água em até 40 km de largura.
Veja a previsão do Notícias Agrícolas para os próximos dias no Nordeste:
Sexta
Entre o leste da BA e o leste do RN, faz sol entre nuvens e há previsão de chuva isolada. No litoral sul da BA há previsão de chuva a qualquer hora. Nas demais áreas da Região o sol brilha forte, faz calor e a umidade do ar fica baixa.
Sábado
Sol forte e tempo seco em grande parte da Região Nordeste. Entre o leste da BA e o leste do RN faz sol entre nuvens e ocorrem pancadas isoladas de chuva. No norte do MA chove fraco ao amanhecer. No litoral sul da BA chove a qualquer hora.
Domingo
No litoral da BA muitas nuvens se formam e há previsão de chuva a qualquer hora. Nas demais áreas entre o leste da BA e o RN e no norte do MA faz sol e chove de forma isolada. Nas demais áreas o sol brilha forte e o tempo fica seco.
Segunda
O dia terá sol entre nuvens e há previsão de chuva isolada entre o leste da BA e o leste do RN e no norte do MA. Nas demais áreas o sol brilha forte, faz calor e o tempo fica seco.
Terça
Entre o litoral da BA e o leste do RN, o tempo segue com previsão de sol entre nuvens e chuva isolada ao longo do dia. Nas demais áreas da Região o sol brilha forte, as temperaturas entram em elevação e o ar fica seco, não há risco de chuva.
Otto Alencar e a fábrica de florestas
Hoje, o senador Otto Alencar, em entrevista nas rádios, divulgou a implantação de sua fábrica de florestas em Bom Jesus da Lapa, viveiros de espécies nativas do cerrado, caatinga e mata atlântica destinadas a repovoar as margens de afluentes e do rio São Francisco. “Se não reflorestar, vai faltar água”, asseverou Otto.
As margens dos rios são áreas de preservação permanente, pela lei. Mas poucos obedecem a lei neste País, a começar pelos dirigentes da Nação.
Foto de Marcello Casal, da Agência Brasil.
Reservas ainda baixas
Ontem o Rio São Francisco, responsável por 96% da geração de energia hidrelétrica da região, estava com reservas de apenas 11,12% em Sobradinho, muito pouco quando o período chuvoso está a pouco mais de 60 dias do seu final.
As primeiras ações concretas do novo programa governamental de revitalização da bacia hidrográfica do rio São Francisco, intitulado de “Novo Chico”, só deverão sair do papel no segundo semestre de 2017. Isso porque ainda serão realizados diagnósticos de campo pela equipe do governo federal, que se reuniu na manhã desta sexta-feira (21.10), em Salvador, com representantes do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e instituições que atuam pela defesa da bacia, entre elas o Governo da Bahia.
Esta é uma da série de reuniões que a União vem provocando junto aos estados que integram a bacia para a definição de uma linha conjunta de trabalhos. Além da capital baiana, já foram realizados encontros no Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. “O primeiro semestre de 2017 ainda será para preparação do Plano. Iremos a campo. Além da realização de diagnósticos, prioridades serão identificadas e ações serão iniciadas e concluídas. Esse é o nosso objetivo”, destacou Henrique Pinheiro Veiga, gerente do Departamento de Revitalização de Bacias Hidrográficas do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
O membro titular do CBHSF Almacks Luiz cobrou uma posição mais ativa dos estados na implementação dos trabalhos. “Não é justo o governo federal destinar um alto valor para o programa se as unidades federativas não se posicionarem com contrapartidas”, disse ele, que criticou a ausência de uma efetiva política estadual de recursos hídricos, especialmente em território baiano.
O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Médio São Francisco, instância do CBHSF, Ednaldo Campos, lembrou que muito do trabalho que está sendo realizado tem como base o Plano de Recursos Hídricos da Bacia do São Francisco, recentemente aprovado pelo comitê federal. “A discussão ainda está começando, mas vejo que todos estão dispostos a contribuir para a melhoria da bacia”, avaliou.
A previsão do governo federal é de investimentos iniciais de R$ 904 milhões, de 2016 a 2019. Recentemente, uma ementa orçamentária foi aprovada pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado Federal, destinando R$ 300 milhões à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para a implementação de ações de recuperação e preservação da bacia do São Francisco. Da Ascom Codevasf.
Pela leitura da última quinta-feira, o reservatório de Sobradinho, o segundo maior do mundo, estava com apenas 8,6% de sua capacidade de armazenamento. Com o regime de chuvas ainda reduzido, a tendência é que até o fim de novembro, quando se uniformizam as chuvas, segundo as previsões, essa proporção deverá atingir situação crítica.
A vazão nas turbinas de Sobradinho já foi reduzida para 700 m³/segundo, o que compromete a qualidade da água a montante, onde mais de 100 municípios retiram sua água para a rede doméstica. O surgimento de algas poderá comprometer ainda mais essa qualidade.
O Ceará enfrenta a maior seca dos últimos 100 anos, desde aquela relatada por Rachel de Queiroz no seu romance de estreia, “O Quinze”. Brasília tem água para apenas mais 60 dias, segundo relato de técnicos do DF. A hidrelétrica de Serra da Mesa está entrando na faixa de 10% de seu reservatório. E o segundo maior lago artificial do mundo, Sobradinho, está entrando em apenas 12% da capacidade de seu reservatório. Os administradores querem reduzir a vazão do reservatório para 800 m³ por segundo.
O problema hídrico do Norte/Nordeste do País é realmente sério, se as chuvas não entrarem até meados de novembro.
