Festa pela Copa contrasta com clima de “terror” em atos golpistas pelo país.

Por Matheus Pichonelli, para o Yahoo notícias.

BRASILIA, BRAZIL - NOVEMBER 15 : A woman holds a flag as supporters of Brazilian President Jair Bolsonaro take part in a demonstration against the results of the runoff election, in front of the Army headquarters in Brasilia, Brazil on November 15, 2022. Many Brazilians convened in front of army headquarters in Rio de Janeiro, Brasilia, and other cities, demanding the military intervene to prevent leftist president-elect Luiz Inacio Lula da Silva taking power next year. (Photo by Mateus Bonomi/Anadolu Agency via Getty Images)
Foto: Mateus Bonomi/Anadolu Agency (via Getty Images)

Nas camadas de festividades que tomam conta do Brasil às vésperas da estreia de sua seleção na Copa, um outro país emerge em suas camadas mais profundas.

Enquanto os olhos da audiência seguem atentos ao que acontece e o que não acontece no Qatar, os atos golpistas que tomaram as estradas brasileiras ao fim das eleições desafiam a segurança nacional.

As manifestações promovidas por bolsonaristas inconformados com a vitória de Lula (PT) estão cada vez mais violentas, com direito a destruição de veículos e bloqueio de estradas. Polícia Rodoviária Federal.

A estratégia lembra a de grupos terroristas, segundo a definição da PRF em Santa Catarina, onde ao menos 30 bloqueios foram registrados. Pregos, pneus queimados, rojões, óleo esparramado e até bombas caseiras foram usadas pelos criminosos.

Em Mato Grosso, foram presos, no início da semana, dois homens suspeitos de atearem fogo em ao menos três carretas que ousaram furar um bloqueio. Um dos detidos é um produtor rural com quem a polícia encontrou armas e R$ 10 mil em dinheiro, além de galões com gasolina e isqueiro.

Ele e um comparsa são suspeitos de SEQUESTRAR um funcionário da Via Brasil BR-163 antes de invadir a rodovia e botar fogo nos veículos.

Pelo visto, o bloqueio das contas de 43 acusados de financiarem os atos antidemocráticos são só a ponta do trabalho em forma de iceberg que Alexandre de Moraes e companhia terão até a posse.

Para surpresa de ninguém, os inimigos da democracia estão por toda parte – e mais perto do que as autoridades imaginam.

Os atos coincidem com o silêncio irresponsável de Jair Bolsonaro (PL) desde sua derrota em 30 de outubro. Ele submergiu e deixou um país inteiro a especular as razões do sumiço. Tristeza? Saúde debilitada? Desmotivação? Ou estaria apenas conspirando?

Segundo a colunista do UOL Thaís Oyama, não tem dia que o (ainda) presidente não telefone para o chefe de seu partido, Valdemar Costa Neto, para pedir que ele tome alguma medida judicial para contestar o resultado das eleições.

O sumiço deixa em compasso de espera parte dos manifestantes que praticamente deixaram a vida de lado à espera de uma palavra do líder das mobilizações. Sem nenhum sinal, muitos assumem o papel de profetas que sobem nos caixotes das vias públicas para anunciar que o fim está próximo e que ele, o mito, está voltando e terá notícias em breve. Mas o anunciado fim do mundo não acontece – para muitos, está sendo apenas adiado, e é melhor esperar.

Não falta quem já tenha apelado até a extraterrestres. Casos como este, registrado em Porto Alegre (RS), provocam gargalhadas e alimentam a fábrica de memes numa esteira industrial chamada Twitter.

Mas é bom não desprezar a periculosidade dos atos.

Principalmente quando a narrativa de que “em breve haverá novidades”, um clássico para manter a militância mobilizada à espera do nada, parte de um ministro do Tribunal de Contas da União.

Em mensagem de voz enviada a amigos, Augusto Nardes disse que “é questão de horas, dias, no máximo, uma semana, duas, talvez menos do que isso” para que aconteça um “desenlace bastante forte na nação, imprevisíveis, imprevisíveis”.

Se ele sabe de alguma coisa, seria bom que viesse a pública explicar – já que esses desenlace pode ser um atentado contra a democracia brasileira. Um crime, portanto.

Apertado, Nardes disse, por meio de uma nota, que “lamenta profundamente a interpretação que foi dada sobre um áudio despretensioso gravado apressadamente e dirigido a um grupo de amigos” e logo em seguida se licenciou do cargo. Deveria ser afastado em definitivo.

Demorou para que gente como ele seja formalmente acusada de alimentar um barril de pólvora que já explode no país em forma de violência.

Na segunda-feira, um padre de 63 anos foi encontrado morto, com um corte profundo no pescoço, em Guaíra, no interior do Paraná. O pároco, José Aparelho Bilha, vinha se queixando de ameaças recebidas em sua cidade por declarar voto em Lula.

Pega fogo o cabaré: Sara Winter detona Bolsonaro e revela suas loucuras

Malafaia, Olavo de Carvalho, Frederik Wassef, Allan Cara-de-Cavalo Terça Livre e agora Sara Winter. Os terroristas de Bolsonaro agora, nesta fase “Bozinho paz-e-amor com o Centrão”, estão se voltando contra o chefe da quadrilha. Veja na próxima temporada, com muitos episódios, de “Enterrando o Brasil”.