A Agência Brasil relata:
Desde 1910, o Ceará não passava por uma seca tão severa como a dos últimos cinco anos, revela levantamento feito pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), com base nos volumes de chuva dos últimos 100 anos. Antes desse período de estiagem, somente a seca de 1979 a 1983 havia sido tão grave e longa: a média anual de chuvas registrada na época foi de 566 milímetros (mm). De 2012 a 2016, a média caiu para 516 mm.
Açude Castanhão, um dos três maiores do estado do Ceará. Foto de Everardo Onofre/Ministério da Integração Nacional
A pouca água acumulada nos reservatórios, chuvas abaixo da média histórica, o crescimento da população nas zonas urbanas e o incremento de atividades econômicas no estado são fatores que, aliados, culminam na crise hídrica atual.
Segundo o presidente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), João Lúcio Farias de Oliveira, os 153 açudes monitorados pelo órgão tiveram recarga média de 890 milhões de metros cúbicos (m³) em cada um dos últimos cinco anos de seca. A média anual histórica do estado é de 4 bilhões de m³. “As reservas foram caindo a cada ano, e temos perdas por evaporação muito altas: chegam a 2 mil milímetros, quando a média pluviométrica do Ceará é de 800 milímetros”, compara.
Oliveira informou que, com o fim da quadra chuvosa deste ano no Ceará (período que vai de fevereiro a maio), a Cogerh elaborou cenários com medidas e decisões necessárias para manter o abastecimento humano e as atividades econômicas no estado, notadamente na região metropolitana de Fortaleza, altamente dependente da Bacia do Rio Jaguaribe (onde fica o Açude Castanhão), que hoje tem 20% menos de água nas torneiras.
Dos açudes monitorados pela Cogerh, sete são responsáveis pelo abastecimento da região metropolitana, entre os quais os três maiores reservatórios do estado: Castanhão (capacidade para 6,7 bilhões de m³ água); Orós (1,9 bilhão de m³); e Banabuiú, (1,6 bilhão de m³). De acordo com Orós é considerado reserva estratégica e estava sendo preservado, mas começou a ofertar água para o sistema da região agora em setembro. Atualmente, o Orós conta com 21% do volume útil. O Banabuiú, com 0,58% do total da capacidade, atende hoje somente a demanda local do município, a 220 quilômetros da capital.
Além da limitação da oferta de água para a região metropolitana, Oliveira ressalta as medidas destinadas a gerar novas reservas, como o reúso da água da lavagem dos filtros da Estação de Tratamento de Água Gavião (ETA Gavião), a perfuração de poços na região do Porto do Pecém (vazão estimada de 500 litros por segundo) e a construção de um açude no Rio Maranguapinho, que deverá contribuir com 200 litros de água por segundo.
“Temos condições de chegar à próxima quadra chuvosa com essas ações. Já estamos traçando cenários para o primeiro semestre de 2017 considerando o menor aporte hídrico. Vamos ver o comportamento das chuvas, mas já levamos em conta esses cenários para ver como será a operação dos reservatórios”, diz Oliveira. Ele destaca que as decisões são tomadas a partir de debate com os 12 comitês das bacias hidrográficas do estado, dos quais seis envolvem mananciais que abastecem a região metropolitana.
Em abril de 2015 já se formavam manchas escuras de colônias de algas no baixo São Francisco.
Está marcada para as 10h do próximo dia 12 de setembro, em Brasília (DF), nova reunião na sede da Agência Nacional de Águas (ANA), para discutir os efeitos da vazão reduzida do rio São Francisco nos reservatórios de Três Marias, em Minas Gerais e Sobradinho, na Bahia. No ultimo encontro, realizado na segunda-feira (29.08), ficou definido o aumento da defluência em Três Marias, para o patamar de 430 metros cúbicos por segundo (m³/s).
Na reunião de monitoramento dos impactos provocados pela vazão reduzida, a expectativa é que o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) emita um posicionamento oficial sobre o pedido do setor elétrico, que pretende reduzir a vazão do nível atual, de 800 m³/s, para 700 m³/s, a partir do reservatório de Sobradinho. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, deverá acompanhar a reunião no escritório do colegiado, em Maceió (AL), através de videoconferência.
Desde 2013, a bacia do rio São Francisco enfrenta condições hidrometeorológicas adversas. E apesar das chuvas registradas no início do ano, quando a expectativa era de que a situação se revertesse, a realidade é outra. Depois do período chuvoso, as condições voltaram a ficar desfavoráveis. Por esse motivo, o setor elétrico solicitou a redução da vazão do rio desde então. Com isso, defluência vem sendo reduzida gradativamente, chegando ao patamar atual, de 800 m³/s. Por esse motivo, a ANA promove reuniões recorrentes para avaliar os impactos da medida aplicada na bacia do chamado rio da integração nacional.
A lâmina d’água no reservatório de Sobradinho alcançava, ontem, 1º, apenas 14,44%. Ainda temos no mínimo 60 dias de estio e esta situação deve se agravar seriamente se não chover em novembro. Se o reservatório entrar no volume morto, a vazão que se debate agora, de 700 m³, cairá para perto de zero.
Edwirges Nogueira – Correspondente da Agência Brasil
Todas as ações necessárias para a revitalização da Bacia do Rio São Francisco devem demandar um investimento de cerca de R$ 30 bilhões. A estimativa consta do caderno de investimentos do novo plano gestor de recursos hídricos da bacia do rio, que está sendo finalizado este mês pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF).
Transposição do Rio São FranciscoDivulgação/Ministério da Integração Nacional
A discussão em torno da revitalização do Velho Chico tomou impulso na última semana a partir do lançamento do plano Novo Chico. O presidente em exercício Michel Temer assinou decreto que remodela o Programa de Revitalização da Bacia do Rio São Francisco, instituído em 2001 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Na último dia 15, a Câmara Técnica do programa fez a primeira reunião e criou grupos de trabalho para detalhar as ações e os custos. Durante o encontro, o ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, disse que as intervenções devem custar cerca de R$ 7 bilhões em um período de 10 anos.
A apresentação do plano de ação decenal está previsto para daqui a 90 dias, mas antes desse prazo, já em setembro, o comitê deverá lançar o plano gestor da bacia, que também tem um horizonte de 10 anos. O presidente do comitê, Anivaldo Miranda, acredita que o documento vai antecipar a definição das primeiras decisões do comitê gestor e da câmara técnica.
“Nesse plano, fizemos um diagnóstico e identificamos cenários atuais e futuros para a demanda hídrica até 2035 e definimos também eixos de atuação, metas e prioridades. Vamos oferecer o plano como contribuição. A partir daí, o programa da revitalização poderá economizar tempo e dinheiro e partir para estabelecer quanto será gasto a cada ano.”
Segundo o vice-presidente da CBHSF, Wagner Soares Costa, o novo programa de revitalização cria mecanismos que permitem ter maior controle das ações. “A grande novidade foi a criação do comitê gestor, que vai estabelecer o monitoramento das ações em implantação. Hoje, o que se sabe é que há muitas ações inacabadas e não iniciadas. O que se quer daqui para frente é que a ação comece, se desenvolva e tenha um término com data definida. Com isso, se materializa o resultado esperado da ação.”
Na lista dessas ações anteriores, estão obras de esgotamento sanitário e de abastecimento de água, que somam investimentos de R$ 1,1 bilhão. O plano Novo Chico absorveu essas obras e colocou a estimativa de término delas para 2019.
Segundo o presidente do comitê, os R$ 30 bilhões em investimentos para a recuperação da bacia do São Francisco deverão ser a soma de todos os recursos destinados pelos governos federal, estaduais e municipais e também pela iniciativa privada.
“O programa da revitalização não pode ser entendido como programa do governo federal, mas como programa da União, dos estados da bacia, das prefeituras e inclusive da iniciativa privada. É um novo programa que tem que envolver toda a sociedade, todos os usuários da água e todo o Poder Público num esforço conjunto para vencer esse desafio.”
De acordo com Costa, o levantamento das ações necessárias para a revitalização do Rio São Francisco envolvem, entre outros, a recuperação de áreas degradadas, a recomposição de matas ciliares e a implantação de saneamento básico em todos as cidades que compõem a bacia do rio (são 507, no total).
Além do saneamento, ele aponta que é prioritário recuperar áreas degradadas para que voltem a absorver águas pluviais. Com isso, haveria uma recarga dos lençóis freáticos e a melhora das nascentes. A Bacia do Rio São Francisco envolve os biomas da Caatinga, da Mata Atlântica e do Cerrado. Para o vice-presidente da CBHSF, essa questão faz parte de uma nova visão sobre os recursos naturais.
“Um dos motivos da degradação sempre é a antropização, com a ocupação do solo de maneira desordenada. Para degradar, nós gastamos muito dinheiro. Para recuperar, teremos também que gastar muito dinheiro, pois tivemos uma mudança no sentido econômico do uso dos bens naturais. De 20 anos para cá, essa conscientização veio mais forte e está sendo transformada em ações para que tenhamos os resultados de recuperação.”
Nesse sentido, ele indica que a iniciativa privada, onde estão alguns dos grandes usuários das águas do São Francisco, participem de perto do plano de revitalização do rio.
Conceito
Neste primeiro momento de funcionamento do programa, Anivaldo Miranda alerta para a necessidade de se firmar um conceito de revitalização. Para ele, é preciso tomar cuidado para não confundir oferta com demanda de água.
“Revitalização tem que ser entendida nesse momento como um conjunto de investimentos cujo foco é oferta de água, de melhorar a quantidade e a qualidade da água. É claro que, ao fazer o programa de revitalização, é preciso compatibilizá-lo com outras agendas, como saúde, indústria e economia em geral. São agendas que avançam paralelamente, mas as agendas da revitalização precisam ser conceituadas de forma precisa.”
Dentre as atividades que demandam mais água do rio São Francisco, está a transposição, que vai levar água do Velho Chico para Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e uma parte de Pernambuco. Para Miranda, a obra é um motivo a mais para acelerar a revitalização, somado a expansão de outros projetos econômicos que vão exigir mais água do rio.
Em abril de 2015 já se formavam manchas escuras de colônias de algas no baixo São Francisco. A vazão precisou ser aumentada, na época, para evitar a proliferação das algas.
A polêmica da redução de vazão do rio São Francisco nas turbinas da hidrelétrica de Sobradinho para 700 m³/segundo continua. No ano que passou a vazão de 800 m³/s chegou a proporcionar o surgimento de grandes colônias de algas, prejudicando a retirada de água para tratamento e fornecimento nas redes de abastecimento nas cidades a jusante da barragem.
Ontem, a água acumulada no reservatório estava se aproximado de apenas 15%, segundo levantamento oficial.
A Agência Nacional de Águas (ANA) realizou reunião nesta segunda-feira (22) para avaliar os impactos da vazão reduzida no Rio São Francisco e enfrentou uma divergência envolvendo a vazão do rio.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) querem reduzir a vazão para 700 m³ – atualmente, a vazão está em 800 m³, depois de reduzir sucessivamente do patamar de 1.300 m³ – mas o pedido não chegou a ser apresentado formalmente à ANA e ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Com o impasse, um novo encontro voltará a discutir o assunto na próxima segunda-feira (29), às 10h, por videoconferência. A dificuldade em decidir pela redução surgiu porque a seccional de Sergipe do Ibama interpôs argumentos contrários.