Neste domingo (04), a extremista Sara Winter utilizou suas redes sociais para comentar sobre a orientação do governo Jair Bolsonaro.

Em publicação no Facebook, ela afirmou que ‘a orientação é exonerar todos os que tiveram contato comigo do governo, afinal, a praga do Bolsonaro não é a esquerda, é a loirinha que causou tentando defendê-lo’.

Ela ainda disse que é a filha que Damares abortou e que está cansada de ficar calada enquanto vê ‘o governo que dei minha vida enfiar uma piroca no meu cu’.

Leia íntegra do texto escrito por Sara:

“Políticos e instituições de mais de 13 países estão me procurando para perguntar o que diabos está acontecendo com Bolsonaro.

Por mais que para os brasileiros eu seja uma Zé ninguém, saindo daqui sou MUITO respeitada e prestigiada no cenário político latinoamericano.

Eu simplesmente já não sei mais o que responder pra essas instituições (diga-se de passagem, mais de 500).

Tanto tenho influência na América Latina, que em fevereiro desse ano, membros do Itamaraty me convidarem pra reuniões, de modo a tratar de sempre estar alinhada com o discurso do presidente, para não cometer nenhuma gafe ou complicações internacionais.

Infelizmente, quando cheguei da minha última turnê internacional de palestras e assessorias (Guatemala, El Salvador e México), os ministérios já estavam fechados por conta do coronavírus, logo as reuniões nunca aconteceram.

E agora? Qual a orientação do governo pra Sara Winter?

Aaaah, nenhuma né? Aliás, a orientação é EXONERAR TODOS os que tiveram contato comigo do governo, afinal, a praga do Bolsonaro não é a esquerda, é a loirinha que causou tentando defendê-lo.

Sim, senhores, estão exonerando todos os que já tiveram contato comigo, a começar pelo Ministério da Damares.

Estou cansada. Cansada de ficar calada enquanto vejo o governo que dei minha vida enfiar uma piroca no meu cu.

Damares? Eu sou a filha que Damares abortou.
O ofício que meus advogados protocolaram no Ministério dos Direitos Humanos no dia 17 de Junho sobre a prisão política está jogado lá, nem olharam, tampouco responderam.

Durante os poucos meses que lá trabalhei fui PROIBIDA DE FALAR A PALAVRA “pró vida” dentro da Secretaria da Mulher. Eu fui exonerada, mas as feministas continuam lá a todo vapor. Pq? Até hoje não sei. Não sei responder isso pra vcs. Mas sei dizer que quando chegava uma indagação de movimentos abortistas e até de maconheiros, nós éramos pressionados a responder antes do prazo, pra, sabe como é… não deixar a oposição bravinha conosco.

Bolsonaro? Que inveja eu tenho do Toffoli. Ele pelo menos ganhou um abraço do Bolsonaro.

O que vcs viram do acampamento não foi a ponta do iceberg.

Vocês sabiam que General Heleno me convocou ao Planalto pra COMER MEU CU, dizendo que jornalistas da Época, da Folha, do UOL, estavam mandando e-mails se queixando de que nós, os 300 do Brasil éramos hostis com eles??

Isso mesmo, queridos: General Heleno me proibiu de gritar com a imprensa, de mandá-los embora, de gritar “globo lixo”. Pq, né… coitadinho dos jornalistas que fodem a vida do Bolsonaro todo dia. Eles precisam trabalhar, dona Sara! Não os incomode mais.

Fomos “aconselhados” por deputados da base aliada a não falar mais um ai do Maia ou do STF, pra não atrapalhar, claro.

Obedecemos. Obedecemos de boca calada às poucas broncas que nos eram dadas.

Chegou uma hora que não entendíamos o que estava acontecendo, mas a gente pensava “Deixa ele, ele é estrategista”.

Não reconheço Bolsonaro. Não sei mais quem ele é. O homem que eu decidi entregar meu destino e vida para proteger um legado conservador.

Porque estou escrevendo isso? Pq não aguento mais. Não aguento mais.

Tanta gente fala que sou infiltrada. Talvez eu devesse virar feminista de novo. Feminista, puta, petista, sei lá. Assim pelo menos eu teria atenção do governo, teria sua estima, teria meus direitos reestabelecidos.

Acorda Bolsonaro. Já tá bom de dar surra em quem gosta de você.

E não me venham falar de virar a casaca. O que eu quero é um Brasil livre do comunismo, do aborto… e pelo visto, esse sonho morreu com a minha última vontade de reagir a vida.

Aprendam: nem no governo Bolsonaro existem direitos humanos para os conservadores.

E é isso. É isso que vou contar pra qualquer um fora do Brasil que me perguntar: estou vivendo pela vontade de fazer justiça com todos os que estão presos por defender Bolsonaro. Mas não posso mais contar com ele, pois infelizmente, por “estratégia” se tornou parte do establishment.

Saudades Coronel Ustra “não faço acareação com comunista”.

Obs: eu não quero atirar no Bolsonaro. Eu quero menos “estratégia” e mais conservadorismo.”

Editado pelo DCM