Baseado em trabalhos produzidos por pesquisadores de universidades federais, o órgão distribuiu um estudo que indica que a necessidade de aumentar a vazão para 900m³/s, para evitar a proliferação de algas na região.
O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Anivaldo Miranda, acompanhou a reunião no escritório do colegiado, em Maceió (AL). “Esse pedido, quando for formalizado, irá provocar muitos questionamentos, especialmente no Baixo São Francisco”, acredita Miranda.
O presidente em exercício, Michel Temer, assinou nesta terça-feira (9) decreto que institui o Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, com o objetivo de promover a recuperação do maior rio totalmente brasileiro e de seus afluentes.
Temer afirmou que o cuidado com o rio se trata de “imensa responsabilidade” do governo. Ele destacou ainda papel que o rio exerce na integração nacional e lembrou que diversos biomas dependem da preservação da bacia.
“Essa revitalização pode ser qualificada como uma imensa responsabilidade do governo, com o Legislativo, com o Tribunal de Contas, com todos os setores, especialmente os setores sociais do nosso País. Não é um exagero retórico, porque das nascentes hoje deterioradas da Bacia do São Francisco dependem porções do cerrado, da mata atlântica e da caatinga.
De suas águas, hoje, dependem milhares de pescadores, de milhões de espécies, muitas ameaçadas de extinção. Por isso que revitalizar o São Francisco é preservar a vida humana, a vida animal e a vida vegetal”, disse o presidente em exercício.
O programa prevê ações permanentes e integradas de preservação, conservação e recuperação ambiental. O objetivo é aumentar a quantidade e melhorar a qualidade da água em curso no rio para abastecimento humano, consumo animal, irrigação de plantações de pequenos agricultores e utilização pelos grandes empreendimentos agrícolas e industriais.
E, citando Guimarães Rosa, que em seu livro “Grande Sertão: Veredas” disse que “a travessia do rio marca a mudança de destino, a distinção entre a vida e a morte”, o presidente declarou, ainda, que o desafio que se impõe aos governos e sociedade é mudar o destino do próprio rio, tornando o Velho Chico “um novo Chico, cheio de vida para um novo Brasil”.
Pouca gente, entre os ribeirinhos e nordestinos, acredita na recuperação do Rio. Quem pode recuperar o rio é mesmo o tal de São Pedro, que depois de seis anos de poucas chuvas, providencie precipitações generosas para o “Rio da Integração Nacional”.
Ou como promete o pré-candidato Pintado (veja aqui), vamos fazer logo a transposição do Araguaia, Tocantins, Amazonas e, principalmente, do rio Nilo, valha-me nossa senhorinha de Fátima!
Na medição de ontem do Operador Nacional do Sistema hidrelétrico, o reservatório de Sobradinho estava apenas com 17,62% de sua capacidade, marchando célere para cortar o seu fluxo com o atingimento do volume morto.
Em apenas dois meses, de 1º de junho a 1º de agosto deste ano, o reservatório da Barragem de Sobradinho, o maior do Nordeste e o segundo maior do Mundo, localizado no Rio São Francisco, entre os municípios de Juazeiro, Casa Nova e Sobradinho, na Bahia, perdeu 10,52 pontos percentuais do seu volume útil de água. De 28,85% de acúmulo de água, que tinha em 01 de junho, estava,na última segunda-feira, com apenas 18,33%. A informação é da Tribuna da Bahia.
Segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS), o volume do reservatório já é de 18%. O reservatório de Três Marias está com pouco mais de 30%.
De novo, como no ano passado, o rio São Francisco vai agonizar até a chegada das primeiras águas, previstas para o mês de novembro. Se não chover cedo, entra no volume morto e as águas abaixo de Sobradinho ficarão estagnadas, comprometendo o abastecimento de mais de uma centena de cidades e a irrigação dos pequenos agricultores.
O reservatório de Sobradinho atingiu, ontem, 30% de sua capacidade total, com quantidade 50% maior de água acumulada que em abril de 2015. As chuvas em toda a sua grande área de drenagem, mais de 638 mil km² – equivalente a 8% do território brasileiro, basicamente em janeiro, contribuíram para o resultado positivo.
Espera-se que as famosas águas de março contribuam para o aumento do volume e da vazão do grande lago. A vazão natural média anual do rio São Francisco é de 2.846 metros cúbicos por segundo, mas ao longo do ano pode variar entre 1.077m³/s e 5.290m³/s
As águas da chuvarada que atingiram a Bahia durante quase todo o mês de janeiro finalmente começam a chegar ao grande lago da hidrelétrica de Sobradinho, que regula todo o fluxo do rio à montante até sua chegada ao mar. Ontem a leitura registrava que a represa estava com 9,9% de toda a sua capacidade. Com as chuvas previstas para fevereiro e os lençóis freáticos recuperados, é bem possível que o rio São Francisco chegue ao final da temporada de chuvas com uma posição melhor que em março de 2015, quando apresentava apenas 20% de sua capacidade.
No final de novembro o Velho Chico era apenas uma lembrança do poderoso rio da Integração Nacional. A represa de Três Marias tinha praticamente interrompido o seu fluxo e Sobradinho estava com apenas 1% acima do volume morto.
Atualmente, as chuvas de Minas Gerais proporcionaram que o reservatório de Três Marias atinja 22% de sua capacidade.
A hidrelétrica de Sobradinho tem potencial energético de gerar 58% de toda a energia hidráulica da Região nordeste. Atualmente os operadores ainda mantém a vazão mínima das turbinas, com 800 m³/segundo.
A vazão atual, de 800 metros cúbicos por segundo (m³/s) a partir do reservatório de Sobradinho (BA), deverá ser mantida, pelo menos, até o final de março. Esse foi o saldo de mais uma reunião realizada pela Agência Nacional de Águas (ANA) em Brasília (DF) nesta segunda-feira (25 de janeiro) e transmitida por teleconferência para os estados integrantes da bacia. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, participou das discussões a partir do escritório do colegiado, em Maceió (AL).
Durante a reunião, houve a informação, por parte dos técnicos da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), de que os últimos dias de chuva, registrados na bacia do Rio São Francisco, resultaram em uma precipitação de 120 milímetros (mm) acima da média histórica. Com isso, a previsão é de que o nível do reservatório de Sobradinho atinja o patamar de 4,8% e o de Três Marias (MG) chegue a 21%.
Conforme o estudo, o nível do reservatório mineiro poderá chegar a 28% enquanto o de Sobradinho deverá atingir até 8% no final de janeiro, ainda com perspectiva de alterações. Apesar dos números positivos, o setor elétrico alega que “não há motivo para alterar a defluência” dos reservatórios. Haverá nova reunião de avaliação dos impactos provocados pelas restrições de vazão na segunda-feira da próxima semana, 1º de fevereiro.
OUTORGAS
A demanda apresentada pelo presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, sobre as outorgas concedidas pela ANA para captação na bacia do São Francisco também foi discutida na reunião. O superintendente de Regulação de Outorgas da ANA, Patrick Thadeu Thomas, explicou que a montante de Três Marias a retirada outorgada é de 58,1 m³/s, sendo a indústria a principal usuária, e a jusante, entre Três Marias e Sobradinho, de 106,2 m³/s, com a predominância de retirada outorgada para atender à irrigação.
Entre Três Marias e Sobradinho, a relação entre disponibilidade e demanda de água por trecho, levando-se em conta uma vazão defluente de 150m³/s e uma demanda de 37m³/s, representa cerca de 25% da disponibilidade. Já a jusante de Sobradinho – segundo o representante da ANA – essa disponibilidade, considerando a vazão defluente de 800m³/s e uma demanda total de 66m³/s, é de apenas 8,3%. Em outras palavras, o representante da agência federal tentou demonstrar que o problema do rio não está na defluência praticada. “Há água suficiente para garantir os usos múltiplos”, garantiu ele. Segundo Patrick Thomas, o problema está na variação de nível do rio.
Anivaldo Miranda, depois de relembrar que o levantamento das outorgas foi demandado tendo em vista que a Chesf e ANA chegaram a falar de hipotéticos cenários dramáticos de vazões de até 500m³/s a jusante de Sobradinho, o que justificava a demanda do Comitê, chamou a atenção para a ausência, no levantamento, de uma avaliação, ainda que aproximada, das vazões não outorgadas e retiradas clandestinas na calha principal e afluentes. Alertou também para a ausência de uma análise que levasse em conta não somente a relação de quantidades de água, mas também a relação entre quantidade e qualidade mínima requerida para as águas da bacia, principalmente em situações críticas extremas.
No final da reunião, o presidente da ANA, Vicente Andreu, declarou que a hipótese de uma vazão de 500m³/s só foi aventada enquanto parâmetro para a consecução, pelo Ministério da Integração, de obras complementares de captação definitivas para todas as situações críticas. Andreu assegurou não haver ainda nenhum estudo para estabelecer uma vazão nesse patamar, como chegou a ser ventilado em reunião anterior.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) é um órgão colegiado, integrado pelo poder público, sociedade civil e empresas usuárias de água, que tem por finalidade realizar a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos da bacia, na perspectiva de proteger os seus mananciais e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável. A diversidade de representações e interesses torna o CBHSF uma das mais importantes experiências de gestão colegiada envolvendo Estado e sociedade no Brasil.
O reservatório da hidrelétrica de Sobradinho subiu, antes de ontem, 20, para 3%. A vazão do rio era de apenas 1.440 m³ por segundo, enquanto que na região mineira já era de 3.550 m³/s. Isso significa, que alimentado pelas fortes chuvas no Oeste baiano, dentro de uns 10 dias o Velho Chico poderá até multiplicar por 2 ou 3 a sua vazão. Segundo fontes, a “cheia” ainda não tinha chegado, ontem, na foz do Rio Grande, na Barra.
As fotos mostram como o Rio Grande retomou antigos territórios nos baixios de Barreiras. As imagens são de Karla Kimura, publicadas em redes sociais.
Imagem de satélite de ontem, com chuvas concentradas em todo o Nordeste, especialmente no Oeste baiano.
Maior reservatório do Nordeste, a Barragem de Sobradinho passa por uma das piores secas da história, que afeta a geração de energia elétrica, o abastecimento dos municípios da região e preocupa agricultores que dependem da água da barragem para a irrigação da produção de frutas.
Nessa segunda-feira (16), o nível da barragem atingiu 2,5% do volume útil, o mais baixo da história. Esse número vem caindo dia a dia. No dia 10 deste mês, por exemplo, estava em 2,9%. O nível mais baixo havia sido registrado em novembro de 2001 (5,46%).
“A barragem de Sobradinho é usada para tudo. A nossa principal preocupação sempre foi fazer com que a água do reservatório atenda às necessidades no maior tempo possível. Mas, hoje, estamos dependendo da chuva”, disse o diretor de Operações da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), José Aílton de Lima.
A previsão é que entre o fim de novembro e início de dezembro a barragem atinja o volume morto – reserva de água abaixo do ponto de captação. Isso significa a parada total de geração de energia na hidrelétrica. Inaugurada em 1979, a represa de Sobradinho tem capacidade de armazenar 34,1 bilhões de metros cúbicos de água e corresponde a 58% da água usada para a geração de energia no Nordeste.
Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), não há, no entanto, risco de racionamento no Nordeste, pois é possível usar fontes alternativas – como térmicas -, e transferir energia de outras regiões. O órgão diz ainda que os reservatórios da Bacia do São Francisco estão sendo operados prioritariamente para outros usos da água que não a geração de energia.
Para manter mais água na represa, a Agência Nacional de Águas (ANA) determinou a redução da vazão de Sobradinho para 900 metros cúbicos por segundo (m³/s). A ANA estuda reduzir a vazão para 800 m³/s. “Se tivéssemos mantido a vazão em 1.300 m³/s, o reservatório hoje já estaria seco. Agora, vai ser preciso reduzir ainda mais. Ninguém quer que reduza, mas toda a população da região deve poupar água”, diz Aílton de Lima.
Irrigação
A produção de frutas também pode ser prejudicada diante da possibilidade de racionamento no Distrito de Irrigação Nilo Coelho, o maior das áreas irrigadas. Entre Pernambuco e a Bahia, o projeto tem produção anual de R$ 1,1 bilhão. Mais de 2 mil empresas, entre pequenas e grandes produtoras, usam o sistema.
“A previsão é que até o fim do mês a gente chegue a uma cota em que não seja possível mais captar água. Algumas culturas, como a uva, não sobrevivem durante muito tempo sem a irrigação. Se isso acontecer, os prejuízos serão milionários. Além disso, mais de 130 mil pessoas usam esse sistema para consumo”, afirma o gerente executivo do Distrito de Irrigação, Paulo Sales.
Para permitir o aproveitamento da água, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), ligada ao Ministério da Integração, iniciou em setembro obras de instalação de bombas flutuantes e a construção de um canal de captação. A conclusão da obra, que deve custar em torno de R$ 30 milhões, está prevista para dezembro.
“O grande problema é o tempo. Esse sistema de bombas flutuantes já deveria estar pronto. A gente espera ter nível de captação até lá. Mas se o volume para captação acabar antes, será desastroso”, afirma Sales. Todo o Vale do Rio São Francisco tem 100 mil hectares irrigados e produz 2 milhões de toneladas de frutas por ano.
Abastecimento
A seca também prejudica as comunidades do entorno da barragem de Sobradinho, que estão sendo abastecidas com caminhões-pipa. A falta de chuvas interfere ainda na criação de animais. Com o nível de Sobradinho tão baixo, as ruínas das cidades baianas de Casa Branca e Remanso, inundadas na época da construção do reservatório, estão visíveis.
Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Anivaldo Miranda, além das mudanças climáticas, houve falhas na gestão dos recursos hídricos na região. “Tivemos um amplo processo de crescimento de demanda pela água, ao mesmo tempo que aumentou o uso irracional, por ausência de implementação de instrumentos de gestão hídrica, de responsabilidade sobretudo dos governos dos estados que compõem a bacia”.
Segundo ele, desde 2013 se observava uma tendência de redução do nível dos reservatórios. Miranda diz que a crise da falta de água se estende por toda a Bacia do São Francisco. “Precisamos avançar para um pacto das águas, onde haja convergência de interesses e de tarefas entre os estados da bacia, o governo federal, os usuários e a sociedade civil, para construir a sustentabilidade de uma área que é das mais vulneráveis e importantes do Brasil”.
O rio São Francisco está gerando menos de 10% da potencia hidrelétrica instalada ao longo do rio. Sobradinho caiu de 5% e no final de novembro deve entrar no volume morto, parando por completo a geração de energia. A energia do Nordeste está sendo sustentada pelas eólicas e pela energia gerada a óleo diesel ou fuel oil.
Em contrapartida, sobra água em Itaipu, no rio Iguaçu e no rio Jacuí, que estão quase com 100% de sua capacidade de geração. O Nordeste tem potencial para 51 gigawatts mês, enquanto o Sul, excetuada a geração de Itaipu, que atende também o Paraguai, é de apenas 14 gigawatts/mês.
Licença de Operação segura Belo Monte
O início da operação da hidrelétrica de Belo Monte , no Rio Xingu, no Pará, foi adiado pela segunda vez, em razão dos atrasos no chamado Sítio Pimental, a primeira usina do complexo prevista para entrar em atividade.
O contrato de concessão de Belo Monte prevê que a geração de energia deveria começar em 28 de fevereiro de 2015. A Norte Energia, consórcio responsável pela obra, não conseguiu cumprir o prazo, que foi adiado para novembro de 2015.
Na quarta-feira (28), o consórcio informou oficialmente que o prazo de novembro será descumprido e, portanto, o início da operação da usina, maior projeto na área de energia elétrica no país, foi novamente adiado. A empresa não informou a nova previsão para que a primeira turbina seja ligada. O Consórcio aguarda licença de operação, não emitida pelos órgãos ambientais pelo descumprimento de obrigações de construção de novas vilas para os desalojados.
Nordeste vai sofrer pelo terceiro ano consecutivo
Em um país continental como o Brasil, enquanto o Sul sofre com chuvas constantes e enchentes, o Nordeste pode ver a seca se tornar cada vez mais severa na região, como noticiou o Accuweather. Como explicou o meteorologista, de dezembro a fevereiro, novamente o Nordeste passará por prolongados períodos de tempo seco.
Assim, outra estação de chuvas abaixo da média vai piorar a situação no país, o que poderá ser observado ainda na Colômbia e na Venezuela.
A estiagem que vem se intensificando e castigando a região já por muitos anos tem trazido resultados bastante severos, como a redução drástica dos reservatórios de água, do potencial das hidroelétricas, além de afetar o potencial produtivo de culturas importantes.
No Piauí, um dos estados da nova fronteira agrícola do Brasil – o MATOPIBA, os produtores ainda esperam por uma regularidade um pouco melhor das chuvas para iniciarem o plantio da safra 2015/16 de soja. Até este momento, como explica Marco Antônio dos Santos, agrometeorologista da Somar Meteorologia, “o plantio da soja e do milho nessa região e no Pará ainda continua sendo uma prática pouco arriscada, já que um novo período de estiagem ou chuvas muito irregulares está sendo previsto para o mês de novembro”.
Assim, o alerta do especialista é de que para regiões onde o clima segue essa padrão, a semeadura seja feita em solos que possam dar suporte às plantas durante esse novo período de escassez que está sendo esperado.
“Vamos torcer para que neste ano a distribuição de chuvas seja melhor do que no ano passado. Porque a quantidade de chuva é relativa, podemos tirar boas médias com 400 a 500 mm de precipitações, mas precisamos que ela venha bem distribuída, ao contrário do que aconteceu em 2014”, explica Altair Fianco, do Sindicato Rural do município piauiense de Uruçuí.
Pesquisadores da Universidade Federal do Sergipe descobriram uma bactéria resultante da poluição das águas que pode inviabilizar o abastecimento das populações ao longo do rio.
Clóvis Franco, doutor em biotecnologia da Universidade, afirma que as cianobactérias encontradas estão associadas ao surgimento de doenças neurológicas diversas, inclusive o mal de Alzheimer.
A mancha negra que surgiu no trecho sergipano, em maio deste ano, resulta de esgotos sem tratamento lançados ao longo do rio e de seus afluentes.
Com o inevitável corte no fluxo das águas do rio, prevista para o fim de novembro, principalmente pela entrada do grande lago de Sobradinho no volume morto, a grande evaporação e a mudança de temperatura das águas vai acelerar o problema.
O inexorável fim do São Francisco está próximo e a solução já não está ao alcance dos habitantes do Nordeste.
Nesta terça feira (20) a Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, atendendo requerimento do deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), realizou audiência pública com a participação dos ministros dos Transportes; da Integração Nacional; do Planejamento e o presidente da CODEVASF, para tratar da interligação do Rio Tocantins com o Rio São Francisco, objeto do Projeto de Lei nº 6569/13, aprovado por essa Comissão.
Segundo Gonzaga Patriota, autor desse Projeto de Lei, o trecho mais oneroso dessa transposição está no Estado de Tocantins, pois haverá necessidade de construção de canais e elevatórias, para conduzir a água, até transpor a Serra Geral de Goiás, na divisa do Estado de Tocantins, com a Bahia. Neste ponto, no Distrito de Garganta – BA, a água é despejada na nascente do Rio Preto, de onde segue por gravidade até desaguar na Barragem de Sobradinho, o maior reservatório artificial do planeta, num percurso de 523 km.
Esse primeiro trecho da integração do Rio Tocantins, com o Rio São Francisco, visa encontrar a menor distância para os canais e, a topografia mais favorável a ser vencida, até chegar aos contrafortes da Serra Geral de Goiás.
O ponto mais adequado para a captação na confluência do Rio Manuel Alves, afluente da margem direita do Rio Tocantins, o qual se encontra, em linha reta, a 61 km, à montante e ao sul, da cidade de Porto Nacional – TO.
A escolha desse local se prende ao fato do Rio Manuel Alves ter sua nascente no flanco oeste da Serra Geral de Goiás, próximo a nascente do Rio Preto, no flanco leste dessa serra. No traçado em linha reta de direção E-W, a distância do ponto de captação, na foz do Rio Manuel Alves, até a nascente do Rio Preto, é de 208 km.
Este traçado atravessa os cumes das Serras de Belo Horizonte e do Batista, com altitude de 680m, existindo alternativa, possivelmente mais viável, do ponto de vista econômico, que será contornar a cumeeira das serras, seguindo o leito do Rio Manuel Alves, cujas altitudes, no trajeto, vão variar de 260m a 450m.
Do oeste ao leste, ou seja, da foz do Rio Tocantins, até a divisa TO/BA, o Rio Manuel Alves atravessa os seguintes municípios, no Estado de Tocantins: Morro de São João, Apinajé, Natividade, Príncipe e Dianópolis.
Do ponto de captação até o encontro com as águas da Barragem de Sobradinho, o percurso total será de 733 quilômetros, assim distribuídos: 210 km do Rio Tocantins até o distrito de Garganta – BA; daí segue por graviddade no leito do Rio Preto, até a confluência com o Rio Grande, por 315 km; desse ponto, segue por 86 km, até desembocar no Rio São Francisco, na cidade deBarra – BA; desse ponto até a Barragem de Sobradinho, percorre-se 122 km.
Como referenciado anteriormente, apenas no primeiro trecho, correspondendo a 28,6% do percurso total, haverá necessidade de obras de engenharia, ou seja: 210 quilômetros para a adução e elevação da água, a 600m de altura, de modo a transpor a Serra Geral de Goiás, na divisa Tocantins/Bahia. Daí em diante, a água escoa por gravidade ao longo de 523 km, 71,4% da trajetória, atravessando a Chapada Ocidental da Bahia, geologicamente formada pelos arenitos do Grupo Urucuia, até seu destino final, na Barragem de Sobradinho.
A precipitação média anual na bacia do Rio Tocantins é de 1.600mm, estendendo-se os meses chuvosos de novembro a maio e os meses secos de junho a setembro, enquanto isso, a região semiárida do Rio São Francisco tem índices pluviométricos inferiores a 600mm anuais. A vazão média do Rio Tocantins é de 13.600m3/s e a do Rio São Francisco 2.846m3/s, esse, hoje, com menos de 800m3/s.
Admitindo-se uma retirada de 50m3/s, o impacto sobre a vazão média do Rio Tocantins é de 0,37%, mas representaria um acréscimo de 1,76% na vazão média do Rio São Francisco, dados obtidos de um trabalho elaborado cuidadosamente pelo geólogo João Moraes, que muito tem nos ajudado neste trabalho de interligação do Rio Tocantins ao Rio São Francisco, tudo conforme mapas de engenharia, anexos.
Gonzaga Patriota está confiante de que, após a aprovação do seu Projeto de Lei que dormia há 20 anos na Câmara dos Deputados e, agora, com esta audiência pública, onde ficará registrado o estado de emergência porque passa o Rio São Francisco (Sobradinho, o maior lago artificial do mundo, com apenas 6% de sua capacidade), o governo da presidente Dilma Rousseff autorize tocar a interligação do Rio Tocantins com o Rio São Francisco.
O Operador Nacional do Sistema (ONS) de energia no País deu o alerta: o reservatório de Sobradinho, que está com pouco mais de 5% da capacidade, deve entrar no volume morto no final de novembro. Isso significa que o rio vai cortar, interrompendo seu tênue fluxo d’água.
Um total de R$ 529 mil foi autorizado nesta quarta-feira (21) pela Secretaria de Infraestrutura Hídrica e Saneamento (SIHS) para dar início às ações de apoio aos municípios localizados às margens do Lago da Barragem de Sobradinho. Os recursos são destinados para a aquisição de equipamentos, identificação de pontos de captação de água e intervenções emergenciais em pequenos sistemas de abastecimento nas sedes municipais e seus distritos.
O diagnóstico emergencial já foi feito nas cidades de Barra, Bom Jesus da Lapa, Carinhanha, Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Paratinga, Pilão Arcado, Rodelas, Remanso, Sento Sé, Serra do Ramalho, Sítio do Mato, Sobradinho e Xique-Xique. O Lago de Sobradinho se encontra hoje com 5,59% do seu volume útil de armazenamento.
A previsão de chegada ao volume morto é no final do mês de novembro, quando o nível da água alcançará 5,45 bilhões de metros cúbicos, suficiente para garantir o abastecimento de água para consumo humano por mais 3 meses, até o retorno do período de chuvas.
Cerca de 240 mil empregos em mais de 120 mil hectares movimentam a economia na região do Vale do São Francisco, e parte desses empregos está cada vez mais ameaçada pela escassez de água no Lago de Sobradinho, devido à falta de chuvas. Na semana passada, o deputado estadual Eduardo Salles, ex-secretário de Agricultura da Bahia no governo Wagner, reuniu-se com o setor produtivo e lideranças da região, em Juazeiro, para tratar do assunto.
A grave situação em que se encontra o Lago de Sobradinho foi a maior preocupação manifestada pelos produtores e lideranças de trabalhadores da região. Hoje, o nível de Sobradinho, que já assustava ao chegar aos 20% da capacidade total há cerca de 15 dias, gira em torno de 18%. Para se ter uma ideia, na mesma época, no ano passado, o volume útil do lago era de 50%.
”Eu, que no início da minha vida profissional me especializei em irrigação e tive a oportunidade de conhecer e trabalhar em grandes projetos de irrigação em todo o Brasil confesso que nunca vi uma situação tão dramática. Os números são assustadores e as providências tem que ser imediatas”, salientou o deputado Eduardo Salles. Da Tribuna da Bahia, por Alex Ferraz, editado por este jornal.
A vazão do rio São Francisco voltou a ser reduzida para 1.000 m³ por segundo, após uma semana de prática de 1.500 m³/s. A medida provocou o deslocamento da mancha, identificada no leito do rio em meados de abril, para a encosta.
O primeiro efeito do problema aconteceu na captação de água para abastecimento humano, por parte da Companhia de Abastecimento de Alagoas (Casal), que suspendeu o serviço.
Toda a população da área ficou sem agua nas torneiras. “O que se observa é que, quando aumenta a vazão do rio, a água melhora. Quando diminui, o líquido fica escuro e com um cheiro forte”, explica um dos técnicos da Casal.
O reservatório de Sobradinho estava com apenas 21,71% de sua capacidade esta semana. Muito pouco para o final da estação chuvosa.
Após estar dois meses completamente seca, a nascente histórica do Rio São Francisco brotou novamente. Segundo o diretor do Parque Nacional da Serra da Canastra, Luiz Arthur Castanheira, o fato foi oficializado no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) nesta sexta-feira (28), mas ainda não se sabe o dia exato em que ocorreu o fenômeno. Até o momento foram registrados mais de 370 milímetros de chuvas na região. “O volume foi o suficiente para alimentar o lençol freático e brotar de novo a água da nascente”, afirmou o diretor do parque.
O Parque Nacional da Serra da Canastra
O Parque Nacional da Serra da Canastra situa-se no sudoeste de Minas Gerais, ao norte do Rio Grande – lago de Furnas e lago Mascarenhas de Morais e protege, principalmente, o bioma Cerrado.
Criado em abril de 1972, a Unidade de Conservação tem 200 mil hectares e preserva as nascentes do rio São Francisco e vários outros monumentos. O Parque possui variada beleza cênica e conta com grandes paredões de rocha onde existem várias e bonitas cachoeiras. Esse tipo de paisagem atrai adeptos dos esportes de aventura e do turismo contemplativo, entre outros, o de observação de aves silvestres.
Os pontos mais procurados são a nascente do rio São Francisco, a parte alta da Casca D’anta, primeira cachoeira do Rio São Francisco com 186 metros de altura, e sua parte baixa. Há piscinas de água muito fresca na parte superior, antes da queda, e um mirante. O parque é um divisor natural de águas das bacias dos rios São Francisco e Paraná.